Entrevista | RAFAEL BUENO

Soja e fruticultura estão em alta, diz secretário de Agricultura do DF

Safra 2024/2025 do grão está batendo recordes devido a fatores climáticos e ao investimento dos produtores. Produção de mirtilo, apesar do alto custo de implantação, tem crescido com subsídio do governo local, que doou mais de 20 mil mudas da fruta

CB Agro recebe Rafael Bueno, secretário de Agricultura do DF  -  (crédito: Ed Alves CB/D.A.Press)
CB Agro recebe Rafael Bueno, secretário de Agricultura do DF - (crédito: Ed Alves CB/D.A.Press)

O governo do Distrito Federal espera aumentar a produção de soja em 8% neste ano, segundo o secretário de Agricultura do Distrito Federal, Rafael Bueno, entrevistado desta sexta-feira do programa CB.Agro, parceria entre Correio Braziliense e TV Brasília. Aos jornalistas Carlos Alexandre e Roberto Fonseca, o chefe da pasta informou que a safra de 2024/2025 foi de recordes na colheita.

Como foi a colheita de soja no DF?

Este ano, a safra 2024/2025 está sendo de recorde surpreendente. Diferentemente da safra 2023/2024, quando tivemos um deficit hídrico, períodos longos sem chuva e alguns momentos de chuva em excesso. Estamos experimentando uma situação inédita. A média de produtividade aqui no DF, falando em sacas, girava em torno de 60 a 70 de soja por hectare. Neste ano, estamos observando uma colheita na faixa de 80 a 85 sacas, mas algumas propriedades estão chegando a 95 sacas por hectare. Reconhecemos que não é só um trabalho do clima, mas também o investimento do produtor em tecnologia, em genética da soja, o uso racional dos defensivos e o plantio direto e de precisão.

Como funciona a precificação da soja e quais são os principais mercados da soja no DF?

Usamos o preço de exportação mais o frete. Como o DF está em uma zona mais avançada e próxima ao porto do que, por exemplo, o Mato Grosso, o preço da saca é menor. Isso não quer dizer que o produtor ganhe menos, mas o custo da saca é menor. Cerca de 70% da semente de soja produzida no DF vai para o Mato Grosso, o maior produtor do grão no Brasil. Temos uma grande participação nos resultados deles.

Como foi a visita ao Show Rural da Coopavel, no Paraná?

Tivemos contato com várias empresas e startups de tecnologias, inclusive do DF, que hoje estão gerando tecnologia lá no Paraná. Para a AgroBrasília, em maio, vamos investir no galpão de inovação. Este ano, o galpão terá 1,2 mil m² e ampliaremos a área para as startups, pois queremos estimulá-las cada vez mais. Não queremos apenas a produção do campo, queremos a geração de novas tecnologias por pessoas que estão na cidade e podem ver nesse setor um grande ganho e avanço para contribuir com o crescimento de produtividade.

Como está o escoamento da soja no Distrito Federal?

Costumo dizer que não adianta só incentivar a produção, se não temos a logística e a comercialização. No ano ado, nós recuperamos 1.802km de estradas rurais, um recorde. É uma garantia de que o produtor terá o escoamento. Fizemos um trabalho intensivo com o DER na DF-100 e neste ano não houve nenhum caso de atolamento de caminhão para escoamento da soja. Vamos ter a pavimentação, este ano, da DF-270, que fica na região do PAD-DF. O governador anunciou o asfaltamento da DF-100, principal eixo de escoamento da soja do Distrito Federal, que corta o DF de norte a sul, em mais ou menos 50km de extensão. Desse total, temos 34km ainda não pavimentados, por isso foi determinado o asfaltamento este ano. Todos os nossos os aos nossos vizinhos, seja Goiás ou seja Minas Gerais, serão asfaltados. Estamos falando em menos perda de alimento, mais eficiência, menor gasto de combustível e em consciência ambiental.

Como está a fruticultura no Distrito Federal?

Ontem (quinta-feira, 27/2) eu estava com um amigo comentamos sobre isso. Ele falou que o Distrito Federal está vivendo uma onda azul. De fato, está acontecendo isso. Estamos vendo um apelo por parte do produtor em cultivar o mirtilo. Não é uma cultura barata para implantação, mas o GDF está ajudando, com o projeto da Rota da Fruticultura. Neste ano, o projeto doou mais de 20 mil mudas de mirtilo para baratear o custo de produção e de implantação, porque estamos falando em uma área de 2.500 m² para 2 mil plantas, gerando uma renda anual de R$ 170 mil a R$ 180 mil, mais do que o suficiente para manter uma família na área rural.

Confira a íntegra da entrevista:

 


Davi Cruz*
DC
postado em 01/03/2025 04:00 / atualizado em 01/03/2025 07:04
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