
Após mais de uma década longe dos palcos brasileiros, Lady Gaga desembarca no Rio de Janeiro para um aguardado espetáculo na icônica Praia de Copacabana. A apresentação marca não apenas o retorno da estrela pop ao país desde sua estreia em 2012, mas também simboliza uma reconexão com os fãs brasileiros após a ausência sentida em 2017, quando problemas de saúde a impediram de se apresentar no Rock in Rio.
Na ocasião, Gaga precisou cancelar sua performance devido às fortes dores causadas pela fibromialgia, condição clínica que provoca desconforto muscular intenso e generalizado. “Preciso cuidar do meu corpo”, declarou à época, visivelmente abalada pelo cancelamento.
Agora, em plena forma, a cantora promete um espetáculo à altura da expectativa. Seu histórico em solo brasileiro é marcado por momentos emocionantes: na primeira agem pelo país, em 2012, Gaga foi às lágrimas durante a apresentação no Rio, quando interpretou a balada “Hair” ao lado de três fãs escolhidos da plateia de 40 mil pessoas. “A experiência que eu tive no Rio realmente me transformou”, confessou a artista naquele show, realizado no Parque dos Atletas, sob chuva e comoção.
Em São Paulo, no mesmo ano, a performance no Estádio do Morumbi ficou marcada por um incidente em que foi atingida por um objeto arremessado da plateia. Mesmo assustada, manteve a postura e tranquilizou os fãs: “Estou bem”. A apresentação ainda contou com surpresas no repertório, como as raras “Princess Die” e “The Queen”, atendendo a pedidos do público. “Sou a garota mais sortuda da Terra”, disse, diante dos 50 mil presentes.
Com um repertório repleto de hits – de “Poker Face” a “Born This Way” – e uma estrutura de show digna das maiores produções internacionais, Lady Gaga se prepara para entregar mais uma noite inesquecível, agora tendo como cenário o mar de Copacabana.
Opera pop: o conceito usado para trabalhos de Lady Gaga
No palco do Coachella, Lady Gaga não apenas se apresentou — ela encenou um espetáculo que muitos já consideram um marco na fusão entre música pop e teatro lírico. O show, carregado de teatralidade e dividido em atos, foi amplamente descrito como uma “ópera rock” ou “ópera dark pop”, evidenciando como o conceito clássico de ópera se transformou para dialogar com a estética contemporânea.
Esse mesmo conceito também aparece no novo projeto de Miley Cyrus. A cantora define seu álbum visual Something Beautiful como uma verdadeira “ópera pop”, reforçando a tendência de transformar álbuns musicais em narrativas cinematográficas e completamente cantadas. A primeira parte da obra, batizada de “Ato 1”, já foi apresentada com faixas como “Prelude”, “Something Beautiful” e “End of the World” — todas entrelaçadas sem espaço para diálogos falados, seguindo à risca o formato operístico.
Historicamente, a ópera surgiu na Itália do século XVII, com a obra Dafne de Jacopo Peri, considerada o ponto de partida do gênero. Desde então, a ópera se estabeleceu como uma forma artística que une canto, encenação e música orquestral em uma narrativa contínua. Ao contrário do teatro musical moderno, onde canções se intercalam com falas, a ópera se caracteriza por não conter diálogos falados — toda a comunicação acontece por meio da música.
Lady Gaga e Miley Cyrus, portanto, não estão apenas inovando dentro da música pop — estão resgatando uma tradição erudita e recontextualizando-a para as novas gerações. Seus projetos não apenas encantam os fãs com visual e som, mas também ampliam os horizontes do que pode ser considerado música popular.
Se antes a ópera era restrita a teatros e públicos seletos, agora ela pulsa no centro da cultura pop, embalando multidões em festivais e plataformas de streaming. O clássico e o moderno, enfim, se encontram — e cantam juntos.