
As cuidadoras Glória e Lúcia têm um problema sério para resolver: não podem perder o emprego, mas Radojka, a idosa de quem cuidavam, morreu. No texto Radojka - Uma comédia friamente calculada, dos uruguaios Fernando Schmidt e Christian Ibarzabal, o tom de comédia clássica é uma marca importante. O humor que pera a estrutura tradicional, com dramaturgia e linha temporal bem definidas, é o guia das atrizes Fabiana Karla e Tânia Bondezan à frente da montagem dirigida por Odilon Wagner em cartaz no Teatro Unip de amanhã até domingo. Elas jogam uma partida na qual a escalada de absurdos é grande, mas sem perder a elegância nem o público.
Para Odilon, o mais interessante de Radojka — Uma comédia friamente calculada está na capacidade de Fabiana e Tânia conduzirem um texto ligeiro e uma sucessão insólita de situações. "É uma comédia daquelas clássicas, de antigamente", avisa Wagner. "Os stand ups acostumaram o público a um tipo de comédia sem produção muito elaborada, sem textos muito elaborados, a piada pela piada, o humor mais imediato. Não são as comédias convencionais, tradicionais, de antigamente, onde tem um texto com começo, meio e fim, onde os atores fazem personagens."
Radojka morreu, mas não há nada de mórbido na peça. "Os autores pegam essa situação de duas cuidadoras e testam até onde a moral da gente vai, até onde a ética vai para conseguir os resultados", avisa o diretor. Manter o emprego é o que as cuidadoras precisam. A peça começa em uma troca de turno fatídica. Radojka, uma senhora sérvia cujo filho mora em Belgrado, já está morta. "E elas começam a fazer as tramas para manter o emprego. Tem início uma série de situações para que as coisas deem certo e é uma confusão atrás da outra, com situações que vão virando. E uma hora, você fala 'não tem mais pra onde ir'. E essa é a boa comédia de situação, porque o público vai se vendo enredado naquela trama", garante Wagner.
A montagem traz um cenário em formato gabinete, com muitos detalhes que reproduzem um apartamento, um cuidado que Odilon Wagner gosta de levar ao público e que experimentou recentemente em A última sessão de Freud. "Acho que o público gosta de cenários bacanas, bem iluminados. O público se sente prestigiado e é uma produção muito caprichada", diz. Tânia Bondezan, que ganhou o prêmio Shell de melhor atriz em 2019 por A golondrina, divide com Fabiana Karla, que despontou em programas como Zorra e Escolinha do professor Raimundo, a missão de levar adiante um texto desopilante capaz de manter o riso instalado na plateia durante os 70 minutos de duração do espetáculo. "O texto tem um ritmo muito ágil, acelerado, muito puxado. Elas acabam exaustas", avisa o diretor.
Radojka - Uma comédia friamente calculada
Com Tania Bondezan e Fabiana Karla. Amanhã e sábado, às 20h, e domingo, às 19h30, no Teatro Unip (SGAS 913 - Asa Sul). Ingressos: de R$ 140 e R$ 21 (meia), no Sympla e na Belini (113 Sul). Não recomendado para menores de 12 anos