/* 1rem = 16px, 0.625rem = 10px, 0.5rem = 8px, 0.25rem = 4px, 0.125rem = 2px, 0.0625rem = 1px */ :root { --cor: #073267; --fonte: "Roboto", sans-serif; --menu: 12rem; /* Tamanho Menu */ } @media screen and (min-width: 600px){ .site{ width: 50%; margin-left: 25%; } .logo{ width: 50%; } .hamburger{ display: none; } } @media screen and (max-width: 600px){ .logo{ width: 100%; } } p { text-align: justify; } .logo { display: flex; position: absolute; /* Tem logo que fica melhor sem position absolute*/ align-items: center; justify-content: center; } .hamburger { font-size: 1.5rem; padding-left: 0.5rem; z-index: 2; } .sidebar { padding: 10px; margin: 0; z-index: 2; } .sidebar>li { list-style: none; margin-bottom: 10px; z-index: 2; } .sidebar a { text-decoration: none; color: #fff; z-index: 2; } .close-sidebar { font-size: 1.625em; padding-left: 5px; height: 2rem; z-index: 3; padding-top: 2px; } #sidebar1 { width: var(--menu); background: var(--cor); color: #fff; } #sidebar1 amp-img { width: var(--menu); height: 2rem; position: absolute; top: 5px; z-index: -1; } .fonte { font-family: var(--fonte); } .header { display: flex; background: var(--cor); color: #fff; align-items: center; height: 3.4rem; } .noticia { margin: 0.5rem; } .assunto { text-decoration: none; color: var(--cor); text-transform: uppercase; font-size: 1rem; font-weight: 800; display: block; } .titulo { color: #333; } .autor { color: var(--cor); font-weight: 600; } .chamada { color: #333; font-weight: 600; font-size: 1.2rem; line-height: 1.3; } .texto { line-height: 1.3; } .galeria {} .retranca {} .share { display: flex; justify-content: space-around; padding-bottom: 0.625rem; padding-top: 0.625rem; } .tags { display: flex; flex-wrap: wrap; flex-direction: row; text-decoration: none; } .tags ul { display: flex; flex-wrap: wrap; list-style-type: disc; margin-block-start: 0.5rem; margin-block-end: 0.5rem; margin-inline-start: 0px; margin-inline-end: 0px; padding-inline-start: 0px; flex-direction: row; } .tags ul li { display: flex; flex-wrap: wrap; flex-direction: row; padding-inline-end: 2px; padding-bottom: 3px; padding-top: 3px; } .tags ul li a { color: var(--cor); text-decoration: none; } .tags ul li a:visited { color: var(--cor); } .citacao {} /* Botões de compartilhamento arrendodados com a cor padrão do site */ amp-social-share.rounded { border-radius: 50%; background-size: 60%; color: #fff; background-color: var(--cor); } --> { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/euestudante/ensino-superior/2022/04/5002395-enem-mais-negro-por-que-numero-de-candidatos-pretos-e-pardos-cresceu-ao-longo-dos-anos.html", "name": "Enem mais negro: por que número de candidatos pretos e pardos cresceu ao longo dos anos", "headline": "Enem mais negro: por que número de candidatos pretos e pardos cresceu ao longo dos anos", "alternateName": "Ensino superior", "alternativeHeadline": "Ensino superior", "datePublished": "2022-04-22-0308:40:00-10800", "articleBody": "<figure><br /></figure> <p class="texto">Antes da forte queda no n&uacute;mero de inscritos que marcou o Enem (Exame Nacional do Ensino M&eacute;dio) em 2021, o principal meio de entrada para o ensino superior no Brasil registrava uma mudan&ccedil;a significativa.</p> <p class="texto">Entre 2010 e 2016, a propor&ccedil;&atilde;o de pretos e pardos &mdash; grupos que juntos formam a popula&ccedil;&atilde;o negra brasileira &mdash; entre os candidatos saltou de 51% para 60%, enquanto a parcela de brancos diminuiu de 43% para 35%.</p> <p class="texto">Intrigado com a mudan&ccedil;a, num per&iacute;odo marcado pela ado&ccedil;&atilde;o das cotas sociais e raciais nas universidades p&uacute;blicas, mas tamb&eacute;m pelo avan&ccedil;o do orgulho de ser negro no pa&iacute;s, o pesquisador Adriano Senkevics decidiu investigar os motivos por tr&aacute;s dessa tend&ecirc;ncia.</p> <ul> <li><a href="https://correiobraziliense-br.parananoticias.info/portuguese/brasil-56034818?