Os produtos químicos eternos, conhecidos cientificamente como substâncias per- e polifluoroalquil (PFAS), são compostos amplamente utilizados em diversos produtos do dia a dia. Eles são encontrados em itens como roupas repelentes de água, utensílios de cozinha antiaderentes e até mesmo em suprimentos de água potável. A preocupação com esses compostos tem crescido devido à sua persistência no meio ambiente e potenciais impactos à saúde humana.
Recentemente, cientistas europeus identificaram a presença de ácido trifluoroacético (TFA), um subproduto da degradação dos PFAS, em vinhos europeus. Este achado levanta preocupações sobre a contaminação de alimentos e bebidas, além dos já conhecidos riscos associados à água potável e outros produtos de consumo.
Como os PFAS afetam o meio ambiente e a saúde?
Os PFAS são compostos notoriamente persistentes, o que significa que não se degradam facilmente no meio ambiente. Isso resulta em sua acumulação em solos agrícolas e fontes de água, aumentando a exposição humana ao longo do tempo. Estudos indicam que a exposição a esses compostos pode estar associada a uma série de problemas de saúde, incluindo redução da fertilidade, aumento do risco de câncer e comprometimento do sistema imunológico.
Embora o TFA, um subproduto dos PFAS, não tenha sido historicamente considerado perigoso, pesquisas recentes sugerem que ele pode interferir na saúde reprodutiva. Essa preocupação levou a propostas de regulamentação mais rigorosa, como a classificação do TFA como tóxico para a reprodução por reguladores químicos na Alemanha.
Por que os PFAS estão presentes em vinhos?
Os níveis de TFA em vinhos europeus têm aumentado significativamente nas últimas décadas. Pesquisadores identificaram que vinhos produzidos após 2010 apresentam níveis mais altos de contaminação em comparação com aqueles fabricados antes de 1988. A principal fonte de TFA nos vinhos parece ser os pesticidas à base de PFAS usados na agricultura, que se acumulam no solo e podem degradar-se ao longo do tempo, liberando TFA.
Além disso, gases fluorados, conhecidos como F-gases, também contribuem para a formação de TFA. Esses gases são utilizados em refrigerantes e podem se decompor em TFA, contaminando o ambiente e, consequentemente, os produtos agrícolas.

O que está sendo feito para reduzir a exposição aos PFAS?
Governos ao redor do mundo estão tomando medidas para reduzir a exposição aos PFAS. Em 2020, o PFOA, um tipo de PFAS, foi banido globalmente. Tanto a União Europeia quanto os Estados Unidos têm se comprometido a combater a contaminação por PFAS. Nos EUA, por exemplo, o estado de New Hampshire proibiu ceras de esqui, prancha e barco que contenham esses compostos.
Além das ações governamentais, os consumidores podem adotar medidas para minimizar sua exposição aos PFAS. Isso inclui evitar o uso de utensílios de cozinha antiaderentes e limitar a compra de roupas resistentes a manchas e água. Optar por marcas que declaram ser livres de PFAS também é uma estratégia eficaz.
Como proteger-se dos PFAS no dia a dia?
Embora seja impossível evitar completamente os PFAS, algumas práticas podem ajudar a reduzir a exposição. Entre elas, está a escolha de produtos domésticos e alimentares que não contenham esses compostos. A conscientização sobre as fontes de PFAS e a busca por alternativas seguras são os importantes para proteger a saúde e o meio ambiente.
Adotar um estilo de vida mais sustentável, como reduzir o consumo de produtos industrializados e optar por alimentos orgânicos, pode contribuir para diminuir a exposição a esses produtos químicos persistentes. A educação e a informação são ferramentas poderosas na luta contra a contaminação por PFAS.