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"A beleza feminina é uma força que vem de dentro", diz Giovanna Antonelli

Bem-sucedida em diversas novelas e também nos negócios próprios que istra, Giovanna Antonelli reflete sobre as mulheres que interpretou e as que inspira com sua imagem. "Beleza fatal vai muito além da aparência", afirmou, em entrevista ao Correio

Giovanna Antonelli é atriz e empreendedora -  (crédito: Vinicius Mochizuki/Divulgação)
Giovanna Antonelli é atriz e empreendedora - (crédito: Vinicius Mochizuki/Divulgação)

Poucas atrizes transitam com tanta naturalidade entre diferentes universos como Giovanna Antonelli. Do luxo das personagens sofisticadas à autenticidade irresistível de figuras populares, ela se entrega de corpo e alma a cada novo papel. Aos 49 anos, a artista que conquistou o Brasil com personagens icônicos — como a odalisca Jade, em O clone, e a delegada durona Helô, em Salve Jorge — reinventou-se mais uma vez, agora em Beleza fatal, novo e bem-sucedido desafio que protagonizou na novela da Max.

Sua personagem na trama, Elvira, é uma mulher suburbana intensa e cheia de camadas, um desafio que Giovanna abraçou com entusiasmo. "Era impossível dizer não", contou ao Correio sobre o convite do autor Raphael Montes e da diretora Maria de Médicis, e a proposta da plataforma de streaming. Mesmo depois de anunciar uma pausa nas novelas após reviver Helô em Travessia (2022), a pisciana intuitiva se deixou levar pela paixão pela atuação e pelo magnetismo dessa nova personagem. "O melhor de poder escolher meus os na carreira é justamente isso: me jogar em personagens diferentes, mergulhar em outros universos e sair da zona de conforto", declarou.

Elvira também é o nome da personagem que lançou Giovanna ao estrelato, na novela Xica da Silva (1996), na extinta TV Manchete — onde estreou artisticamente como assistente de palco de Angélica no Clube da criança. Na Globo, ela estreou em um pequeno papel em Tropicaliente (1994) e, de lá para cá, a atriz acumula um menu diverso de composições que vão de mocinhas batalhadoras, como a Capitu de Laços de família (2000), a vilãs, como a Bárbara de Da cor do pecado (2004) e a estelionatária Atena de A regra do jogo (2015) e a Clarice de Sete pecados (2007), ando por mulheres históricas, como Anita Garibaldi em A casa das sete mulheres (2003). A carioca também se desafiou ao interpretar a homossexual Clara de Em família (2014) e até uma descendente de japoneses em Sol nascente (2016). No cinema, destacou-se em comédias românticas como Avassaladoras, SOS Mulheres ao mar e, recentemente, Apaixonada.

Com uma carreira atravessada por papéis memoráveis, Giovanna também se destaca como empresária e influenciadora digital. No Instagram, ela se mantém ativa, brindando seus mais de 20 milhões de seguidores com vídeos divertidos que expõem não somente sua intimidade como também reflete sobre situações do cotidiano de forma criativa. Empreendedora nata, ela vê semelhanças entre a arte e os negócios. "Ambos exigem visão, estratégia e paixão pelo que se faz", reflete a mãe de Pietro (19 anos, do casamento com Murilo Benício, de quem segue grande amiga) e das gêmeas Antônia e Sofia, 14 (da união duradoura com o diretor de televisão Leonardo Nogueira).

Agora, com novos projetos no forno e um engajamento crescente em iniciativas voltadas para mulheres, Giovanna segue fiel ao seu mantra: nunca soltar as rédeas da própria história. E se tem algo que essa mulher de força e presença aprendeu, é que a verdadeira "beleza fatal" vem de dentro: "É saber quem você é e ocupar seu espaço sem pedir licença".

Entrevista/Giovanna Antonelli

Ao encarnar, pela sua segunda vez, a delegada Helô, em Travessia, em 2022, você anunciou que daria uma pausa nas novelas. O que fez mudar de ideia logo em seguida?

A vida tem um timing próprio. Depois da Helô, minha ideia era realmente dar um tempo para poder focar nos outros projetos. Mas veio Beleza fatal arrebatadora, com a Elvira, uma personagem cheia de camadas… e eu adoro um bom desafio! Era impossível dizer não.

Personagens populares marcaram a sua carreira, mas você vinha de mulheres mais sofisticadas. Como foi esse mergulho no universo de uma mulher tão deliciosamente suburbana e cambalacheira?

Delicioso! O melhor de poder escolher meus os na carreira é justamente isso: me jogar em personagens diferentes, mergulhar em outros universos e sair da zona de conforto. A Elvira é intensa, e cheia de verdade — foi um desafio que abracei com prazer.

O que Elvira e Giovanna têm em comum como mulher e como mãe?

Ela também nasceu guerreira, não herdeira (risos). Então, é luta atrás de batalha.