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D">Lei de Cotas ainda n&atilde;o cumpriu seu objetivo e precisa ser renovada em 2022, diz reitor da Zumbi dos Palmares</a></li> </ul> <p class="texto">Seria o forte aumento no n&uacute;mero de candidatos &mdash; que saltou de 4,6 milh&otilde;es para 8,6 milh&otilde;es em apenas seis anos &mdash; que estaria ampliando o o de grupos antes exclu&iacute;dos?</p> <p class="texto">Ou, diante da alta concorr&ecirc;ncia, candidatos negros teriam de fazer a prova mais vezes at&eacute; serem aprovados?</p> <p class="texto">E qual o peso nessa mudan&ccedil;a de pessoas que antes se consideravam brancas mas, ao tentar a prova mais de uma vez, avam a se autodefinir como pardas?</p> <p class="texto">Ou ent&atilde;o, que avam de pardas a pretas, num processo de "escurecimento" da popula&ccedil;&atilde;o tamb&eacute;m identificado em outras pesquisas demogr&aacute;ficas, como a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domic&iacute;lios) e o Censo do IBGE, que nenhuma rela&ccedil;&atilde;o t&ecirc;m com o o ao ensino superior.</p> <p class="texto">Doutor em educa&ccedil;&atilde;o pela USP (Universidade de S&atilde;o Paulo) e pesquisador do Inep, &oacute;rg&atilde;o respons&aacute;vel pela realiza&ccedil;&atilde;o do Enem, Senkevics descobriu que cada um desses tr&ecirc;s fatores contribu&iacute;ram para a mudan&ccedil;a, ainda que com pesos distintos.</p> <p class="texto"><a href="https://www.scielo.br/j/dados/a/KS9p9Mvbz83j8tYx45S7N4m/?lang=pt">Em artigo publicado neste m&ecirc;s pela Dados Revista de Ci&ecirc;ncias Sociais</a>, peri&oacute;dico cient&iacute;fico mantido pelo Instituto de Estudos Sociais e Pol&iacute;ticos da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), o pesquisador se debru&ccedil;ou sobre o tema.</p> <p class="texto">A BBC News Brasil conversou com ele para entender melhor os principais resultados desse estudo, que &eacute; o primeiro a investigar o fen&ocirc;meno da "reclassifica&ccedil;&atilde;o racial" &mdash; isto &eacute;, das pessoas que mudam sua autodefini&ccedil;&atilde;o de ra&ccedil;a ou cor &mdash; no Enem.</p> <h3>Uma mudan&ccedil;a cultural no Brasil</h3> <p class="texto">Senkevics conta que muita gente pensa que ele decidiu olhar para o aumento da propor&ccedil;&atilde;o de negros no Enem e o fen&ocirc;meno da reclassifica&ccedil;&atilde;o racial dos candidatos pensando em captar fraudes nas cotas, mas ele deixa bem claro que essa n&atilde;o &eacute; a inten&ccedil;&atilde;o do estudo.</p> <p class="texto">"O que me motivou foi uma curiosidade cient&iacute;fica com rela&ccedil;&atilde;o a esse movimento de as pessoas se classificarem cada vez mais como negras", diz o pesquisador.</p> <p class="texto">"Trata-se de um fen&ocirc;meno cultural brasileiro, que &eacute; a assun&ccedil;&atilde;o cada vez maior da identidade e do pertencimento negro, num pa&iacute;s historicamente racista e cujo racismo foi apoiado num processo de 'embraquecimento' hist&oacute;rico, de nega&ccedil;&atilde;o de identidades raciais negras e ind&iacute;genas e desvaloriza&ccedil;&atilde;o da hist&oacute;ria e cultura dessas parcelas da popula&ccedil;&atilde;o", acrescenta.</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/1235D/production/_115598547_bb14bb0e-dcb7-40fc-aa3f-7a683fc11376.jpg" alt="Mulher com m&aacute;scara em que se l&ecirc; vidas negras importam" width="976" height="549" /><footer>EPA</footer> <figcaption>'Trata-se de um fen&ocirc;meno cultural brasileiro, que &eacute; a assun&ccedil;&atilde;o cada vez maior da identidade e do pertencimento negro', observa Senkevics</figcaption> </figure> <p class="texto">O estudo &eacute; dividido em tr&ecirc;s partes.</p> <p class="texto">Na primeira delas, o pesquisador do Inep olha para os novos inscritos, ou seja, as pessoas que est&atilde;o prestando o Enem pela primeira vez. Nesse grupo, o percentual de negros ou de 51,5% para 57% nos seis anos analisados.