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"Glorinha é um retrato lindo da mulher preta", afirma a atriz Mariana Sena

No ar em "Garota do momento", segunda novela após diversas séries no streaming, Mariana Sena renasce como mãe e artista

A atriz Mariana Sena renasce como mãe e artista -  (crédito: Balbino/Divulgação)
A atriz Mariana Sena renasce como mãe e artista - (crédito: Balbino/Divulgação)

Por entre os estúdios iluminados e as noites insones embalando Ayomi, Mariana Sena tem atravessado uma das jornadas mais intensas de sua vida: a de ser, ao mesmo tempo, artista em ascensão — considerada uma promessa de sua geração — e mãe. Aos 30 anos, a intérprete que o Brasil aprendeu a irar desde Mar do sertão e que, agora, emociona o público como Glorinha em Garota do momento — trama das 18h da TV Globo — carrega no olhar a ternura de quem conhece os limites do cansaço, mas não renuncia ao prazer do ofício.

"Eu fico lisonjeada todas as vezes que ouço 'promessa da sua geração'. Confesso que é maluco, né? Porque o que a gente quer é trabalhar. Trabalhando, eu estou feliz, seja no teatro, no cinema, no streaming... Meu negócio é exercitar o que eu amo", ela diz, como quem exorciza a romantização da profissão. Para Mariana, o ofício não é sobre glamour, mas sobre ter oportunidade: "Como uma artista preta, a gente está a todo momento querendo mostrar que sabe fazer, que faz... Eu fico feliz e continuo com sede de trabalhar."

Sede que ela transforma em potência criativa, sobretudo quando molda personagens como Glorinha — a amiga leal e sonhadora que inspira tantas mulheres na ficção. "A Glorinha me lembra muito a minha madrinha, super vaidosa, empoderada, decidida... E também uma tia minha, a tia Shirly, com aquele jeito doce. Eu sempre começo pela voz, pelo sotaque. A personagem vai se construindo aos poucos, vai aparecendo", conta Mariana, revelando o método intuitivo, quase artesanal, que atravessa seu trabalho.

Não à toa, ao falar sobre a força das personagens femininas que interpreta, ela amplia o discurso: "Mostrar um discurso feminino potente em teve aberta é importantíssimo... Ainda tem gente que acha que feminismo é 'balela'. Para mim, como mulher preta, é ainda mais complexo: a gente não está só competindo com homens, mas com mulheres brancas também." Quando olha para Glorinha, vê um espelho vibrante das mulheres negras brasileiras: "Ela é empresária, batalhadora, empoderada… é um retrato lindo."

A trajetória que começou no streaming, com papéis marcantes em Spectros, Segunda chamada, Todas as mulheres do mundo e Santo maldito, parecia distante do mundo dos folhetins. "Sempre gostei muito de fazer séries, não achava que faria novela, nem sei por quê. Mas bastou fazer 'Mar do sertão' para ser conquistada pela mágica dos folhetins. A novela é um ritmo frenético, mas quando engata, você se adapta."

A atriz Mariana Sena renasce como mãe e artista
A atriz Mariana Sena renasce como mãe e artista (foto: Balbino/Divulgação)

Maternidade

Ainda assim, o maior papel que Mariana desempenha atualmente não está nos sets de gravação, mas dentro de casa, ao lado de Ayomi, sua filha de pouco mais de um ano. "Não imaginava que voltaria a trabalhar tão cedo. Ayomi tinha três meses quando fui aprovada para ser Glorinha. Estar na novela me tirou o medo de não voltar a trabalhar. E me deu a sensação de que a maternidade já me recolocou no mercado de uma forma diferente."

A maternidade, ela conta, não apenas reorganizou sua rotina, mas remodelou seu olhar sobre o trabalho: "Antes, eu deixava o trabalho ditar minha vida… Agora entendi que a vida não é só trabalhar. ei a dar limites: 'Não, esse horário é para minha filha'. Tive um burnout recentemente por não equilibrar as coisas. A maternidade me fez olhar para o futuro, planejar mais, cuidar da saúde."

Escolhas

O custo das escolhas também se fez presente. Mariana precisou deixar a série Guerreiros do sol, na qual interpretaria uma cangaceira, devido à gestação: "Foi muito triste no começo... Eu já sabia o arco da personagem e estava empolgada. Quando descobri que não poderia continuar, fiquei mal. Mas depois entendi que foi a melhor decisão, pela minha saúde e pela do bebê."

Hoje, ao ser indagada sobre um conselho para outras mães que também atuam na indústria do entretenimento, Mariana não hesita: "Se respeite. Delimite horários, tenha um dia de quietude com seu filho... E reserve 15 minutos por dia só para você, nem que seja trancada no banheiro! A maternidade é urgente, a gente se perde nas demandas e esquece de si. Para quem trabalha com arte, é essencial criar rotinas e espaços de silêncio."

Entre os planos para o futuro, Mariana fala com a leveza de quem aprendeu a não acelerar o tempo: "Estou avaliando possibilidades pós-novela... Tem um filme, que seria minha estreia no cinema, e também quero fazer coisas autorais. Estou com saudade do teatro. Não sei exatamente o próximo o, mas com certeza vou trabalhar — ficar parada não dá, eu amo o que faço!" E assim ela segue: entre cenas, mamadas, gravações e silêncios necessários.

postado em 25/05/2025 09:00
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