
Os jacarés da Pampulha já são velhos conhecidos da população belo-horizontina. Entretanto, um registro feito neste domingo (27/04) deixou os curiosos alarmados: o animal estava imóvel em meio ao lixo na beira da lagoa.
Nas imagens é possível ouvir pessoas questionando se o jacaré estaria morto, por estar de olhos fechados por um longo tempo. Também houve comentários sobre a situação do cartão postal de Belo Horizonte que recorrentemente gera reclamações sobre mau cheiro e poluição.
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Apesar da apreensão dos visitantes da lagoa, o vídeo ainda mostra que jacaré se mexeu, saiu do meio da sujeira e nadou para longe, gerando alívio para quem acompanhava a situação. Os registros foram feitos na altura do número 5.400 da Avenida Otacílio Negrão de Lima, no Bairro Bandeirantes. A aparição do jacaré atraiu várias pessoas, incluindo famílias e turistas.
Problema antigo
Se a movimentação do jacaré gerou alívio, o mesmo não se pode falar em relação à sujeira acumulada na Lagoa da Pampulha, que é um problema antigo da capital. Em junho de 2024 a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Prefeitura de Contagem, Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam-MG) e Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) discutiram a criação de um comitê gestor para as questões da represa.
Entretanto, conforme publicado pelo Estado de Minas em dezembro do ano ado, o problema persistiu e turistas reclamaram de entulhos e mau cheiro no local. Na época, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que realiza ações diárias para a manutenção e proteção da Lagoa e retira, em média, cinco toneladas de lixo flutuante por dia durante a estiagem, e 10 toneladas no período chuvoso.
Também foi informado que são realizadas ações contínuas de tratamento das águas do reservatório, a limpeza do espelho d’água e o desassoreamento, com a retirada anual de milhares de metros cúbicos de sedimentos do fundo do lago. Além disso, a istração municipal monitora o cumprimento de um acordo judicial pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), que prevê a coleta e o tratamento adequados de esgoto na Bacia da Pampulha.
Neste ano, uma outra ação foi implantada para lidar com o antigo problema da capital. No dia 4 de abril, a Lagoa da Pampulha recebeu quatro caravelas ecológicas que ficarão 'ancoradas' no local por três meses. A ideia é fruto de uma parceria da empresa Zurich Seguros e da Infinito Maré, que criou a Solução Baseada na Natureza (SbN), que promete monitorar e despoluir rios, baías, lagos, represas e outros corpos hídricos de água doce e salgada.
Por influência dos ventos e das correntes, enquanto as caravelas azuis giram em torno do próprio eixo, coletam dados sobre a qualidade da água e estimulam o crescimento de algas nativas, que através da captura de CO2 e de absorção de poluentes, como metais pesados e nutrientes em excesso, melhoram o processo de oxigenação da água.
Jacarés da Pampulha
A espécie encontrada na Lagoa da Pampulha é a Caiman latirostris, popularmente conhecida como jacaré-de-papo-amarelo. Embora considerada de pequeno porte, pode chegar a impressionantes três metros de comprimento.
O monitoramento desses animais começou oficialmente em 2017. Atualmente, há estimativas de cerca de 20 adultos e 11 filhotes vivendo na região. O acompanhamento é feito de forma visual, já que a instalação de localizadores exige autorização do Ibama.
A origem dos jacarés na Pampulha segue cercada de mistério. Há quem diga que foram introduzidos por moradores ou que escaparam do zoológico durante uma enchente. Mas, para muitos biólogos, a explicação mais plausível é de que eles já habitavam a região antes mesmo da construção da lagoa, nas décadas de 1930 e 1940.
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