
O fotógrafo Sebastião Salgado morreu, nesta sexta-feira (23/5), aos 81 anos, em Paris. Na mais recente entrevista, publicada nesta quinta-feira (22/5) pela Forbes, o artista destacou a trajetória e falou sobre a exposição que está em cartaz na França.
A exposição sobre os 50 anos de carreira de Sebastião Salgado está aberta até o dia 1º de junho no centro Les Franciscaines, na comuna sa de Deauville.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Em entrevista à Forbes, Salgado afirmou que ao ver a exposição foi como visitar a própria vida. Ele destacou que não é um artista e sim um fotógrafo e comentou sobre a missão profissional.
"Quando chegamos lá, fizemos um eio pela exposição. E, para mim, foi como fazer um eio pela minha própria vida. Eu tive o privilégio — porque é um privilégio — de ter podido ir a todos esses lugares. Às vezes, as pessoas me dizem: “Sebastião, você é um artista.” E eu respondo: “Não, sou fotógrafo.” Porque só os fotógrafos têm o direito de duvidar. Quando vamos a todas essas regiões do mundo, enfrentando todos os problemas e desafios que você pode imaginar, nos perguntamos: sobre ética, legitimidade, segurança. E cabe a nós encontrar a resposta, sozinhos", comentou.
Salgado também falou sobre questões humanitárias que registrou ao longo da vida e como certas situações o impactaram.
"Quantas vezes na minha vida eu pus a câmera de lado e sentei para chorar? Porque era dramático demais, e eu estava sozinho. Esse é o poder do fotógrafo: poder estar lá. Porque um jornalista pode obter informações de um lado ou de outro, montar um sistema que vai trazer a informação correta, mas ele não precisa estar presente. Um fotógrafo, se não estiver lá, não tem a imagem. Ele precisa ir até lá. A gente se expõe muito. Por isso, é um privilégio imenso. E, ao caminhar pela exposição, observando um pouco, é impressionante como viajei de volta no tempo, pela minha própria vida", declarou Salgado à Forbes.
Sebastião Salgado foi uma voz pela preservação da natureza e difusão e proteção dos Direitos Humanos. Junto com a esposa, Salgado fundou o Instituto Terra, que colaborou no reflorestamento da Mata Atlântica.