</p> <p class="texto">Para Senkevics, a mudan&ccedil;a no perfil racial aqui reflete altera&ccedil;&otilde;es no cen&aacute;rio educacional brasileiro. A primeira dessas mudan&ccedil;as &eacute; o aumento na propor&ccedil;&atilde;o de jovens que concluem o ensino m&eacute;dio, com redu&ccedil;&atilde;o da repet&ecirc;ncia e da evas&atilde;o escolar nessa fase do ensino.</p> <p class="texto">Como resultado desse processo, mais jovens de baixa renda, negros e estudantes vindos de fam&iacute;lias menos privilegiadas se tornaram aptos a tentar uma vaga no ensino superior.</p> <p class="texto">"O perfil de quem termina o ensino m&eacute;dio foi se tornando cada vez mais heterog&ecirc;neo e representativo da popula&ccedil;&atilde;o", observa o especialista em educa&ccedil;&atilde;o. "O jovem de classe alta, de fam&iacute;lia mais escolarizada, j&aacute; fazia o Enem. A novidade &eacute; que vai entrando um perfil novo, que vai aumentando sua presen&ccedil;a cada vez mais nesse per&iacute;odo."</p> <p class="texto">Al&eacute;m disso, pol&iacute;ticas de amplia&ccedil;&atilde;o do o &agrave;s universidades geraram um incentivo para estudantes que antes talvez n&atilde;o acreditassem na possibilidade de ingressar numa faculdade arem a ter mais esperan&ccedil;a com rela&ccedil;&atilde;o ao processo seletivo.</p> <p class="texto">Entre essas pol&iacute;ticas, o pesquisador cita o programa de bolsas de estudo Prouni, o programa de financiamento estudantil Fies, o sistema &uacute;nico de oferta de vagas Sisu e a lei de cotas.</p> <p class="texto">Por fim, Senkevics destaca que esses novos inscritos est&atilde;o sujeitos &agrave;s mesmas mudan&ccedil;as culturais e demogr&aacute;ficas identificadas na popula&ccedil;&atilde;o brasileira em geral e, portanto, mais jovens talvez estejam se percebendo como negros mesmo antes de se inscreverem no Enem, contribuindo para a mudan&ccedil;a no perfil racial dos novos inscritos.</p> <h3>Negros s&atilde;o maioria entre inscritos reincidentes</h3> <p class="texto">Na segunda parte do estudo, o pesquisador olha para os estudantes que prestam o Enem mais de uma vez. Em 2011, os inscritos reincidentes eram 36% do total, chegando a 65% em 2016.</p> <p class="texto">Entre os estudantes que prestam o Enem uma ou duas vezes, h&aacute; pouca diferen&ccedil;a no perfil racial, com brancos superando pardos em cerca de 1 ponto percentual.</p> <p class="texto">Mas, a partir da terceira tentativa, a parcela de pardos a a superar a de brancos, chegando a 48% de pardos para 30% de brancos entre aqueles que se inscreveram sete vezes, uma diferen&ccedil;a significativa, de 18 pontos percentuais.</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/127FB/production/_124217757_3estudante.jpg" alt="Jovem negra em uma biblioteca" width="976" height="549" /><footer>Getty Images</footer> <figcaption>Pretos e pardos t&ecirc;m taxas de absten&ccedil;&atilde;o maiores nos dias de provas e m&eacute;dias de desempenho menores, fatores que ajudam a explicar porque negros prestam o Enem mais vezes</figcaption> </figure> <p class="texto">"A pessoa pode fazer o Enem quantas vezes ela quiser; como o ensino superior &eacute; muito disputado e o processo seletivo &eacute; muito afunilado, uma pequena parte dos inscritos vai ter sucesso", observa Senkevics. "Candidatos menos preparados, com origens menos privilegiadas, como boa parte da popula&ccedil;&atilde;o negra, podem ser obrigados a fazer o exame mais de uma vez."</p> <p class="texto">O pesquisador destaca alguns indicadores que mostram as dificuldades dos candidatos negros no Enem: pretos e pardos t&ecirc;m taxas de absten&ccedil;&atilde;o maiores nos dias de provas (quando a pessoa se inscreve mas n&atilde;o consegue comparecer no dia do exame) e m&eacute;dias de desempenho menores, em rela&ccedil;&atilde;o aos brancos.