Futebol

Fla x Flu 453 marca reencontro de Filipe Luís com pedra no sapato

Ex-lateral perdeu apenas uma partida como treinador do rubro-negro, justamente para o Fluminense de Mano Menezes; clássico terá homenagem para os Garotos do Ninho mortos no incêndio de 2019

Filipe Luís soma dois títulos e apenas uma derrota no comando do Flamengo e terá revanche no Fla x Flu -  (crédito: Gilvan de Souza / CRF)
Filipe Luís soma dois títulos e apenas uma derrota no comando do Flamengo e terá revanche no Fla x Flu - (crédito: Gilvan de Souza / CRF)

O começo de trajetória de Filipe Luís como técnico do Flamengo foi como nos sonhos de qualquer treinador. Iniciando uma nova era como comandante do clube de coração, o ex-lateral não demorou para cair nas graças da torcida. São dois títulos e apenas uma derrota em menos de cinco meses de trabalho. O único revés? Contra o Fluminense de Mano Menezes, pelo Brasileirão 2024. Com a revanche pessoal do treinador e a classificação para a segunda fase do Campeonato Carioca em jogo, é este o clima para o capítulo 453 do Fla x Flu, hoje, às 16h30, no Maracanã. Globo, SporTV e Premiere transmitem.

Já são 20 jogos do ex-lateral no comando do Flamengo, contando com o amistoso contra o São Paulo nos Estados Unidos. São 13 vitórias, seis empates e uma derrota no recorte, enquanto levou para casa dois títulos, o da Copa do Brasil e o da Supercopa Rei. O início promissor rendeu até comparações com a agem de Jorge Jesus, referência para o jovem treinador.

“Eu sonhava e tinha esperança que fosse assim. Vai ser sempre alegria? Não, claro que terei momentos difíceis, mas me sinto preparado para esse desafio. Eu vivi como jogador com o maior de todos os tempos, que é o Jorge Jesus, e via como ele não relaxava, como deixava sempre o time com mais ambição. Aquilo me despertou outra vez essa chama. Sou mais ou menos uma cópia dele (Jesus). Nunca chegarei perto, mas o que eu quero um dia é poder fazer uma história do jeito que ele fez. Esse é meu objetivo, eu sonho alto, não vou mentir, mas sou realista. Sei que nem tudo na vida não são alegrias, mas estarei preparado quando vierem momentos difíceis”, disse após o título contra o Botafogo na Supercopa.

No entanto, o retrospecto de Filipe contra o Fluminense nos tempos de jogador também não é dos melhores. Desde a chegada no Flamengo, no meio de 2019, até a aposentadoria no fim de 2023, foram nove vitórias do rubro-negro contra dez do rival, além de seis empates. O lado positivo é que, dos quatro gols do lateral com a camisa do time de coração, dois foram contra o tricolor. Agora, a meta é ar por cima da pedra no sapato e aumentar a moral antes da sequência de clássicos contra Botafogo e Vasco.

“Vi o jogo (do Fluminense) contra a Portuguesa, porque tinha que estudar a Portuguesa. Sei como o Mano joga e depois vou decidir o plano de jogo em função deles. Penso no Fluminense, mais nada que o Fluminense. Depois é Botafogo e Vasco. Quero ganhar, não vou entrar para perder ou empatar nunca. Contra o Fluminense, pode ter certeza de que vamos para vencer”, acrescentou o treinador depois da goleada sobre a Portuguesa na última rodada.

Do outro lado, o tricolor ficou na bronca sobre a data da partida. Para Mano Menezes, o período de descanso não foi justo para o time das Laranjeiras.

“Você vê uma disparidade. O Vasco, que jogou com a gente hoje, joga na segunda com três dias a mais. Nós temos um jogo no sábado contra o Flamengo, que descansou a maior parte dos titulares. Mas vamos ter força para fazer um grande jogo. Grandes jogos exigem boas defesas, ambição para jogar, capacidade para atacar. A equipe mostrou tudo isso hoje, é o caminho que queremos sedimentar daqui para frente”, compartilhou na coletiva da partida contra o Vasco, na última quarta-feira, em Brasília.

Independente do dilema entre os técnicos, o Flamengo chega para o confronto em uma situação mais confortável. Em segundo, com 13 pontos e um jogo a menos, o rubro-negro pode encaminhar a classificação para a próxima fase se vencer novamente. Seria o sexto triunfo consecutivo da equipe da Gávea.

