
A incidência de raios no Distrito Federal tem chamado a atenção da população. De acordo com dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (ELAT/INPE), o DF registrou 18.148 descargas atmosféricas neste ano, um número inferior ao do mesmo período do ano ado, quando foram contabilizados 31.567 raios. Em janeiro, ocorreram 16.233 descargas; fevereiro registrou 1.915; e março, até o momento, não apresentou registros.
Em 2024, o DF totalizou 96.365 raios, com 40.245 ocorrências no primeiro trimestre. Apesar da redução no volume registrado neste início de 2025, a população segue preocupada com os riscos e impactos causados por esse fenômeno natural. O DF ficou na 25ª posição no ranking nacional de incidência de raios no ano ado, mesma colocação de 2023, quando foram registrados 77.211 raios. No Brasil, o número de descargas atmosféricas chegou a 148 milhões no ano ado, frente a 89 milhões em 2023.
O que são raios?
A formação de raios está diretamente ligada às condições climáticas. O fenômeno é mais frequente durante a primavera e o verão, quando há maior umidade e calor, fatores que contribuem para a formação de nuvens de tempestade.
Os raios são descargas elétricas que ocorrem entre as nuvens e o solo, enquanto os relâmpagos são descargas elétricas que permanecem dentro das nuvens. Essas descargas podem percorrer distâncias de até 5 km e atingir uma intensidade de 30 mil Ampères – aproximadamente mil vezes a potência de um chuveiro elétrico. O trovão, som característico que acompanha o raio, ocorre quando o ar ao redor da descarga se aquece rapidamente, causando expansão e uma onda sonora.
Perigos
Embora a chance de uma pessoa ser atingida diretamente por um raio seja considerada muito baixa, menos de 1 para 1 milhão, o perigo aumenta em áreas descampadas e durante tempestades intensas. O maior risco, no entanto, não vem do impacto direto dos raios, mas sim de seus efeitos secundários. Muitas vítimas são atingidas por descargas próximas, que podem gerar queimaduras, paradas cardíacas e danos ao sistema nervoso.
Além do impacto sobre as pessoas, os raios causam prejuízos estruturais. As descargas atmosféricas podem provocar incêndios, danos a redes elétricas e eletrônicos, além de interromper o fornecimento de energia em diversas regiões. Rajadas de vento que acompanham as tempestades também causam transtornos, como a queda de árvores e placas.
Diante dos riscos, especialistas e autoridades recomendam medidas de segurança para evitar acidentes durante tempestades com descargas atmosféricas. O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) orienta que, ao perceber a aproximação de uma tempestade, a melhor estratégia é procurar abrigo e evitar exposição ao ar livre.
Com a chegada do outono, haverá a redução gradual das tempestades e, consequentemente, da incidência de raios no DF. O climatologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) Olívio Bahia explica que essa estação é um período de transição entre a temporada chuvosa e o período seco.
“As chuvas no DF começaram em outubro de 2024 e devem se estender até abril de 2025. A partir de maio, a seca se estabelece e dura até setembro. Durante esse período, as tempestades costumam ser rápidas, porém intensas, trazendo ventos fortes, descargas elétricas e impactos significativos, especialmente em áreas com pouca infraestrutura”, detalha.
“As chuvas costumam vir em forma de pancadas, rápidas, mas intensas. Alguns cuidados devem ser tomados, como evitar se abrigar debaixo de estruturas metálicas ou árvores, evitar usar telefones conectados ao cabo de energia no momento das tempestades e desligar eletrônicos”, acrescenta.
Medo de chuva
O especialista em relações públicas Alexandre Rigonato, 45 anos, viveu um grande susto quando um raio atingiu sua casa, no Jardim Botânico, em janeiro do ano ado. O impacto começou em uma palmeira, ou pelo muro e danificou diversos equipamentos, como portão eletrônico, câmeras de segurança, cerca elétrica e até o celular, que estava carregando. "O barulho foi ensurdecedor, a energia caiu, e só mais tarde percebi os estragos. Tenho pânico até hoje do barulho da chuva. O que antes era relaxante, hoje é um desespero”, relata. Ele conta que seus cachorros também ficaram traumatizados e tremem sempre que há trovoadas.
A cozinheira Gersina Oliveira, 49, relembra um episódio que a deixou assustada ao presenciar um raio atingindo o celular de uma mulher, em frente a um restaurante na Vila Planalto. “Ela só levou um choque, não se machucou. Eu fiquei assustada porque raio costuma matar”, contou Gersina. Desde então ela redobrou os cuidados durante tempestades. Para se proteger, evita ficar perto de árvores, desliga eletrônicos e prefere não sair de casa quando há risco de raios. “Eu sempre tomo cuidado quando vejo que vai chover”.
*Estagiária sob a supervisão de Eduardo Pinho
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