</p> <p class="texto">Essas dificuldades podem levar um candidato a se inscrever novamente na prova. Quando isso acontece, surge a possibilidade de reclassifica&ccedil;&atilde;o racial, que ocupa a terceira parte do estudo.</p> <h3>Os candidatos que 'mudam de ra&ccedil;a'</h3> <p class="texto">Na pesquisa, Senkevics buscou analisar como se d&atilde;o esses movimentos de reclassifica&ccedil;&atilde;o entre brancos, pardos e pretos.</p> <p class="texto">E o que ele encontra &eacute; que, apesar de as altera&ccedil;&otilde;es acontecerem em todas as dire&ccedil;&otilde;es, o saldo l&iacute;quido das mudan&ccedil;as resulta em uma redu&ccedil;&atilde;o de 5% no n&uacute;mero de brancos, aumento de 1% no de pardos e ganho de 13,7% na quantidade de pretos.</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/1761B/production/_124217759_4estudantes.jpg" alt="Estudantes em cursinho preparat&oacute;rio na Bahia" width="976" height="549" /><footer>Getty Images</footer> <figcaption>Senkevics analisou como se d&atilde;o movimentos de reclassifica&ccedil;&atilde;o entre brancos, pardos e pretos</figcaption> </figure> <p class="texto">O pesquisador observa que v&aacute;rios dados sugerem que essa reclassifica&ccedil;&atilde;o tem pouca rela&ccedil;&atilde;o com poss&iacute;veis tentativas de fraude.</p> <p class="texto">Uma evid&ecirc;ncia disso, segundo Senkevics, &eacute; o fato de que mudan&ccedil;as semelhantes acontecem em diversas outras bases de dados que n&atilde;o t&ecirc;m qualquer incentivo para que as pessoas "se escure&ccedil;am", como a Pnad, o Censo e a antiga Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.</p> <p class="texto">Outro ponto &eacute; a reclassifica&ccedil;&atilde;o de pardos para pretos, uma mudan&ccedil;a que n&atilde;o d&aacute; vantagem nenhuma na pol&iacute;tica de cotas, que &eacute; voltada para negros de maneira geral.</p> <p class="texto">"A pessoa que &eacute; parda j&aacute; &eacute; benefici&aacute;ria da pol&iacute;tica afirmativa racial", observa Senkevics.</p> <p class="texto">"Ent&atilde;o o que eu entendo que explica essa grande migra&ccedil;&atilde;o de pardos para pretos &eacute; que n&atilde;o h&aacute; outra motiva&ccedil;&atilde;o que n&atilde;o a quest&atilde;o cultural, porque a categoria 'preto' &eacute; muito mais alvo do processo de ressignifica&ccedil;&atilde;o do que 'pardo'", acrescenta o pesquisador.</p> <p class="texto">"O pardo n&atilde;o &eacute; sequer uma categoria nativa, n&atilde;o &eacute; usada pelas pessoas nos seus processos de autoidentifica&ccedil;&atilde;o, &eacute; uma categoria mais demogr&aacute;fica do que exatamente sociol&oacute;gica", observa o analista.</p> <p class="texto">"Enquanto isso, toda a quest&atilde;o da valoriza&ccedil;&atilde;o da negritude vem muito em cima da ideia de ser preto. Ent&atilde;o &eacute; uma categoria que tem uma milit&acirc;ncia maior, em torno da qual a conscientiza&ccedil;&atilde;o racial se construiu e que marca mais uma diferen&ccedil;a com rela&ccedil;&atilde;o ao branco."</p> <p class="texto">O especialista destaca ainda estudos do pesquisador David De Micheli que mostram que a autoidentifica&ccedil;&atilde;o como preto &eacute; maior entre os mais escolarizados, o que estaria ligado &agrave; maior exposi&ccedil;&atilde;o dessa parcela da popula&ccedil;&atilde;o ao debate antirracista, ao resgate da hist&oacute;ria afro-brasileira e de seus elementos culturais e &agrave; milit&acirc;ncia negra por direitos.</p> <h3>Queda no percentual de negros no Enem de 2021</h3> <p class="texto">Apesar do processo social de empoderamento da popula&ccedil;&atilde;o negra em curso, o Enem mudou bastante desde o per&iacute;odo estudado por Senkevics.</p> <p class="texto">Desde 2016, o n&uacute;mero de inscritos na prova tem ca&iacute;do ano ap&oacute;s ano, recuando de 8,6 milh&otilde;es naquele ano, para apenas 3,4 milh&otilde;es em 2021.