
"O método é planejado/Uma golpeada à frente/da outra diariamente sim/e sim diariamente pois não.", avisa Angélica Torres Lima no poema Amarga a alma esse estado de coisas, o segundo de Poemas de tError, que a autora lança amanhã, às 18h, no Bar Beirute a 109 Sul. O oitavo livro de poesia de Angélica nasceu sob o olhar da perplexidade e da certeza de que era preciso estar atento e pronto para a luta.
Os poemas começaram a ser desenhados em 2015, enquanto a autora acompanhava, um tanto assustada e apreensiva, o processo que levou ao impeachment de Dilma Rousseff seguido da ascensão da extrema-direita e da eleição de Jair Bolsonaro, em 2018. Ao longo de sete anos, ela produziu um conjunto de poemas que dão conta de um período de muita apreensão e incerteza. Nesse período, decidiu que a maneira de reagir envolvia a escrita. "Tenho a obrigação de quem já viveu o horror que é o autoritarismo", diz Angélica, que ou a contribuir com projetos de um jornal popular para ser distribuído na periferia. "Ao mesmo tempo, ia fazendo os poemas, porque não paro de escrever poemas. Tenho mais de 300 inéditos. E, de repente, me toquei que estava com um possível livro pronto. Aí fui começando a fazer a seleção."
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Poemas de tError é dividido em quatro partes, cada uma delas abarcada por uma temática. Ruínas traz os versos de indignação diante de um golpe que já anunciava tempos sombrios. "Treme toda a estrutura/da ânima-Pânica", escreve a poeta, como se enxergasse, em alta velocidade, a tragédia que se aproximava. Coronados fala da pandemia em versos que, com frequência, abordam a morte.
Em Duro mundo, a crise global se instala. "É a distopia mundial, muito derivado desse conhecimento que a gente tem hoje por meio da internet, quando os assuntos vêm com muita rapidez, tudo está na mão", explica a autora. "A última parte, Error, é como se fosse o erro desse percurso, porque a tragédia estava anunciada. Mas, de repente, sempre tem uma luz de esperança. É onde tenho uma expectativa de que as coisas possam mudar, vão mudar. A gente tem um instinto para a resistência espontâneo. Essa parte tem um certo lirismo", garante Angélica.
Poemas de tError
De Angélica Torres Lima. 7Letras, 124 páginas. R$ 48. Lançamento amanhã, às 18h, no Bar Beirute a 109 Sul