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Antes incomum, os crimes t&ecirc;m exigido aten&ccedil;&atilde;o das autoridades e gerado alerta entre fam&iacute;lias e estudantes. &nbsp;</p> <p class="texto">Catarina de Almeida, professora e pesquisadora da Faculdade de Educa&ccedil;&atilde;o da Universidade de Bras&iacute;lia (UnB), v&ecirc; as institui&ccedil;&otilde;es de ensino mais vulner&aacute;veis por motivos que n&atilde;o est&atilde;o ligados &agrave; falta de instrumentos de seguran&ccedil;a.&nbsp;</p> <blockquote> <p class="texto">"As escolas t&ecirc;m sido perseguidas quando tratam de temas como educa&ccedil;&atilde;o sexual, quest&otilde;es de g&ecirc;nero, racismo, misoginia. Temos inclusive muitos parlamentares que exp&otilde;em a figura do professor ou da professora. E isso &eacute; uma quest&atilde;o muita s&eacute;ria para a sa&uacute;de ps&iacute;quica desses professores. 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Ao mesmo tempo, Catarina defende a cria&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas para capacitar as comunidades escolares e familiares a identificar altera&ccedil;&otilde;es comportamentais nos jovens e observarem o conte&uacute;do digital consumido por crian&ccedil;as e adolescentes.</p> <p class="texto">Para a educadora Telma Vinha, coordenadora de pesquisa realizada pela Unicamp sobre casos de ataques em escolas por alunos ou ex-alunos, &eacute; preciso desenvolver, por meio de pol&iacute;ticas p&uacute;blicas, uma cultura de di&aacute;logo nas escolas que fortale&ccedil;am os valores democr&aacute;ticos. 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N&atilde;o d&aacute; para responsabilizar individualmente cada escola".&nbsp;</p> </blockquote> <p class="texto">Ainda segundo ela, quando ocorrem esses epis&oacute;dios, muitas das solu&ccedil;&otilde;es apresentadas se baseiam apenas em medidas de seguran&ccedil;a. "Nos Estados Unidos, o excesso de aparato de seguran&ccedil;a nas escolas n&atilde;o resolve. L&aacute; tem detector de metal, c&acirc;meras 3D, e os casos continuam ocorrendo", alertou.</p> <p class="texto">Paralelamente aos projetos que envolvem a escola, a amplia&ccedil;&atilde;o do trabalho de intelig&ecirc;ncia &eacute; considerada fundamental. Na semana ada, mensagens contendo amea&ccedil;as de ataque a uma escola do Rio de Janeiro foram encontradas pelo Minist&eacute;rio da Justi&ccedil;a e Seguran&ccedil;a P&uacute;blica durante monitoramento na internet. O conte&uacute;do foi encaminhado &agrave; Pol&iacute;cia Civil, que apreendeu uma adolescente de 12 anos, &oacute;rf&atilde; de m&atilde;e e, segundo as investiga&ccedil;&otilde;es, com problemas de relacionamento na institui&ccedil;&atilde;o de ensino, onde seria v&iacute;tima de <em>bullying</em>. De acordo com os policiais, ela itiu ser a autora das mensagens.&nbsp;</p> <p class="texto">Em 2021, um jovem de 16 anos tamb&eacute;m foi apreendido em Goi&acirc;nia ap&oacute;s a identifica&ccedil;&atilde;o de conversas onde ele anunciava itia ser f&atilde; do nazismo e afirmava estar pronto para cometer algum ataque em escola, pois teria facilidade em ar material b&eacute;lico. Telma observa que hoje n&atilde;o h&aacute; uma plataforma centralizada de den&uacute;ncia, onde estudantes possam ir quando veem algo na internet ou em grupos privados.</p> <p class="texto">"&Agrave;s vezes contam para o diretor, que n&atilde;o sabe o que fazer e faz um boletim na delegacia do bairro", relata. Ela avalia que a cria&ccedil;&atilde;o de um canal unificado facilitar&aacute; com que as den&uacute;ncias sejam feitas e permitir&aacute; que elas sejam levadas mais &agrave; s&eacute;rio e sejam investigadas com intelig&ecirc;ncia.