
A causa da morte de Gilvana Sousa Silva, 46 anos, encontrada sem vida no último sábado em um terreno baldio na Boca da Mata, em Taguatinga Sul, permanece sem conclusão. Conforme determinam os protocolos, inicialmente as investigações seguiam a linha de feminicídio. Contudo, fontes policiais informaram ao Correio, que, após novas análises, os indícios de agressão percebidos inicialmente perderam a força.
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“Quando foi encontrado, o corpo estava em estado de decomposição, o que dificulta a perícia. Havia muitas marcas, mas é comum que apareçam nos estágios seguintes ao óbito”, explicou o policial, que destacou que a vítima era usuária de entorpecentes, o que faz com que outras possibilidades não sejam descartadas. O laudo que revelará a causa da morte deve ficar pronto nos próximos dias. A 21ª Delegacia de Polícia (DP), localizada em Taguatinga, é responsável por investigar o caso.
À reportagem, familiares próximos de Gilvana, que preferiram manter a identidade em segredo, contaram que a mulher era usuária de substâncias ilícitas há cerca de nove anos. “A gente não está pensando em nada, nós vamos aguardar o resultado da perícia. Tudo aconteceu de repente, a gente ainda nem consegue pensar direito.”
Abalados
Familiares e amigos ficaram chocados com a notícia do falecimento de Gilvana. Na casa em que ela morava há mais de 20 anos, que fica próxima ao local onde o corpo foi encontrado, o clima é de tristeza. A mulher vivia com os cinco filhos, sendo a caçula de nove anos, e com a mãe, uma idosa conhecida na região por ser catadora de recicláveis e por cuidar muito bem dos netos. Quando recebeu a notícia da morte da filha, a mulher ou mal e foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros militar do Distrito Federal (CBMDF).
Segundo um familiar, Gilvana era uma mulher saudável e trabalhadora, mas em 2016 conheceu um homem que era usuário de drogas, de quem acabou engravidando e, assim, deu à luz à filha caçula. Desde então, começou a usar as substancias ilícitas e, a partir daí, não conseguiu mais se livrar das drogas. “A gente tentou internar, mas ela não aceitava. Sempre sumia por dias e voltava de madrugada. Mas ela ainda conversava com a gente, fazia comida, escutava louvores, é muito complicado”, declarou.
Por meio das redes sociais, as filhas de Gilvana fizeram publicações em homenagem à mãe e lamentaram a partida. “Meu eterno amor... Eu nem sei o que dizer. Dessa vez, não tem texto. Sem palavras, minha rainha”, escreveu Martha Sousa. Outra filha, Dalila Sousa, publicou um conselho aos amigos: “Digam que amam, abracem! A gente nunca sabe quando é a última vez”, disse. Nos comentários dos posts, parentes, amigos e conhecidos prestaram condolências aos familiares da mulher.
Região perigosa
Segundo a polícia, a área em que Gilvana foi encontrada fica próxima a bocas de fumo — lugares onde se vende drogas. Ao Correio, pessoas que moram na região confirmaram a informação e, por isso, preferiram não se identificar. “Aqui é perigoso demais, sempre foi assim, é comum ter brigas e, às vezes, até mortes”, contou um morador, enquanto trancava os portões da residência.
Os conhecidos da vítima afirmaram que ela era uma boa pessoa, de muitas amizades. “Eu conhecia ela há mais de 20 anos. Quando meu filho era criança, antes dele morrer por causa de um problema no coração, ela sempre comprava biscoito recheado para ele. A gente gostava demais dela e ela gostava muito da gente. Mas, infelizmente, entrou nesse mundo, agora foi levada naquele carro do IML (Instituto Médico Legal) e nunca mais vai voltar”, disse um amigo, com os olhos marejados.
Até o fechamento desta matéria, não havia informações sobre o velório.