</p> <p class="texto">A propor&ccedil;&atilde;o de pessoas pretas, pardas e ind&iacute;genas tamb&eacute;m diminuiu no ano ado, de 62,3% em 2020, para 55,7% em 2021.</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/3693/production/_124217931_1negros.jpg" alt="Faixa estendida pelo coletivo art&iacute;stico Frente 3 de Fevereiro no Museu de Arte do Rio questiona 'Onde est&atilde;o os negros?'" width="976" height="549" /><footer>Divulga&ccedil;&atilde;o Frente 3 de Fevereiro</footer> <figcaption>Propor&ccedil;&atilde;o de pretos, pardas e ind&iacute;genas diminuiu no Enem do ano ado, de 62,3% em 2020, para 55,7% em 2021</figcaption> </figure> <p class="texto">Segundo analistas, diversos fatores explicam a redu&ccedil;&atilde;o no interesse pelo Enem. Um deles &eacute; que, desde 2017, a prova deixou de servir como certifica&ccedil;&atilde;o para o Ensino M&eacute;dio.</p> <ul> <li><a href="https://correiobraziliense-br.parananoticias.info/portuguese/brasil-58021267?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D">O que explica menor n&uacute;mero de inscritos no Enem em mais de uma d&eacute;cada</a></li> </ul> <p class="texto">A partir daquele ano, candidatos que n&atilde;o se formaram na idade usual e buscavam o diploma aram a prestar o Encceja (Exame Nacional para Certifica&ccedil;&atilde;o de Compet&ecirc;ncias de Jovens e Adultos), que havia deixado de ser aplicado em 2009.</p> <p class="texto">Os especialistas tamb&eacute;m apontam uma piora nas perspectivas de o ao ensino superior, com redu&ccedil;&atilde;o nas bolsas oferecidas pelo Prouni, queda acentuada nos contratos de financiamento firmados atrav&eacute;s do Fies e estagna&ccedil;&atilde;o no processo de amplia&ccedil;&atilde;o das vagas em universidades p&uacute;blicas.</p> <p class="texto">A esse cen&aacute;rio, somou-se a pandemia, que afetou de forma muito desigual ricos e pobres, reduzindo a taxa de conclus&atilde;o do ensino m&eacute;dio e fazendo com que muitos estudantes negros e de baixa renda n&atilde;o se sentissem preparados para tentar uma vaga no ensino superior.</p> <p class="texto">Ser&aacute; preciso acompanhar nos pr&oacute;ximos anos se o Brasil vai retomar sua trajet&oacute;ria de gradual inclus&atilde;o de negros e filhos de fam&iacute;lias pobres nas universidades ou se ser&atilde;o duradouros os impactos causados pela pandemia e pelo desmonte das pol&iacute;ticas p&uacute;blicas de educa&ccedil;&atilde;o apontado por especialistas.</p> <hr /> <p class="texto"><strong>J&aacute; assistiu aos nossos novos v&iacute;deos no </strong><a href="https://www.youtube.com/channel/UCthbIFAxbXTTQEC7EcQvP1Q">YouTube</a><strong>? Inscreva-se no nosso canal! </strong></p> <p class="texto"><iframe src="https://www.youtube.com/embed/-KT5pVtpHgo" width="300" height="150" frameborder="0"></iframe><iframe src="https://www.youtube.com/embed/Al365qzdjZE" width="300" height="150" frameborder="0"></iframe><iframe src="https://www.youtube.com/embed/Qr2WRqJG4YU" width="300" height="150" frameborder="0"></iframe><img src="https://a1.api.bbc.co.uk/hit.xiti/?s=598346&amp;p=portuguese.brasil.story.61157578.page&amp;x1=%5Burn%3Abbc%3As%3Adf5a2e44-e255-4408-8e1d-fc290f698fd9%5D&amp;x4=%5Bpt-BR%5D&amp;x5=%5Bhttps%3A%2F%2Fcorreiobraziliense-br.parananoticias.info%2Fportuguese%2Fbrasil-61157578%5D&amp;x7=%5Barticle%5D&amp;x8=%5Bsynd_nojs_ISAPI%5D&amp;x9=%5BEnem+mais+negro%3A+por+que+n%C3%BAmero+de+candidatos+pretos+e+pardos+cresceu+ao+longo+dos+anos%5D&amp;x11=%5B2022-04-22T07%3A39%3A13Z%5D&amp;x12=%5B2022-04-22T07%3A39%3A13Z%5D&amp;x19=%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D" /></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/04/22/750x500/1__124217755_1primeiro-7825336.jpg?20220422083825?20220422083825", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Thais Carrança - @tcarran - Da BBC News Brasil em São Paulo" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 2p72l