Do outro lado, o Fluminense chega com a corda no pescoço. A vitória contra o Vasco deu um pequeno alívio para o tricolor, mas o cenário ainda não é favorável. O time das Laranjeiras está em 8ª no campeonato com 10 pontos e precisa correr atrás do prejuízo nos próximos três jogos para sonhar com um lugar nas semifinais do estadual.

Garotos do Ninho

A partida também será marcada por uma homenagem que transcende o futebol. Hoje completam seis anos da tragédia que tirou a vida de dez jogadores da base do Flamengo, quando um incêndio atingiu o alojamento do Ninho do Urubu. O rubro-negro fará uma série de ações ao longo do dia, com um culto ecumênico para as famílias, patchs na camisa e um vídeo no telão do Maracanã. Na última terça-feira, o clube anunciou um acordo com os pais do goleiro Christian Esmério, a única família que ainda não havia sido indenizada.

“Eu tenho uma conexão forte com esses meninos. Tem um memorial no Ninho e eu sempre vou lá. Eu não estava aqui (na tragédia), mas eu sou pai e me sinto como pai de um desses dez meninos. Entregar esses meninos para jogar futebol com sonho e pegar num caixão... Nenhum dinheiro e acordo vai fazer a dor dos pais ar, mas o que podemos fazer é dar carinho e e e dizer que também sentimos essa dor. Tenho filhos, sei da dificuldade que pode ser isso. Ninguém deseja ar por isso. Meu apoio a todas as famílias, vou estar sempre lembrando. Vai ter uma missa, estarei lá vendo os pais. Sinto que eles estão comigo, não sei como explicar. Comecei na base e deu tudo certo na base. Tenho essa crença. Espero que possam ter os corações confortados”, disse Filipe Luís na coletiva após a vitória contra a Portuguesa.

O incêndio no Ninho do Urubu deixou dez jovens mortos, todos entre 14 e 16 anos. As vítimas foram Athila Paixão, Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Gedson Santos, Jorge Eduardo Santos, Pablo Henrique da Silva Matos, Rykelmo de Souza Vianna, Samuel Thomas Rosa e Vitor Isaías. Nenhuma pessoa foi punida criminalmente pelo ocorrido em 6 de fevereiro de 2019.

A pedra no sapato de Filipe


Clássico 453 entre Flamengo e Fluminense terá reencontro com o único time que venceu o treinador rubro-negro


Arthur Ribeiro*


O começo de trajetória de Filipe Luís como técnico do Flamengo foi como nos sonhos de qualquer treinador. Iniciando uma nova era como comandante do clube de coração, o ex-lateral não demorou para cair nas graças da torcida. São dois títulos e apenas uma derrota em menos de cinco meses de trabalho. O único revés? Contra o Fluminense de Mano Menezes, pelo Brasileirão 2024. Com a revanche pessoal do treinador e a classificação para a segunda fase do Campeonato Carioca em jogo, é este o clima para o capítulo 453 do Fla x Flu, hoje, às 16h30, no Maracanã. Globo, SporTV e Premiere transmitem.


Já são 20 jogos do ex-lateral no comando do Flamengo, contando com o amistoso contra o São Paulo nos Estados Unidos. São 13 vitórias, seis empates e uma derrota no recorte, enquanto levou para casa dois títulos, o da Copa do Brasil e o da Supercopa Rei. O início promissor rendeu até comparações com a agem de Jorge Jesus, referência para o jovem treinador.


“Eu sonhava e tinha esperança que fosse assim. Vai ser sempre alegria? Não, claro que terei momentos difíceis, mas me sinto preparado para esse desafio. Eu vivi como jogador com o maior de todos os tempos, que é o Jorge Jesus, e via como ele não relaxava, como deixava sempre o time com mais ambição. Aquilo me despertou outra vez essa chama. Sou mais ou menos uma cópia dele (Jesus). Nunca chegarei perto, mas o que eu quero um dia é poder fazer uma história do jeito que ele fez. Esse é meu objetivo, eu sonho alto, não vou mentir, mas sou realista. Sei que nem tudo na vida não são alegrias, mas estarei preparado quando vierem momentos difíceis”, disse após o título contra o Botafogo na Supercopa.


