Brasil

Filósofa Judith Butler é alvo de discurso de ódio em aeroporto de SP; vídeo

Abordagem agressiva foi filmada pelos manifestantes e publicada em rede social

postado em 10/11/2017 20:36

A filósofa Judith Butler foi novamente alvo de discurso de ódio no Brasil. Desta vez, ela foi abordada no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A americana foi alvo de várias acusações agressivas, mas não respondeu. Entre as ofensas, os manifestantes a chamaram de "assassina" e afirmaram que ela não era bem-vinda no país. Duas manifestantes estavam com placas com o rosto da filósofa com chifres desenhados e a perseguiram no aeroporto, gritando frases como "assassina de criança" e "destruidora de família".

A recepção agressiva à filósofa foi filmada por mais de 13 minutos por um manifestante e publicada no Facebook. No vídeo, é possível ver que algumas pessoas ainda tentaram defender a filósofa e uma delas chegou a fazer um boletim de ocorrência por injúria racial, pois se ofendeu com a atitude de uma manifestante durante a discussão. Mas, de acordo com a Polícia Civil, não houve prisão e nem agressão física.

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A participação da filósofa americana Judith Butler em um colóquio em São Paulo provocou, na última terça-feira (7/11), manifestações de críticos e de defensores da autora, referência mundial no estudo da teoria de gênero.


Cerca de 50 pessoas se reuniram atrás de um cartaz que dizia: "Não à ideologia de gênero". Usando megafones, muitos entoavam gritos de "Fora Butler", ou "após a ideologia de gênero, está a pedofilia e a zoofilia".

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[SAIBAMAIS]"Vim para proteger a família, tenho netos. Conheço o trabalho de Butler e não gosto. Ela quer acabar com a moral cristã da família. Corromper a mulher, a família, a sociedade", afirmou Anita Tanaka, aposentada de 70 anos.


Do outro lado da entrada do SESC Pompeia, onde acontece o colóquio, várias pessoas respondiam aos conservadores com cartazes que argumentavam: "Vergonhosa é a ignorância, obscena é a violência, imoral é a intolerância".
"Há uma onda conservadora, não só no Brasil, mas no mundo, e é preciso se levantar para não repetir antigos períodos históricos", disse Luis Nogueira, desempregado de 31 anos, que carregava uma bandeira antifascista.


Com bastante presença policial desde o início da concentração, os dois grupos estavam separados por uma faixa. Os conservadores reuniram mais de 366.000 s em uma petição na plataforma digital CitizenGO para cancelar as conferências da filósofa.


Esta é a segunda visita de Butler ao Brasil. A primeira, em 2015, repercutiu apenas no mundo acadêmico. Apesar da repercussão de suas pesquisas sobre a teoria de gênero, nenhuma das conferências da filósofa em São Paulo, na terça-feira e na quarta-feira, abordarão o assunto. Em vez disso, se concentrarão em temas relacionados à democracia e à sua crítica ao sionismo.

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