Eu, Estudante 6rh50

Ensino superior

Enem mais negro: por que número de candidatos pretos e pardos cresceu ao longo dos anos 1y2x3

Entre 2010 e 2016, a proporção de pretos e pardos entre os candidatos saltou de 51% para 60%, enquanto a parcela de brancos diminuiu de 43% para 35%. g4173


Antes da forte queda no número de inscritos que marcou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em 2021, o principal meio de entrada para o ensino superior no Brasil registrava uma mudança significativa.

Entre 2010 e 2016, a proporção de pretos e pardos — grupos que juntos formam a população negra brasileira — entre os candidatos saltou de 51% para 60%, enquanto a parcela de brancos diminuiu de 43% para 35%.

Intrigado com a mudança, num período marcado pela adoção das cotas sociais e raciais nas universidades públicas, mas também pelo avanço do orgulho de ser negro no país, o pesquisador Adriano Senkevics decidiu investigar os motivos por trás dessa tendência.

Seria o forte aumento no número de candidatos — que saltou de 4,6 milhões para 8,6 milhões em apenas seis anos — que estaria ampliando o o de grupos antes excluídos?

Ou, diante da alta concorrência, candidatos negros teriam de fazer a prova mais vezes até serem aprovados?

E qual o peso nessa mudança de pessoas que antes se consideravam brancas mas, ao tentar a prova mais de uma vez, avam a se autodefinir como pardas?

Ou então, que avam de pardas a pretas, num processo de "escurecimento" da população também identificado em outras pesquisas demográficas, como a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e o Censo do IBGE, que nenhuma relação têm com o o ao ensino superior.

Doutor em educação pela USP (Universidade de São Paulo) e pesquisador do Inep, órgão responsável pela realização do Enem, Senkevics descobriu que cada um desses três fatores contribuíram para a mudança, ainda que com pesos distintos.

Em artigo publicado neste mês pela Dados Revista de Ciências Sociais, periódico científico mantido pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), o pesquisador se debruçou sobre o tema.

A BBC News Brasil conversou com ele para entender melhor os principais resultados desse estudo, que é o primeiro a investigar o fenômeno da "reclassificação racial" — isto é, das pessoas que mudam sua autodefinição de raça ou cor — no Enem.