&nbsp;</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> </ul> </div></p> <h3>Armas de fogo</h3> <p class="texto">Nem todos os epis&oacute;dios de viol&ecirc;ncia em ambiente escolar est&atilde;o relacionados com armas de fogo. Ainda assim, de acordo com o levantamento da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), as armas de fogo foram usadas em mais da metade dos casos: 12 dos 22 ataques. Em seis epis&oacute;dios, o jovem teve o ao armamento em casa.</p> <p class="texto">O documento produzido pelo grupo mobilizado pelo professor da Faculdade de Educa&ccedil;&atilde;o da Universidade de S&atilde;o Paulo (USP), Daniel Cara, compilou dados do Anu&aacute;rio Brasileiro de Seguran&ccedil;a P&uacute;blica para apontar os efeitos das pol&iacute;ticas de flexibiliza&ccedil;&atilde;o das normas para compra de armas adotadas durante o governo de Jair Bolsonaro, entre 2018 e 2022.&nbsp; No per&iacute;odo, o n&uacute;mero de registros de armas em m&atilde;os de ca&ccedil;adores, atiradores e colecionadores quase sextuplicou alcan&ccedil;ando a marca de 673.818.</p> <p class="texto">"Esses dados s&atilde;o fundamentais para a desconstru&ccedil;&atilde;o da narrativa que coloca essa viol&ecirc;ncia na conta das escolas, que apontam solu&ccedil;&otilde;es f&aacute;ceis, que geralmente, culpabilizam as institui&ccedil;&otilde;es escolares", apontam os pesquisadores. Eles cobram altera&ccedil;&otilde;es normativas e legais que revertam esse quadro.&nbsp;</p> <h3>Mudan&ccedil;as na legisla&ccedil;&atilde;o</h3> <p class="texto">No documento, educadores defendem atualiza&ccedil;&otilde;es no C&oacute;digo Penal para tipificar condutas relacionadas &agrave; coopta&ccedil;&atilde;o e recrutamento de crian&ccedil;as e adolescentes por grupos e ideologias de extremistas de direita. Tamb&eacute;m advogam pela tipifica&ccedil;&atilde;o da fabrica&ccedil;&atilde;o, comercializa&ccedil;&atilde;o, distribui&ccedil;&atilde;o e veicula&ccedil;&atilde;o de s&iacute;mbolos, emblemas, distintivos ou propaganda de teor supremacista que fa&ccedil;am ou n&atilde;o uso da cruz su&aacute;stica.&nbsp;</p> <p class="texto">Uma outra mudan&ccedil;a fundamental na &oacute;tica dos pesquisadores &eacute; a ado&ccedil;&atilde;o de um novo marco regulat&oacute;rio para a internet que seja capaz de oferecer mecanismos contra a circula&ccedil;&atilde;o de discursos de &oacute;dio e desinforma&ccedil;&atilde;o promovidos n&atilde;o apenas por grupos neonazistas, mas tamb&eacute;m por lideran&ccedil;as p&uacute;blicas pol&iacute;ticas e sociais que ganharam visibilidade em diversos lugares do mundo onde a extrema-direita cresceu nos &uacute;ltimos anos. F&oacute;runs virtuais, chats, redes sociais e aplicativos como Telegram, Whatsapp e Discord se tornaram espa&ccedil;os de dissemina&ccedil;&atilde;o desses conte&uacute;dos.&nbsp;</p> <p class="texto">A responsabiliza&ccedil;&atilde;o das plataformas pelas publica&ccedil;&otilde;es dos usu&aacute;rios exige altera&ccedil;&otilde;es no Marco Civil da Internet e &eacute; um assunto controverso que vem gerando debates institucionais. O tema esteve em pauta no m&ecirc;s ado em uma audi&ecirc;ncia p&uacute;blica realizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Telma Vinha observa que f&oacute;runs de grupos neonazistas se encontravam anteriormente na chamada <em>Deep Web</em>, que n&atilde;o &eacute; indexada em sistemas de busca e &eacute; de o mais , demandando navegadores espec&iacute;ficos. "Nos &uacute;ltimos anos, eles aram para a superf&iacute;cie da internet. &Eacute; de f&aacute;cil o atrav&eacute;s das redes sociais", afirma.