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Certa vez, os netos acuaram uma cobra no quintal do sítio, armados de pedras e pedaços de pau, e, ao perceber, o doutor Guarany soltou um berro de comando: "Alto lá, deixa eu ver que tipo de cobra é essa". </p><p class="texto">Ao examinar o réptil, ele sentenciou: "Não vão matar cobra nenhuma, seus bestalhões! Elas são predadoras de ratos. Vocês matam a cobra e, depois, a área vai ficar infestada de roedores". Foi uma lição inesquecível de ecologia.</p><p class="texto">O interessante é que fomos salvos duas vezes pelos ciclistas. Há alguns anos, um deles trafegava pela Ponte JK quando detectou uma falha na estrutura. Graças a esse olhar providencial, o problema foi sanado sem maiores transtornos. E, agora, quando ouvi a notícia de que a cobra piton havia sido solta por engano no mato, imaginei que, dificilmente, seria encontrada, e haveria prejuízo ambiental grande. </p><p class="texto">Não existe nenhum cão treinado treinado para caçar pitons ou qualquer aparelho para detectar a sua presença no meio do cerradão imenso. Mas, novamente, fomos salvos por um ciclista, que avistou a cobra em uma área de reserva ambiental, próxima ao Riacho Fundo, e jogou a imagem na internet. A identificação permitiu a improvável captura da píton.</p><p class="texto">Eu faço tai chi chuan, religiosamente e marcialmente, há mais de 30 anos. Acordo sempre, às 6h, para cumprir o ritual. Estava em meditação quando avistei uma cena surreal pela porta de vidro: uma revoada de penas brancas flutuava no ar. Aguardei alguns segundos para me certificar de que não sonhava. 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A recaptura da píton 6y4g2
Crônica da cidade

A recaptura da píton 3d3l64

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Uma equipe da Polícia Militar soltou, por engano, uma cobra píton, pensando tratar-se de uma jiboia. O acidente provocou apreensão nos biólogos e, por tabela, em todos nós. Porque a píton é uma asiática invasora, que não tem predadores e pode causar um enorme desequilíbrio ecológico. As espécies invasoras são consideradas a segunda causa da perda da biodiversidade no mundo. Como a internet ainda é uma terra sem lei, o tráfico de animais tem ocorrido com frequência e, algumas vezes, de maneira perigosa.

A história da píton me reacendeu a memória sobre um fato ocorrido no sítio do meu sogro, o doutor Guarany Cabral de Lavor, sertanejo cearense bravo, engenheiro agrônomo, que ganhou o apelido de "pai das árvores", nos tempos em que era chefe do Departamento de Erradicação e Podas da Novacap, em razão do desvelo com cuidava das plantas.

Ele morreu em 2015, com 100 anos, e não aparentava ser um velhinho frágil, sugerido pela idade. Antes de adoecer, sua voz ainda atroava para defender bichos e plantas. Certa vez, os netos acuaram uma cobra no quintal do sítio, armados de pedras e pedaços de pau, e, ao perceber, o doutor Guarany soltou um berro de comando: "Alto lá, deixa eu ver que tipo de cobra é essa".

Ao examinar o réptil, ele sentenciou: "Não vão matar cobra nenhuma, seus bestalhões! Elas são predadoras de ratos. Vocês matam a cobra e, depois, a área vai ficar infestada de roedores". Foi uma lição inesquecível de ecologia.

O interessante é que fomos salvos duas vezes pelos ciclistas. Há alguns anos, um deles trafegava pela Ponte JK quando detectou uma falha na estrutura. Graças a esse olhar providencial, o problema foi sanado sem maiores transtornos. E, agora, quando ouvi a notícia de que a cobra piton havia sido solta por engano no mato, imaginei que, dificilmente, seria encontrada, e haveria prejuízo ambiental grande.

Não existe nenhum cão treinado treinado para caçar pitons ou qualquer aparelho para detectar a sua presença no meio do cerradão imenso. Mas, novamente, fomos salvos por um ciclista, que avistou a cobra em uma área de reserva ambiental, próxima ao Riacho Fundo, e jogou a imagem na internet. A identificação permitiu a improvável captura da píton.

Eu faço tai chi chuan, religiosamente e marcialmente, há mais de 30 anos. Acordo sempre, às 6h, para cumprir o ritual. Estava em meditação quando avistei uma cena surreal pela porta de vidro: uma revoada de penas brancas flutuava no ar. Aguardei alguns segundos para me certificar de que não sonhava. Cheguei mais próximo à porta de vidro para contemplar melhor a cena, e o mistério se deslindou.

Um carcará depenava uma ave de penas brancas. A princípio, pensei em dar uma bronca. Mas, em seguida, me lembrei do personagem Américo Pisca-Pisca, de Monteiro Lobato. Do alto da empáfia, Américo entende que tudo na natureza está errado. Proclama que as abóboras deveriam florescer no alto das árvores, e as jabuticabas nas ramas rasteiras.

Certo dia, vai tirar uma soneca embaixo de uma jabuticabeira e cai-lhe uma frutinha na cabeça, provocando um tremendo susto. Logo, ele pensa: já pensou o estrago se as abóboras ficassem no alto das árvores? Ao rear a história, também desisti de fazer a reforma da natureza, nunca dá certo; ela constitui um sistema muito delicado, que a gente precisa conhecer e proteger.