A creatina é um suplemento amplamente conhecido no mundo fitness, frequentemente associado ao ganho de massa muscular. No entanto, estudos recentes indicam que seus benefícios podem ir além do fortalecimento físico. Pesquisas emergentes sugerem que a creatina pode ter um papel significativo na melhoria da função cognitiva, especialmente em indivíduos com doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.
Um estudo piloto recente, publicado na revista Alzheimer’s & Dementia Translational Research & Clinical Interventions, explorou o potencial da creatina monohidratada em melhorar a cognição de pacientes com Alzheimer. Os resultados iniciais são promissores, mas ainda há um longo caminho a percorrer antes que a creatina possa ser recomendada como tratamento complementar para essa condição devastadora.
O que o estudo sobre creatina e Alzheimer descobriu?
O estudo investigou a viabilidade de pacientes com Alzheimer consumirem 20 gramas diárias de creatina monohidratada por um período de oito semanas. Durante esse tempo, os pesquisadores monitoraram a adesão dos participantes ao suplemento, bem como os níveis de creatina no sangue e no cérebro. Além disso, testes cognitivos foram realizados no início e ao final do estudo.
Os resultados mostraram que a maioria dos participantes seguiu o regime de suplementação de forma consistente, com um aumento significativo nos níveis de creatina no sangue e no cérebro. Mais importante ainda, os pacientes apresentaram melhorias em testes cognitivos, sugerindo que a creatina pode ter um efeito positivo na função cerebral.
Por que a creatina pode beneficiar pacientes com Alzheimer?
Ainda que o estudo não tenha investigado os mecanismos exatos, existem algumas teorias sobre como a creatina pode ajudar. O cérebro consome uma quantidade significativa de energia, e no Alzheimer, o metabolismo energético cerebral é drasticamente reduzido. A creatina desempenha um papel crucial no transporte de energia dentro das células, podendo, assim, melhorar a produção energética cerebral.
Além disso, a creatina pode ajudar a reduzir a inflamação e o estresse oxidativo, fatores que contribuem para a progressão do Alzheimer. No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender completamente esses efeitos e como eles podem ser aplicados no tratamento da doença.

Deveriam pacientes com Alzheimer usar suplementos de creatina?
Embora os resultados do estudo sejam encorajadores, ainda é cedo para recomendar a creatina como tratamento para Alzheimer. Especialistas, como o Dr. Amit Sachdev, diretor médico do Departamento de Neurologia da Michigan State University, alertam que ainda não há dados suficientes para apoiar o uso da creatina com esse objetivo.
O Dr. Clifford Segil, neurologista do Providence Saint John’s Health Center, também ressalta que a suplementação de creatina para a saúde cerebral ainda não é amplamente aceita. Estudos mais abrangentes e controlados são necessários para confirmar os benefícios potenciais da creatina no tratamento do Alzheimer.
O futuro da creatina no tratamento de doenças neurodegenerativas?
O potencial da creatina em melhorar a função cognitiva em pacientes com Alzheimer abre novas possibilidades para o tratamento de doenças neurodegenerativas. No entanto, é crucial que pacientes e familiares discutam qualquer mudança no regime de suplementação com profissionais de saúde qualificados.
À medida que a pesquisa avança, a creatina pode se tornar uma ferramenta valiosa no arsenal contra o Alzheimer, mas até lá, a cautela e a consulta médica são essenciais. O estudo atual é apenas o começo de uma investigação mais ampla sobre os benefícios da creatina para a saúde cerebral.