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Em 17 de janeiro, durante conversa com outros participantes, o BBB lan&ccedil;ou m&atilde;o de palavras consideradas ofensivas para se referir a uma enfermeira que, segundo ele, o tratou de forma racista.</p> <p class="texto">Na exibi&ccedil;&atilde;o do segundo dia de confinamento, o m&eacute;dico, que &eacute; negro, lembrou que na &eacute;poca em que trabalhava apenas como fisioterapeuta, presenciou um paciente sendo entubado e comentou que gostaria de fazer aquilo. Recordou que uma enfermeira branca que estava presente respondeu-lhe que aquele procedimento s&oacute; poderia ser realizado por m&eacute;dicos. Nic&aacute;cio contou aos "brothers" que, sete anos depois,&nbsp; retornou ao mesmo hospital, ap&oacute;s ter se formado em medicina. "Voltei l&aacute; e ela [a suposta agressora] foi minha enfermeira", disse. "Estou aqui. 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A ideia dele foi mostrar que, na atual profiss&atilde;o de m&eacute;dico, n&atilde;o aceitaria mais sofrer racismo, como havia sofrido pela enfermeira enquanto fisioterapeuta, sete anos antes. N&oacute;s n&atilde;o somos de ningu&eacute;m, somos aut&ocirc;nomos. Quando Nic&aacute;cio sair do confinamento certamente vai entender toda a situa&ccedil;&atilde;o, at&eacute; porque sempre se mostrou um profissional super humanizado.&rdquo; Sidneia Barbosa, 40 anos</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2023/01/26/400x526/1_whatsapp_image_2023_01_26_at_16_43_45-27329333.jpg" width="400" height="526" layout="responsive" alt="Fl&aacute;vio Vitorino"></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>Fl&aacute;vio Vitorino</b></figcaption> </div></p> <p class="texto"><strong>Fl&aacute;vio Vitorino, 58 anos</strong></p> <p class="texto">&ldquo;O m&eacute;dico participante do BBB foi infeliz na escolha das palavras. Ele quis expressar que a enfermeira era subordinada a ele, sete anos depois do ocorrido, mas n&atilde;o obteve sucesso na constru&ccedil;&atilde;o da fala. Na realidade, ocorre que as profiss&otilde;es de m&eacute;dico e enfermeiro s&atilde;o completamente diferentes, n&atilde;o existe hierarquia, mas un&ccedil;&otilde;es distintas. Cada um tem o seu papel: a medicina cuida da doen&ccedil;a, a enfermagem zela pelo doente. Por&eacute;m, este menosprezo &eacute; cultural no Brasil. O doente vai ao hospital, a por um tratamento e, depois que sai da institui&ccedil;&atilde;o de sa&uacute;de, ele fala &lsquo;o doutor &eacute; muito bom, foi ele quem me curou&rsquo;. E acaba n&atilde;o reconhecendo o profissional que o acompanhou durante toda a estadia na unidade.&rdquo;</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2023/01/26/400x526/1_whatsapp_image_2023_01_26_at_18_19_22_1-27329313.jpg" width="399" height="526" layout="responsive" alt="Ivan Rodrigues"></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>Ivan Rodrigues</b></figcaption> </div></p> <p class="texto"><strong> Ivan Rodrigues, 49 anos</strong></p> <p class="texto">&ldquo;A afirmativa do Nic&aacute;cio contradiz toda a humanidade constru&iacute;da pelo SUS referente ao reconhecimento da enfermagem. O posicionamento arcaico do doutor participante do BBB remete ao contexto hist&oacute;rico, no qual a profiss&atilde;o ainda n&atilde;o possu&iacute;a par&acirc;metros cient&iacute;ficos firmados. Acredito na multidisciplinaridade da &aacute;rea da sa&uacute;de. 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Eu, Estudante 6rh50

Polêmica

Fala de BBB acirra debate sobre carreira de enfermagem 52g44

Declaração de participante negro, fisioterapeuta e médico, remete ao desprezo pela profissão e à ideia errônea de hierarquia nas unidades de saúde 37185u

A declaração polêmica do médico e fisioterapeuta Fred Nicácio, participante do Big Brother Brasil 23, programa de entretenimento veiculado na Rede Globo, ainda repercute na mídia e em redes sociais. Em 17 de janeiro, durante conversa com outros participantes, o BBB lançou mão de palavras consideradas ofensivas para se referir a uma enfermeira que, segundo ele, o tratou de forma racista.

Na exibição do segundo dia de confinamento, o médico, que é negro, lembrou que na época em que trabalhava apenas como fisioterapeuta, presenciou um paciente sendo entubado e comentou que gostaria de fazer aquilo. Recordou que uma enfermeira branca que estava presente respondeu-lhe que aquele procedimento só poderia ser realizado por médicos. Nicácio contou aos "brothers" que, sete anos depois,  retornou ao mesmo hospital, após ter se formado em medicina. "Voltei lá e ela [a suposta agressora] foi minha enfermeira", disse. "Estou aqui. Sou doutor Fred Nicácio e agora eu irei entubar e você vai me auxiliar", disse, à época, à enfermeira.