&nbsp;</p> <p class="texto">Os pesquisadores da Unicamp possuem <em>prints</em> de mensagens amea&ccedil;adoras encontradas em redes sociais. Uma dessas postagens, em que o autor afirma j&aacute; ter armas, vestimentas e um parceiro na escola que topou executar seu plano, continha 43 curtidas. A publica&ccedil;&atilde;o ficou cerca de um m&ecirc;s no Twitter.</p> <p class="texto">A forma de funcionamento dos algoritmos das redes sociais tamb&eacute;m gera preocupa&ccedil;&atilde;o: ao curtir uma mensagem desse teor ou assistir um v&iacute;deo contendo discurso de &oacute;dio, outros perfis e publica&ccedil;&otilde;es similares s&atilde;o recomendados. E al&eacute;m de facilitar o o a esses conte&uacute;dos, muitos deles s&atilde;o monetizados a partir de publicidade direcionada pela pr&oacute;pria plataforma.&nbsp;</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> </ul> </div></p> <h3>Abordagem jornal&iacute;stica&nbsp;</h3> <p class="texto">Cuidados que a m&iacute;dia deve ter ao reportar um ataque foram discutidos em webin&aacute;rio promovido pela Jeduca, uma associa&ccedil;&atilde;o formada por jornalistas que cobrem educa&ccedil;&atilde;o.</p> <p class="texto">Pesquisadores consideram que determinados tipos de cobertura podem influenciar novos epis&oacute;dios. Segundo Catarina, &eacute; preciso uma abordagem jornal&iacute;stica que evite dar notoriedade ao autor do ataque, uma vez que este &eacute; exatamente o seu objetivo e a aten&ccedil;&atilde;o da m&iacute;dia &eacute; percebida como recompensa. Ela considera inadequado mostrar imagens da a&ccedil;&atilde;o e dar relev&acirc;ncia &agrave; hist&oacute;ria de vida do autor. "A exposi&ccedil;&atilde;o aumenta o status social daquele que provocou o ataque, gerando uma notoriedade que &eacute; desejada por outros", observa.&nbsp;</p> <p class="texto">Em sua vis&atilde;o, o detalhamento da hist&oacute;ria de vida do autor acaba por individualizar o caso podendo, por exemplo, ar a ideia equivocada de que ele est&aacute; unicamente relacionado com um quadro de depress&atilde;o. Ela reitera que se trata de um fen&ocirc;meno mais complexo. "Ficar dizendo que o autor estava se vingando por ter sofrido bullying e falar das origens do atirador pode fazer com outros jovens se identifiquem", acrescenta a pesquisadora.&nbsp;</p> <p class="texto">Al&eacute;m disso, as extensas coberturas com o relato minucioso, que revelam o o a o do plano de ataque, podem proporcionar dissemina&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&atilde;o indesejada. "Os autores buscam observar aquilo que outros j&aacute; fizeram. Como eles n&atilde;o se conhecem, onde eles buscam obter essas informa&ccedil;&otilde;es? Na m&iacute;dia. Ent&atilde;o a m&iacute;dia pode influenciar na prolifera&ccedil;&atilde;o desses ataques realizados por jovens em escolas", avalia Catarina.&nbsp;</p> <p class="texto">A pesquisadora afirma que h&aacute; projetos de lei em tramita&ccedil;&atilde;o no Congresso inspirados em medidas adotadas na Nova Zel&acirc;ndia, onde &eacute; proibido noticiar informa&ccedil;&otilde;es sobre o autor do ataque e sobre os procedimentos utilizados. Ela tamb&eacute;m observa que diretrizes j&aacute; elaboradas pela Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de (OMS) para cobertura de casos de suic&iacute;dio tamb&eacute;m podem ser v&aacute;lidas para reportagens sobre ocorr&ecirc;ncias de ataques em escolas. 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Eu, Estudante 6rh50

