Entrevista | William Schwartz | Pneumologista

"Doenças respiratórias são reais e perigosas", diz pneumologista William Schwartz

Ao CB.Saúde, o médico enfatizou a importância da vacinação anual no combate às doenças respiratórias de origem viral, que têm aumento de casos com a chegada do frio. Ele alertou que crianças, idosos e doentes crônicos têm imunidade frágil

 22/05/2025 Bruna Gaston CB/DA Press. William Schwartz entrevistado do CB Saúde. Na bancada Carmen Souza e Sibele Negromonte
       -  (crédito: Bruna Gaston CB/DA Press)
22/05/2025 Bruna Gaston CB/DA Press. William Schwartz entrevistado do CB Saúde. Na bancada Carmen Souza e Sibele Negromonte - (crédito: Bruna Gaston CB/DA Press)

A atual crise no sistema de saúde pública do Distrito Federal, devido ao aumento de internações por síndromes respiratórias, foi um dos temas abordados, ontem, no CB.Saúde — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Em entrevista às jornalistas Carmen Souza e Sibele Negromonte, o coordenador de Pneumologia do Hospital Santa Lúcia Sul, William Schwartz, comentou o crescimento dos casos de problemas que afetam as vias aéreas com a chegada das temperaturas mais frias. Ele também destacou os cuidados individuais necessários diante do recente caso de gripe aviária registrado no Rio Grande do Sul.

A Fiocruz alertou que 15 das 27 unidades da federação estão em nível de risco alto ou preocupante para internações por síndrome respiratória aguda grave. Isso mostra que não se trata de uma simples "gripezinha", certo?

De forma alguma. Não podemos tratar essas doenças como uma simples "gripezinha". As doenças respiratórias são reais e perigosas, especialmente durante o período frio. As mudanças climáticas fazem com que as pessoas fiquem mais próximas, em ambientes fechados, favorecendo a propagação de vírus como influenza, covid-19 e o vírus sincicial respiratório, que são os principais causadores de síndromes respiratórias graves. Essas doenças afetam principalmente crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas, como DPOC, asma, fibrose pulmonar, hipertensão e diabetes.

Atualmente, dentro da realidade do Distrito Federal, quais são as doenças respiratórias predominantes?

No cenário atual, as doenças respiratórias de origem viral mais comuns no Distrito Federal são a influenza A, a covid-19 e o vírus sincicial respiratório. Esses vírus têm levado muitos pacientes à internação. Entre os pacientes com doenças crônicas, vale destacar a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), que está geralmente associada ao tabagismo; a fibrose pulmonar, que pode ser consequência de doenças como a covid-19 ou de fatores genéticos e idade; e também a asma, que é bastante prevalente, mas muitas vezes subdiagnosticada. Essas condições crônicas aumentam a vulnerabilidade a infecções virais, levando a complicações e internações.

Por que essas doenças respiratórias levam a internação? O que acontece exatamente no organismo dessas pessoas?

O principal fator é a sobrecarga no sistema respiratório. Quando há uma maior circulação de vírus, os pacientes, especialmente os mais vulneráveis, sofrem uma queda na imunidade. O frio, a poluição, a poeira e outras exposições ambientais contribuem para agravar o quadro. Crianças e idosos têm, naturalmente, uma imunidade mais baixa e respondem de forma menos eficaz às infecções. Já os pacientes com doenças crônicas podem ter uma piora significativa do quadro clínico, o que acaba exigindo internação. Por isso, é necessário redobrar os cuidados com a saúde dessas populações.

A boa notícia é que muitas dessas doenças têm vacina, certo? Isso significa que é possível, pelo menos, amenizar os sinais e sintomas?

Sim, exatamente. A vacinação pode amenizar os sintomas e reduzir a gravidade das doenças. É fundamental entender que a vacinação deve ocorrer em todas as faixas etárias, especialmente nos grupos que mencionamos aqui: crianças pequenas, idosos (acima de 60 anos) e pessoas com doenças crônicas. Esses públicos precisam ser imunizados para reforçar a imunidade, diminuir o tempo de duração da enfermidade e, principalmente, reduzir sua gravidade. Isso já é comprovado cientificamente. Além disso, é essencial realizar o tratamento adequado. Com um diagnóstico correto, é possível tratar corretamente cada vírus ou doença respiratória que esteja se manifestando.

Além da circulação desses vírus respiratórios, há também uma preocupação recente com a gripe aviária. Tivemos um foco no Rio Grande do Sul. Embora ainda não haja transmissão entre humanos, é algo que preocupa, pensando no impacto na saúde respiratória das pessoas?

Sim, o vírus da gripe aviária exige atenção. Ele está relacionado ao contato com aves migratórias e aves silvestres que circulam sazonalmente. É mais um tipo de vírus respiratório que precisamos monitorar. As medidas de prevenção individual, como o uso de máscaras, higienização das mãos e evitar aglomerações, são fundamentais nesse contexto. Além disso, caso seja identificada uma ameaça real de transmissão para humanos e desenvolvida uma vacina, será essencial imunizar os grupos mais vulneráveis.

 


postado em 23/05/2025 03:25
x