
Expoente da música popular brasileira, Francis Hime celebra 85 anos de idade e seis décadas de trajetória artística, mantendo a jovialidade e o talento criativo, expostos no álbum Não navego para chegar. O projeto reúne 11 canções inéditas, compostas com parceiros igualmente ilustres, e a participação de destacados companheiros de ofício.
Anteriormente, o maestro, compositor, cantor e pianista o carioca havia desenvolvido projeto semelhante, como os discos Essas parcerias e Álbum musical Volumes 1 e 2, embora reunindo músicas já gravadas.
Francis faz questão de deixar claro que o trabalho de agora é, igualmente, fruto de um trabalho coletivo, que conta com a presença de outros nomes consagrados da MPB, tanto no quesito parceria quanto no que se refere à interpretação.
No repertório de 11 faixas, há predominância de parcerias com a mulher Olívia Hime. Os dois assinam seis canções: Um rio é só deles; enquanto nas outras, há a participação de diversos parceiros: Ivan Lins (Imaginada). Geraldo Carneiro (Chula chula, Samba pra Martinho e Shakesperiana), Zé Renato (Imensidão), Maurício Carrilho (Navego pra chegar), Bráulio Pedroso (Tempo breve).
Há, ainda, outros parceiros: Moraes Moreira (Tomara que caia), Ziraldo (Infinita) e Zélia Duncan (Chuva). Além do próprio Francis e de Olívia, foram convocados para interpretar as canções Ivan Lins, Zé Renato, Lenine, Zélia Duncan, Simone, Mônica Salmaso, Leila Pinheiro, Mônica Salmaso e o Quarteto Maogani. Paulo Aragão assina a produção, que teve direção musical de Francis Hime (responsável também pelos arranjos) e direção artística de Olívia Hime.
Entrevista // Francis Hime
Francis, qual é o segredo para chegar aos 85 anos em plena forma física e artística?
Acho que o segredo é gostar muito de música, compor com vários amigos queridos que eu tenho feito, e fazer bastante atividade física.
Olívia, companheira de muitos anos, foi fonte de inspiração para este projeto comemorativo?
Completamente. Olivia, hoje em dia, é a minha principal parceira. Nesse disco, ela tem cinco letras. Eu faço a música antes, ela letra depois. Enfim, tudo o que eu faço é muito ligado à Olivia. Trabalhamos muito frequentemente juntos, seja em shows ou em projetos como esse disco. Olivia é a minha grande musa.
São de que período as novas canções do deste álbum?
O disco tem algumas mais antigas, como a minha única parceria com o Ziraldo, que deve ter uns 40 anos. Nós fizemos a música Infinita para a peça teatral Belas figuras, mas nunca tinha sido gravada. Outra antiga é Tempo breve, em parceria com Bráulio Pedroso, gravada lindamente pela Zélia Duncan. Chula chula também tem uns 10, 15 anos, por aí. O Samba pra Martinho nós fizemos há uns três anos, para um concurso de músicas de carnaval, mas perdemos o prazo de inscrição, então guardamos para o disco. Já Um rio eu tinha gravado, só instrumental: Olivia gostou tanto que colocou uma letra, Dori Caymmi gravou no disco. As outras são mais recentes, sobretudo as parcerias musicais com Ivan Lins, com Maurício Carrilho, que dá título ao disco, e com Zé Renato.
As parcerias surgiram naturalmente?
Olha, eu tenho gostado muito dessa ideia de parcerias musicais, não é? Porque eu já parto de uma ideia musical, gosto muito desse formato. Antes, eu só tinha feito isso com o Chico (Buarque) uma vez, em Vai ar. Acho que foi assim também com Mariana, com o Ivan, há muito tempo. O disco tem três canções compostas dessa maneira: os parceiros fizeram a primeira parte, e eu a segunda. Foi assim com Ivan, Zé Renato e Maurício Carrilho. Enfim, é uma forma bastante estimulante de compor.
Utilizou algum critério na escolha dos intérpretes das canções?
Foi uma coisa um pouco intuitiva. Por Samba pra Martinho tinha que ser com a Simone, que adora cantar samba, e que fez um projeto só com músicas do Martinho. O meu choro com o Maurício Carrilho, Não navego pra chegar, que tem letra da Olivia, eu achei que cairia muito bem na voz da Mônica Salmaso. Chula chula, que tem letra do Geraldinho Carneiro, tem uma pegada nordestina, achei que tinha tudo a ver com o Lenine. Aos poucos, fui montando o quebra-cabeça, desenhando o projeto, até pelas próprias melodias.
Haverá show para lançar o Não navego pra chegar?
A estreia do show de Não navego pra chegar vai ser no Rio, dia 25 de maio, no Vivo Rio, com a participação de seis convidados do disco — apenas Dori Caymmi e Lenine não poderão, por questões de agenda. Mônica Salmaso, Leila Pinheiro, Simone, Olívia, Zélia, Zé Renato e Ivan Lins estarão na estreia, que vai ter ainda uma abertura surpresa do DJ Zé Pedro. A ideia é seguir por outras capitais, na sequência.
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