Educação

Especialistas defendem espaços de expressão de sentimentos em escolas 1k1z4z

Catarina de Almeida, professora e pesquisadora da UnB, vê as instituições de ensino mais vulneráveis por motivos que não estão ligados à falta de instrumentos de segurança 184o2v

A cultura de diálogo que fortaleça os valores democráticos nas escolas é um dos caminhos apontados por educadores para frear o aumento de ataques em escolas do país. Antes incomum, os crimes têm exigido atenção das autoridades e gerado alerta entre famílias e estudantes.  

Catarina de Almeida, professora e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), vê as instituições de ensino mais vulneráveis por motivos que não estão ligados à falta de instrumentos de segurança. 

"As escolas têm sido perseguidas quando tratam de temas como educação sexual, questões de gênero, racismo, misoginia. Temos inclusive muitos parlamentares que expõem a figura do professor ou da professora. E isso é uma questão muita séria para a saúde psíquica desses professores. Ainda am para a sociedade a ideia de que qualquer pessoa pode entrar numa escola e dizer o que ela deve ou não fazer ", avalia. 

Segundo Catarina, a redução de componentes curriculares de ciências humanas e sociais aplicadas - história, filosofia, sociologia e geografia - no ensino médio fazem com que estudantes tenha dificuldade de compreender noções de justiça, solidariedade, respeito aos direitos humanos e combate aos preconceitos de qualquer natureza. Ao mesmo tempo, Catarina defende a criação de políticas públicas para capacitar as comunidades escolares e familiares a identificar alterações comportamentais nos jovens e observarem o conteúdo digital consumido por crianças e adolescentes.

Para a educadora Telma Vinha, coordenadora de pesquisa realizada pela Unicamp sobre casos de ataques em escolas por alunos ou ex-alunos, é preciso desenvolver, por meio de políticas públicas, uma cultura de diálogo nas escolas que fortaleçam os valores democráticos. Ela defende a criação espaços de expressão de sentimento, voltados para fomentar um clima positivo na convivência, e também espaços de mediação de conflitos que podem envolver assembleias coletivas e reuniões privadas onde os estudantes aprendem a usar o diálogo em substituição à violência. 

Saiba Mais 321468

"Hoje os profissionais da educação atuam como bombeiro. Só atuam depois que os conflitos entre alunos já estão ocorrendo na escola. É preciso criar um clima positivo de convivência capaz de evitar que eles surjam. Mas só é possível capitaneado pelo Ministério da Educação, por secretarias estaduais de educação. Não dá para responsabilizar individualmente cada escola". 

Ainda segundo ela, quando ocorrem esses episódios, muitas das soluções apresentadas se baseiam apenas em medidas de segurança. "Nos Estados Unidos, o excesso de aparato de segurança nas escolas não resolve. Lá tem detector de metal, câmeras 3D, e os casos continuam ocorrendo", alertou.

Paralelamente aos projetos que envolvem a escola, a ampliação do trabalho de inteligência é considerada fundamental. Na semana ada, mensagens contendo ameaças de ataque a uma escola do Rio de Janeiro foram encontradas pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública durante monitoramento na internet. O conteúdo foi encaminhado à Polícia Civil, que apreendeu uma adolescente de 12 anos, órfã de mãe e, segundo as investigações, com problemas de relacionamento na instituição de ensino, onde seria vítima de bullying. De acordo com os policiais, ela itiu ser a autora das mensagens. 

Em 2021, um jovem de 16 anos também foi apreendido em Goiânia após a identificação de conversas onde ele anunciava itia ser fã do nazismo e afirmava estar pronto para cometer algum ataque em escola, pois teria facilidade em ar material bélico. Telma observa que hoje não há uma plataforma centralizada de denúncia, onde estudantes possam ir quando veem algo na internet ou em grupos privados.

"Às vezes contam para o diretor, que não sabe o que fazer e faz um boletim na delegacia do bairro", relata. Ela avalia que a criação de um canal unificado facilitará com que as denúncias sejam feitas e permitirá que elas sejam levadas mais à sério e sejam investigadas com inteligência. 

Saiba Mais 321468

Armas de fogo 1u5k3v

Nem todos os episódios de violência em ambiente escolar estão relacionados com armas de fogo. Ainda assim, de acordo com o levantamento da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), as armas de fogo foram usadas em mais da metade dos casos: 12 dos 22 ataques. Em seis episódios, o jovem teve o ao armamento em casa.

O documento produzido pelo grupo mobilizado pelo professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Cara, compilou dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública para apontar os efeitos das políticas de flexibilização das normas para compra de armas adotadas durante o governo de Jair Bolsonaro, entre 2018 e 2022.  No período, o número de registros de armas em mãos de caçadores, atiradores e colecionadores quase sextuplicou alcançando a marca de 673.818.

"Esses dados são fundamentais para a desconstrução da narrativa que coloca essa violência na conta das escolas, que apontam soluções fáceis, que geralmente, culpabilizam as instituições escolares", apontam os pesquisadores. Eles cobram alterações normativas e legais que revertam esse quadro. 