Elvira é também o nome da personagem que lhe lançou para o sucesso, em Xica da Silva (1996). Você acredita que um remake dessa obra seria possível?

Olha, tudo é possível, mas essa foi uma novela marcante dentro do seu tempo. Hoje, com tantas discussões em pauta, um remake precisaria ser muito pensado. E pode ser interessante ver como essa história seria contada nos dias de hoje.

Ainda nesse tópico, como foi reviver a Helô? Valeu a pena ou acredita que alguns personagens devem ficar ali guardadinhos?

A Helô é um furacão. Reviver um personagem tão icônico depois de anos foi uma grande diversão. E um presentão da Glória Perez para o público que pedia muito essa volta deles. Então, claro, que valeu muito a pena. Mas nem toda personagem precisa voltar. Algumas histórias fazem sentido no tempo em que foram contadas para ficarem na memória do público — e está tudo bem assim.

Tantos anos depois, você ainda sente que a Jade, de O clone (2001), é presente na sua vida?

A Jade foi um fenômeno e continua viva no imaginário do público. É impressionante como essa personagem atravessa gerações. Volta e meia alguém me chama de Jade na rua, em viagens, manda vídeos, recria cenas… É uma lembrança forte e bonita, e eu adoro ver como ela segue presente na vida das pessoas.

Em 2004, gravando Da cor do pecado, você teve um episódio marcante quando gravou em um lixão e revelou uma moça para carreira de modelo. Esse seu lado visionário sempre foi um traço da sua personalidade?

Sempre tive esse olhar curioso para as pessoas e as oportunidades que a vida coloca no nosso caminho. Essa situação foi marcante porque mostrou como talento e beleza podem estar em qualquer lugar, basta alguém enxergar. Sempre acreditei nisso, tanto na minha carreira quanto nos negócios: saber observar, conectar e abrir portas pode transformar vidas.

A Giovanna empreendedora é muito potente, e você investe fortemente nela. O que te levou a entrar nesse caminho e como é conciliar com o lado artístico? E as redes sociais? Como você se encontrou com o digital e como ele hoje faz parte da sua rotina?

Sempre fui inquieta e apaixonada por desafios, e empreender foi uma consequência natural disso. Gosto de criar, inovar, tirar ideias do papel e ver as coisas acontecerem. No fundo, atuar e empreender têm muito em comum: ambos exigem visão, estratégia e paixão pelo que se faz. Conciliar os dois é intenso, mas eu amo esse movimento. Já o digital entrou na minha vida como uma extensão disso tudo. Sempre enxerguei as redes como uma ferramenta poderosa de conexão e troca, e hoje elas são parte fundamental da minha rotina. É onde compartilho meu universo, me aproximo do público e potencializo meus negócios. Não tem mais como separar — o digital é presente e futuro, e eu adoro fazer parte desse jogo.

  • Giovanna Antonelli, Camila Pitanga e Camila Queiroz encabeçam elenco da produção criada por Raphael Montes
    Giovanna Antonelli, Camila Pitanga e Camila Queiroz encabeçam elenco da produção criada por Raphael Montes Divulgação
  • Giovanna Antonelli é atriz e produtora da comédia romântica Apaixonada
    Giovanna Antonelli é atriz e produtora da comédia romântica Apaixonada Laura Camla/Divulgação
  • Alexandre Nero e Giovanna Antonelli como Stenio e Helo em Travessia
    Alexandre Nero e Giovanna Antonelli como Stenio e Helo em Travessia Fabio Rocha/ TV Globo
  • Giovanna Antonelli, Renata Sorrah e Vanessa Giácomo na série Filhas de Eva
    Giovanna Antonelli, Renata Sorrah e Vanessa Giácomo na série Filhas de Eva Globo/Estevam Avellar
  • Protagonistas terão estilo musical e paleta de cores próprios em Quanto mais vida, melhor!
    Protagonistas terão estilo musical e paleta de cores próprios em Quanto mais vida, melhor! João Miguel Junior/ TV Globo

Quais são os seus novos projetos?

Sempre tem coisa nova no forno! Sigo com meus negócios crescendo, novos desafios no audiovisual e projetos no digital que me animam muito. Também estou cada vez mais envolvida com iniciativas que geram impacto real, especialmente para mulheres. Gosto de me reinventar e buscar caminhos que façam sentido para mim. Então, pode esperar novidades!

O que você diria hoje para a Giovanna de 1994, que estreava lá em Tropicaliente, ainda tão menina?

Não solta as rédeas da tua história — lá na frente, você vai se orgulhar de nunca ter desistido.

E o que significa para você o conceito de "beleza fatal"?

Beleza fatal vai muito além da aparência. Para mim, é atitude, presença, magnetismo. É a força que vem de dentro, que hipnotiza não só pelo que se vê, mas pelo que se sente. É saber quem você é e ocupar seu espaço sem pedir licença.

 

postado em 06/04/2025 00:01 / atualizado em 07/04/2025 17:30
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