Crítica // Animale ★★★
Filme de encerramento da Semana da Crítica do Festival de Cannes, em 2024, Animale é conduzido por Emma Bennestan, e estrelado por Oulaya Amamra, que interpreta a solitária Nejma. A protagonista se vê cerada pelo rude dia a dia em touradas. Criados de forma quase extensiva, em Camargue (que abriga a linhagem originária de touros), os animais ficam sujeitos à inconsequência e violência, frente aos humanos. Na verdade, as touradas são diferenciadas, naquele local, e em muito dependem dos raseteurs (raspadores), que manejam sobrevoos nas disputas com animais cobertos por adornos nos chifres e que dão trabalho aos atléticos competidores. Nesta realidade, vive Nejma.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Animale, que está na programação do Cine Brasília, remete ao cinema de Delphine Gleize, que, há 23 anos, estreou à frente de Estranhas ligações, exibido na quinta edição do extinto FicBrasília, além de ter sido premiado, pelo vigor, na mostra Um Certo Olhar de Cannes. Chiara Mastroianni e Angela Molina, no citado filme, costuram uma trama de touro que habitam cotidianos de personagens diferentes, numa ciranda nada conclusiva. Com uma intrigante montagem de Clémence Diarde, o novo filme da franco-argelina Emma Bennestan cerca princípio semelhante: o rigor da arena migra para a vida, e as fragilidades dos humanos parecem compensados pela força do animal. Neste trânsito circular de energias e destinos, impressiona a fusão de Nejma (investida de potência taurina) com um universo fantástico, em muito embebido de transformações paulatinas de situações escabrosas, à la Luis Buñuel.
Saiba Mais 321468