No entanto, o retrospecto de Filipe contra o Fluminense nos tempos de jogador também não é dos melhores. Desde a chegada no Flamengo, no meio de 2019, até a aposentadoria no fim de 2023, foram nove vitórias do rubro-negro contra dez do rival, além de seis empates. O lado positivo é que, dos quatro gols do lateral com a camisa do time de coração, dois foram contra o tricolor. Agora, a meta é ar por cima da pedra no sapato e aumentar a moral antes da sequência de clássicos contra Botafogo e Vasco. 


“Vi o jogo (do Fluminense) contra a Portuguesa, porque tinha que estudar a Portuguesa. Sei como o Mano joga e depois vou decidir o plano de jogo em função deles. Penso no Fluminense, mais nada que o Fluminense. Depois é Botafogo e Vasco. Quero ganhar, não vou entrar para perder ou empatar nunca. Contra o Fluminense, pode ter certeza de que vamos para vencer”, acrescentou o treinador depois da goleada sobre a Portuguesa na última rodada.


Do outro lado, o tricolor ficou na bronca sobre a data da partida. Para Mano Menezes, o período de descanso não foi justo para o time das Laranjeiras. 


“Você vê uma disparidade. O Vasco, que jogou com a gente hoje, joga na segunda com três dias a mais. Nós temos um jogo no sábado contra o Flamengo, que descansou a maior parte dos titulares. Mas vamos ter força para fazer um grande jogo. Grandes jogos exigem boas defesas, ambição para jogar, capacidade para atacar. A equipe mostrou tudo isso hoje, é o caminho que queremos sedimentar daqui para frente”, compartilhou na coletiva da partida contra o Vasco, na última quarta-feira, em Brasília.


Independente do dilema entre os técnicos, o Flamengo chega para o confronto em uma situação mais confortável. Em segundo, com 13 pontos e um jogo a menos, o rubro-negro pode encaminhar a classificação para a próxima fase se vencer novamente. Seria o sexto triunfo consecutivo da equipe da Gávea.


Do outro lado, o Fluminense chega com a corda no pescoço. A vitória contra o Vasco deu um pequeno alívio para o tricolor, mas o cenário ainda não é favorável. O time das Laranjeiras está em 8ª no campeonato com 10 pontos e precisa correr atrás do prejuízo nos próximos três jogos para sonhar com um lugar nas semifinais do estadual.


Garotos do Ninho


A partida também será marcada por uma homenagem que transcende o futebol. Hoje completam seis anos da tragédia que tirou a vida de dez jogadores da base do Flamengo, quando um incêndio atingiu o alojamento do Ninho do Urubu. O rubro-negro fará uma  série de ações ao longo do dia, com um culto ecumênico para as famílias, patchs na camisa e um vídeo no telão do Maracanã. Na última terça-feira, o clube anunciou um acordo com os pais do goleiro Christian Esmério, a única família que ainda não havia sido indenizada. 


“Eu tenho uma conexão forte com esses meninos. Tem um memorial no Ninho e eu sempre vou lá. Eu não estava aqui (na tragédia), mas eu sou pai e me sinto como pai de um desses dez meninos. Entregar esses meninos para jogar futebol com sonho e pegar num caixão... Nenhum dinheiro e acordo vai fazer a dor dos pais ar, mas o que podemos fazer é dar carinho e e e dizer que também sentimos essa dor. Tenho filhos, sei da dificuldade que pode ser isso. Ninguém deseja ar por isso. Meu apoio a todas as famílias, vou estar sempre lembrando. Vai ter uma missa, estarei lá vendo os pais. Sinto que eles estão comigo, não sei como explicar. Comecei na base e deu tudo certo na base. Tenho essa crença. Espero que possam ter os corações confortados”, disse Filipe Luís na coletiva após a vitória contra a Portuguesa. 


O incêndio no Ninho do Urubu deixou dez jovens mortos, todos entre 14 e 16 anos. As vítimas foram Athila Paixão, Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Gedson Santos, Jorge Eduardo Santos, Pablo Henrique da Silva Matos, Rykelmo de Souza Vianna, Samuel Thomas Rosa e Vitor Isaías. Nenhuma pessoa foi punida criminalmente pelo ocorrido em 6 de fevereiro de 2019.


Arthur Ribeiro*
AR
postado em 08/02/2025 13:34 / atualizado em 08/02/2025 13:36
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