Crítica

A mão da desordem: pais são esfacelados, no drama 'Uma família normal'

Uma família normal traz drama intenso, repleto de dilemas morais; tudo a partir do rastro de crime cometido por jovens inconsequentes

Uma família normal: intensidade e crime -  (crédito: Pandora Filmes/ Divulgação )
Uma família normal: intensidade e crime - (crédito: Pandora Filmes/ Divulgação )

Crítica // Uma família normal  ★★★★

Sofisticação, superficialidade, desvio de princípios e responsabilidade colidem no bem amarrado roteiro que dá liga ao filme do sul-coreano Uma família normal, comandado por Hur Jin-ho, e que ganhou janelas nos festivais de cinema de Busan, Toronto, Estocolmo e Vancouver. A premissa desenvolvida na nova fita sul-coreana, há oito anos, já tinha levada às telas pelo israelense Oren Moverman, em O jantar.

Aparentemente feliz, uma família abonada que inclui os irmãos Jae-gyu (Jang Dong-Gun) e Jae-wan (Kyng-Gu Sul) usufrui de completa estabilidade. Pediatra, Jae-guy vê princípios ruírem, quando descobre um crime recente do filho, antigamente, atormentado por bullying na escola. O reflexo da violência contra um homem em situação de rua parece descrever uma realidade muito aproximada de casos no Brasil. Toda a conjuntura de ética da narrativa do filme ganha uma camada mais robusta, uma vez que a prima do adolescente também se encontra envolvida na situação calamitosa que chega à mídia.

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Selecionado pelo Festival de Berlim, o drama recriado a partir de Herman Koch, um escritor holandês, Uma família normal ganha sólida e criativa dramaturgia de Hur Jin-ho, capaz entre outros feitos de recriar a obra do francês Choderlos de Laclos, Ligações perigosas, para a Shangai dos anos de 1930. No elenco bastante eficiente, o destaque é para a sutileza de Kyng-Gu Sul, na pele de um advogado espremido pelo dever da profissão e atormentado pela sombra de um crime cometido por um cliente amalucado, e que é mostrado logo na abertura do filme. O telhado de vidro e a hipocrisia gritam no desenvolvimento do filme em que jovens ganham o manto da impunidade de se verem tratados como "crianças".

 

postado em 02/05/2025 17:09 / atualizado em 02/05/2025 17:09
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