Uma mudança cultural no Brasil e1u2n

Senkevics conta que muita gente pensa que ele decidiu olhar para o aumento da proporção de negros no Enem e o fenômeno da reclassificação racial dos candidatos pensando em captar fraudes nas cotas, mas ele deixa bem claro que essa não é a intenção do estudo.

"O que me motivou foi uma curiosidade científica com relação a esse movimento de as pessoas se classificarem cada vez mais como negras", diz o pesquisador.

"Trata-se de um fenômeno cultural brasileiro, que é a assunção cada vez maior da identidade e do pertencimento negro, num país historicamente racista e cujo racismo foi apoiado num processo de 'embraquecimento' histórico, de negação de identidades raciais negras e indígenas e desvalorização da história e cultura dessas parcelas da população", acrescenta.

EPA
'Trata-se de um fenômeno cultural brasileiro, que é a assunção cada vez maior da identidade e do pertencimento negro', observa Senkevics

O estudo é dividido em três partes.

Na primeira delas, o pesquisador do Inep olha para os novos inscritos, ou seja, as pessoas que estão prestando o Enem pela primeira vez. Nesse grupo, o percentual de negros ou de 51,5% para 57% nos seis anos analisados.

Para Senkevics, a mudança no perfil racial aqui reflete alterações no cenário educacional brasileiro. A primeira dessas mudanças é o aumento na proporção de jovens que concluem o ensino médio, com redução da repetência e da evasão escolar nessa fase do ensino.

Como resultado desse processo, mais jovens de baixa renda, negros e estudantes vindos de famílias menos privilegiadas se tornaram aptos a tentar uma vaga no ensino superior.

"O perfil de quem termina o ensino médio foi se tornando cada vez mais heterogêneo e representativo da população", observa o especialista em educação. "O jovem de classe alta, de família mais escolarizada, já fazia o Enem. A novidade é que vai entrando um perfil novo, que vai aumentando sua presença cada vez mais nesse período."

Além disso, políticas de ampliação do o às universidades geraram um incentivo para estudantes que antes talvez não acreditassem na possibilidade de ingressar numa faculdade arem a ter mais esperança com relação ao processo seletivo.

Entre essas políticas, o pesquisador cita o programa de bolsas de estudo Prouni, o programa de financiamento estudantil Fies, o sistema único de oferta de vagas Sisu e a lei de cotas.

Por fim, Senkevics destaca que esses novos inscritos estão sujeitos às mesmas mudanças culturais e demográficas identificadas na população brasileira em geral e, portanto, mais jovens talvez estejam se percebendo como negros mesmo antes de se inscreverem no Enem, contribuindo para a mudança no perfil racial dos novos inscritos.

Negros são maioria entre inscritos reincidentes 6t6e4r

Na segunda parte do estudo, o pesquisador olha para os estudantes que prestam o Enem mais de uma vez. Em 2011, os inscritos reincidentes eram 36% do total, chegando a 65% em 2016.

Entre os estudantes que prestam o Enem uma ou duas vezes, há pouca diferença no perfil racial, com brancos superando pardos em cerca de 1 ponto percentual.

Mas, a partir da terceira tentativa, a parcela de pardos a a superar a de brancos, chegando a 48% de pardos para 30% de brancos entre aqueles que se inscreveram sete vezes, uma diferença significativa, de 18 pontos percentuais.

Getty Images
Pretos e pardos têm taxas de abstenção maiores nos dias de provas e médias de desempenho menores, fatores que ajudam a explicar porque negros prestam o Enem mais vezes

"A pessoa pode fazer o Enem quantas vezes ela quiser; como o ensino superior é muito disputado e o processo seletivo é muito afunilado, uma pequena parte dos inscritos vai ter sucesso", observa Senkevics. "Candidatos menos preparados, com origens menos privilegiadas, como boa parte da população negra, podem ser obrigados a fazer o exame mais de uma vez."

O pesquisador destaca alguns indicadores que mostram as dificuldades dos candidatos negros no Enem: pretos e pardos têm taxas de abstenção maiores nos dias de provas (quando a pessoa se inscreve mas não consegue comparecer no dia do exame) e médias de desempenho menores, em relação aos brancos.

