Curiosidade

Polvo se regenera e desenvolve nove tentáculos em vez de oito

Pesquisa documenta o comportamento de um polvo selvagem com braço naturalmente dividido e mostra como o animal adaptou seus movimentos

Acredita-se que tenha sido causado por uma mutação genética -  (crédito: Soule, SE et al., Animals 2025 )
Acredita-se que tenha sido causado por uma mutação genética - (crédito: Soule, SE et al., Animals 2025 )

Um polvo com nove braços — sendo um deles naturalmente dividido em dois — se tornou o centro de uma descoberta científica que revela a incrível capacidade de adaptação desses animais marinhos. O estudo, conduzido pelo Grupo de Pesquisa ECOBIOMAR do Instituto de Investigação Marinha (IIM-CSIC), na Espanha, acompanhou por meses um polvo-comum — normalmente com oito tentáculos flexíveis — (Octopus vulgaris) com braço fendido na ilha de Ibiza e descobriu que ele ajustou seus movimentos e comportamentos em resposta à lesão e à regeneração de seus membros.

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O polvo macho, observado em seu habitat natural entre dezembro de 2021 e maio de 2022, havia perdido três braços em um provável ataque de predador e ainda apresentava ferimentos nas pontas de outros dois. Durante a regeneração, dois dos membros voltaram ao normal, mas o primeiro braço do lado direito se bifurcou, criando dois segmentos — R1a e R1b — e dando ao animal um total de nove braços funcionais.

Usando gravações subaquáticas, os pesquisadores catalogaram uma série de comportamentos do animal e como ele utilizava cada braço em diferentes contextos. Os braços foram numerados e os comportamentos classificados como “seguros”, quando os membros permaneciam próximos ao corpo, ou “arriscados”, quando eram estendidos para ambientes potencialmente perigosos.

Dados revelaram que os braços mais utilizados variavam conforme a função: para locomoção, os braços traseiros (como L4 e R4) eram preferidos; já para exploração e busca de alimento, os braços fendidos — especialmente R1b — eram usados com menos frequência, principalmente em situações de risco. Os cientistas também notaram que os braços mais gravemente lesionados aram a ser evitados em comportamentos potencialmente perigosos, sugerindo que o polvo pode ter algum tipo de “memória de dor” e até mesmo associar locais a experiências negativas.

“Esse estudo nos mostra que os polvos não apenas regeneram membros, mas também ajustam o uso deles com base na experiência e na segurança percebida”, explica a equipe do ECOBIOMAR. Com o ar do tempo, os braços divididos aram a ter funções mais diversificadas, indicando um grau de plasticidade comportamental notável.

Os resultados foram publicados na revista científica Animals

Confira o vídeo feito durante estudo: 

 


 

postado em 03/06/2025 14:40 / atualizado em 03/06/2025 14:58
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