Comércio Exterior

Câmara de comércio critica tarifas dos EUA à Casa Branca

Amcham destaca que imposição de tarifas contra o país poderia afetar interesses de empresas norte-americanas, além de impactar comércio bilateral, que tem sido favorável para os EUA nos últimos anos

"Entre 2023 e 2024, o superavit comercial dos EUA com o Brasil registrou o maior aumento entre os principais parceiros dos EUA, avançando 31,9%", destacou a Amcham Brasil - (crédito: Getty Images via AFP)

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil, a Amcham, enviou na última terça-feira (11/3), um documento de 15 páginas para o escritório de representação comercial da Casa Branca (USTR, na sigla em inglês), que destaca o potencial negativo que a imposição de uma nova tarifa contra o país poderia causar para as empresas norte-americanas. Vale destacar que o presidente Donald Trump citou o Brasil em algumas ocasiões como um dos países que mais oneram produtos importados dos EUA.

No documento, obtido pelo Correio, a Amcham destaca que o Brasil foi um dos poucos países do G20 – grupo que reúne as principais economias do mundo — a manter um superavit comercial duradouro com os EUA. Em 2024, o resultado foi positivo para os norte-americanos em US$ 7,4 bilhões. “Entre 2023 e 2024, o superavit comercial dos EUA com o Brasil registrou o maior aumento entre os principais parceiros dos EUA, avançando 31,9%”, destacou.

Os dados são da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos (USITC, na sigla em inglês), que levanta as estatísticas do setor no país. Entre os principais parceiros comerciais dos EUA, apenas a Austrália e o Reino Unido tiveram deficits maiores com o país em relação ao Brasil. A nível de comparação, a Índia e a China, que são citadas frequentemente como país que mais aplicam tarifas de importação para produtos norte-americanos, tiveram superavits de US$ 45,7 bilhões e US$ 295,4 bilhões com os EUA em 2024, respectivamente.

A posição oficial da Amcham foi enviada diretamente ao representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, que se reuniu recentemente, de maneira virtual, com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e com o chanceler Mauro Vieira, do Ministério de Relações Exteriores (MRE). Para ambas as partes, as conversas foram positivas e o objetivo do governo brasileiro é chegar a um entendimento com o país norte-americano por meio da negociação, sem utilizar de retaliações.

Nesta sexta-feira (14/3), representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) e do Itamaraty se reuniram novamente com Greer e sua equipe em videoconferência, desta vez, sem a participação de Alckmin, que acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem a Sorocaba (SP), para a entrega de uma nova frota de ambulâncias pelo Sistema Único de Saúde.

O vice-presidente, no entanto, se manifestou no dia anterior sobre as conversas com os Estados Unidos para reverter o imposto de 25% sobre a importação de aço e alumínio. Para o vice-presidente, a medida é considerada pelo governo brasileiro como “equivocada” e destacou a possibilidade de retaliação neste momento. “Nós entendemos que o caminho não é 'olho por olho'. Se fizer olho por olho, vai ficar todo mundo cego. Comércio interior é ganha-ganha”, disse o vice, na ocasião.

Atualmente, o único imposto aprovado pelos EUA que impacta diretamente o Brasil é o de aço e alumínio, que vigora desde a última quarta-feira (12/3). O setor mantém conversas com o governo brasileiro para tentar encontrar uma resolução por vias diplomáticas.

Raphael Pati
postado em 14/03/2025 19:49
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