Mudanças na legislação 165h4h

No documento, educadores defendem atualizações no Código Penal para tipificar condutas relacionadas à cooptação e recrutamento de crianças e adolescentes por grupos e ideologias de extremistas de direita. Também advogam pela tipificação da fabricação, comercialização, distribuição e veiculação de símbolos, emblemas, distintivos ou propaganda de teor supremacista que façam ou não uso da cruz suástica. 

Uma outra mudança fundamental na ótica dos pesquisadores é a adoção de um novo marco regulatório para a internet que seja capaz de oferecer mecanismos contra a circulação de discursos de ódio e desinformação promovidos não apenas por grupos neonazistas, mas também por lideranças públicas políticas e sociais que ganharam visibilidade em diversos lugares do mundo onde a extrema-direita cresceu nos últimos anos. Fóruns virtuais, chats, redes sociais e aplicativos como Telegram, Whatsapp e Discord se tornaram espaços de disseminação desses conteúdos. 

A responsabilização das plataformas pelas publicações dos usuários exige alterações no Marco Civil da Internet e é um assunto controverso que vem gerando debates institucionais. O tema esteve em pauta no mês ado em uma audiência pública realizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Telma Vinha observa que fóruns de grupos neonazistas se encontravam anteriormente na chamada Deep Web, que não é indexada em sistemas de busca e é de o mais , demandando navegadores específicos. "Nos últimos anos, eles aram para a superfície da internet. É de fácil o através das redes sociais", afirma. 

Os pesquisadores da Unicamp possuem prints de mensagens ameaçadoras encontradas em redes sociais. Uma dessas postagens, em que o autor afirma já ter armas, vestimentas e um parceiro na escola que topou executar seu plano, continha 43 curtidas. A publicação ficou cerca de um mês no Twitter.

A forma de funcionamento dos algoritmos das redes sociais também gera preocupação: ao curtir uma mensagem desse teor ou assistir um vídeo contendo discurso de ódio, outros perfis e publicações similares são recomendados. E além de facilitar o o a esses conteúdos, muitos deles são monetizados a partir de publicidade direcionada pela própria plataforma. 

Saiba Mais 321468

Abordagem jornalística  4d4c4r

Cuidados que a mídia deve ter ao reportar um ataque foram discutidos em webinário promovido pela Jeduca, uma associação formada por jornalistas que cobrem educação.

Pesquisadores consideram que determinados tipos de cobertura podem influenciar novos episódios. Segundo Catarina, é preciso uma abordagem jornalística que evite dar notoriedade ao autor do ataque, uma vez que este é exatamente o seu objetivo e a atenção da mídia é percebida como recompensa. Ela considera inadequado mostrar imagens da ação e dar relevância à história de vida do autor. "A exposição aumenta o status social daquele que provocou o ataque, gerando uma notoriedade que é desejada por outros", observa. 

Em sua visão, o detalhamento da história de vida do autor acaba por individualizar o caso podendo, por exemplo, ar a ideia equivocada de que ele está unicamente relacionado com um quadro de depressão. Ela reitera que se trata de um fenômeno mais complexo. "Ficar dizendo que o autor estava se vingando por ter sofrido bullying e falar das origens do atirador pode fazer com outros jovens se identifiquem", acrescenta a pesquisadora. 

Além disso, as extensas coberturas com o relato minucioso, que revelam o o a o do plano de ataque, podem proporcionar disseminação de informação indesejada. "Os autores buscam observar aquilo que outros já fizeram. Como eles não se conhecem, onde eles buscam obter essas informações? Na mídia. Então a mídia pode influenciar na proliferação desses ataques realizados por jovens em escolas", avalia Catarina. 

A pesquisadora afirma que há projetos de lei em tramitação no Congresso inspirados em medidas adotadas na Nova Zelândia, onde é proibido noticiar informações sobre o autor do ataque e sobre os procedimentos utilizados. Ela também observa que diretrizes já elaboradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para cobertura de casos de suicídio também podem ser válidas para reportagens sobre ocorrências de ataques em escolas. A entidade recomenda evitar o sensacionalismo, não mostrar vídeos e fotografias da ação, não fornecer descrição o a o dos métodos. 

Para Catarina, é preciso reduzir o tempo de cobertura midiática sobre os ataques. De outro lado, ele acredita que a imprensa pode contribuir para o enfrentamento da situação se focar nas punições, se retratar a ação como algo vergonhoso e se, ado o calor do momento, acompanhar e cobrar a implementação de propostas. 

Saiba Mais 321468