Quando nos tornamos mães muita coisa muda. Entre elas, a noção de tempo. A base para se situar em conversas e lembranças a a ser o nascimento das crianças e cada uma das fases importantes pelas quais elas am. De certa forma, isso ajuda a organizar os pensamentos. Faz quanto tempo que não viajamos para a praia? Ah, isso foi antes de a fulana nascer… Que ano o Brasil levou o ouro no judô? Certamente o ano da formatura da mais velha no ensino fundamental!
É claro que isso representa apenas uma parte pequena das mudanças, e ainda há outras que podemos citar sem nem mesmo trocar de assunto. Afinal, aquelas noites em claro não duravam só oito ou 12 horas, não é mesmo? O tempo entre o Sol poente e o nascente se multiplicava por dezenas, até que as noites virassem dias, quiçá anos vividos em apenas alguns minutos.
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O choro do bebê é biologicamente programado para irritar os pais, questão de sobrevivência, uma vez que pais acordados cuidam dos rebentos e impedem que algo de mal aconteça. A natureza é sábia, mas também cruel. Muitas vezes o incômodo é um pedido de aconchego, de carinho, e as mães em desespero tentam navegar pela incerteza e fazer o que quase nunca conseguem, mas o que sempre lhe cobram: resolver os problemas de maneira ágil.
Confesso que a maternidade era algo inevitável para resolver o meu egoísmo. Mesmo com um senso de justiça que considero apurado, eu tinha dificuldade em me colocar no lugar do outro em algumas situações intrínsecas à vida adulta. Me parecia, por exemplo, perfeitamente possível organizar o orçamento doméstico e manter planilhas em dia para não estourar o limite da conta no fim do mês. Igualmente me soava bem viável se planejar para cumprir uma jornada de trabalho fixa.
Tudo isso se mostrou desimportante num primeiro momento. O foco daqueles meses iniciais de vida do bebê era simplesmente mantê-lo vivo, sem sucumbir ao cansaço e às cobranças externas e internas que cultivamos dentro de nós. Era Almodóvar em sua forma mais crua e talvez com cores tão vibrantes quanto confusas. Uma mistura de sonho com pesadelo de onde não temos a menor vontade de sair, tampouco de ficar por muito tempo.
É no momento em que vivemos esse sem-fim de emoções mescladas, tudo ao mesmo tempo e agora, que reparamos o quanto podemos rever nossas prioridades e também ser mais empáticos com os outros. Pode ser que nem todos enfrentem um puerpério, mas sempre há algo que angustia e merece atenção e cuidado.
O mais difícil talvez seja o fato de que essas mesmas pessoas que merecem o seu olhar cuidadoso provavelmente não alcancem essa sabedoria que só o tempo ou uma vivência como a da maternidade podem dar. Até nisso tornar-se mãe traz surpresas, pois, de fato, nos envolve de resiliência (assim como de pouca paciência para as pequenezas, portanto, cuidado!).
Para algumas pessoas, esse aprendizado e a sensação de maternar vêm mesmo sem se gestar uma vida. Na minha concepção, são seres iluminados, que elevam a humanidade a um patamar de divindade na Terra. Que nesse período em que celebramos as mães, a nossa habilidade de maternar e de respeitar se multiplique.
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