Essas dificuldades podem levar um candidato a se inscrever novamente na prova. Quando isso acontece, surge a possibilidade de reclassificação racial, que ocupa a terceira parte do estudo.

Os candidatos que 'mudam de raça' 15e1o

Na pesquisa, Senkevics buscou analisar como se dão esses movimentos de reclassificação entre brancos, pardos e pretos.

E o que ele encontra é que, apesar de as alterações acontecerem em todas as direções, o saldo líquido das mudanças resulta em uma redução de 5% no número de brancos, aumento de 1% no de pardos e ganho de 13,7% na quantidade de pretos.

Getty Images
Senkevics analisou como se dão movimentos de reclassificação entre brancos, pardos e pretos

O pesquisador observa que vários dados sugerem que essa reclassificação tem pouca relação com possíveis tentativas de fraude.

Uma evidência disso, segundo Senkevics, é o fato de que mudanças semelhantes acontecem em diversas outras bases de dados que não têm qualquer incentivo para que as pessoas "se escureçam", como a Pnad, o Censo e a antiga Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.

Outro ponto é a reclassificação de pardos para pretos, uma mudança que não dá vantagem nenhuma na política de cotas, que é voltada para negros de maneira geral.

"A pessoa que é parda já é beneficiária da política afirmativa racial", observa Senkevics.

"Então o que eu entendo que explica essa grande migração de pardos para pretos é que não há outra motivação que não a questão cultural, porque a categoria 'preto' é muito mais alvo do processo de ressignificação do que 'pardo'", acrescenta o pesquisador.

"O pardo não é sequer uma categoria nativa, não é usada pelas pessoas nos seus processos de autoidentificação, é uma categoria mais demográfica do que exatamente sociológica", observa o analista.

"Enquanto isso, toda a questão da valorização da negritude vem muito em cima da ideia de ser preto. Então é uma categoria que tem uma militância maior, em torno da qual a conscientização racial se construiu e que marca mais uma diferença com relação ao branco."

O especialista destaca ainda estudos do pesquisador David De Micheli que mostram que a autoidentificação como preto é maior entre os mais escolarizados, o que estaria ligado à maior exposição dessa parcela da população ao debate antirracista, ao resgate da história afro-brasileira e de seus elementos culturais e à militância negra por direitos.

Queda no percentual de negros no Enem de 2021 2k4rg

Apesar do processo social de empoderamento da população negra em curso, o Enem mudou bastante desde o período estudado por Senkevics.

Desde 2016, o número de inscritos na prova tem caído ano após ano, recuando de 8,6 milhões naquele ano, para apenas 3,4 milhões em 2021.

A proporção de pessoas pretas, pardas e indígenas também diminuiu no ano ado, de 62,3% em 2020, para 55,7% em 2021.

Divulgação Frente 3 de Fevereiro
Proporção de pretos, pardas e indígenas diminuiu no Enem do ano ado, de 62,3% em 2020, para 55,7% em 2021

Segundo analistas, diversos fatores explicam a redução no interesse pelo Enem. Um deles é que, desde 2017, a prova deixou de servir como certificação para o Ensino Médio.

A partir daquele ano, candidatos que não se formaram na idade usual e buscavam o diploma aram a prestar o Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos), que havia deixado de ser aplicado em 2009.

Os especialistas também apontam uma piora nas perspectivas de o ao ensino superior, com redução nas bolsas oferecidas pelo Prouni, queda acentuada nos contratos de financiamento firmados através do Fies e estagnação no processo de ampliação das vagas em universidades públicas.

A esse cenário, somou-se a pandemia, que afetou de forma muito desigual ricos e pobres, reduzindo a taxa de conclusão do ensino médio e fazendo com que muitos estudantes negros e de baixa renda não se sentissem preparados para tentar uma vaga no ensino superior.

Será preciso acompanhar nos próximos anos se o Brasil vai retomar sua trajetória de gradual inclusão de negros e filhos de famílias pobres nas universidades ou se serão duradouros os impactos causados pela pandemia e pelo desmonte das políticas públicas de educação apontado por especialistas.


Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!