Os conselhos Federal de Enfermagem (Cofen), Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren- DF) e Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren- SP) repudiam a fala de Nicácio. Ao mesmo tempo em que contestam a fala de Nicácio, as entidades reafirmam a importância da profissão e sua autonomia. Segundo o diretor do Cofen, Gilney Guerra, a entidade é totalmente contra atos racistas e discorda veemente do comentário do participante do BBB.

Guerra explica que o desrespeito pela profissão ficou patente pela maneira como o profissional de saúde se referiu à profissional de enfermagem. "O pronome possessivo 'sua', que Nicácio usou para se referir à enfermeira, coloca em xeque a relevância da profissão, como se ele também não fosse um componente da equipe. A impressão que a é que ele está em um patamar acima do grupo de trabalho", opina.

Guerra pontua que o comentário, além de ofender os profissionais de enfermagem, menospreza a profissão de fisioterapeuta. "Em sua fala, o brother também desvaloriza sua primeira formação. Quando ele retrata o retorno ao local onde trabalhou, aparenta ter evoluído pelo fato de ter se formado médico. E isso, de fato, não ocorreu. Ele apenas mudou de profissão. E nenhuma profissão é melhor que outra", observa, concluindo que a conversa polêmica reflete o lado egocêntrico profissional do médico e ainda relaciona o atendimento eficiente ao tratamento multitarefa, de acordo com a necessidade do paciente.

O presidente da Coren do DF, Elissandro Noronha, iguala a discussão a um estigma sobre a área de enfermagem. Ele observa que profissionais da área de saúde e até mesmo a sociedade projetam um parâmetro de hierarquia nas funções dos funcionários da área. E lembra que a prioridade durante o atendimento médico é o benefício do paciente, indiferentemente dos cargos ou funções atribuídas. "Cada um realiza o seu trabalho de forma independente e harmônica. Seja na área médica, enfermagem ou fisioterapia, o compromisso é com o paciente", pontua.

Lembrando que a enfermagem é "a mola promissora da saúde brasileira", o presidente do Coren-SP, James Francisco, considera que a profissão deveria ser mais valorizada pelo fato de oferecer um atendimento denominado "beira leito" 24 horas por dia. "São mais de 2,7 milhões são enfermeiros que zelam pelo cuidado com o paciente", diz.

Para Francisco, o participante do BBB foi infeliz na escolha das palavras. "Ele quis expressar que a enfermeira era subordinada a ele e, sete anos depois do ocorrido, não obteve sucesso na construção da fala. Na realidade, ocorre que as profissões de médico e enfermeiro são completamente diferentes. Não existe hierarquia e sim funções distintas. Cada um exerce o seu papel. A medicina cuida da doença, a enfermagem zela pelo doente. Porém, este menosprezo é cultural no Brasil, onde o doente vai ao hospital, a por um tratamento e, depois que recebe alta, elogia apenas o trabalho do médico", diz.

A enfermeira Ivan Rodrigues, 49, pondera que a afirmativa de Nicácio contradiz toda a humanidade construída pelo Sistema Único de Saúde (SUS), referente ao reconhecimento da profissão de enfermagem. "O posicionamento arcaico do doutor participante do BBB remete ao contexto histórico. Acredito na multidisciplinaridade da área da saúde. A profissão é fundamental para que o paciente se recupere, por isso é necessário que os profissionais trabalhem em conjunto para oferecerem um tratamento qualificado. Neste sentido, o convívio humanizado e respeitoso entre os colaboradores é essencial para que o ambiente de trabalho seja mais civilizado", afirma.

A opinião dos profissionais 5z1r1c

Arquivo pessoal - Ana Ramos

Ana Ramos, 56 anos

“O enfermeiro não é auxiliar de nenhum profissional da saúde. Nossa classe possui total autonomia, desde que esteja cumprindo a legislação do seu respectivo conselho, que ampara a profissão. Então, nós fazemos parte de uma equipe multiprofissional e, assim como o médico, podemos agir de forma independente em relação a todos os procedimentos realizados na área de formação. Penso que todos os profissionais devem trabalhar em equipe, um ajudando o outro, porque essa situação conflitante pode chegar ao ponto de atrapalhar os funcionários a desenvolverem suas competências, afinal ninguém é subordinado a ninguém. A área da saúde é um conjunto, as funções se completam em
prol do paciente.”

Arquivo pessoal - Sidneia Barbosa

Sidneia Barbosa, 40 anos

“Tenho duas visões acerca do assunto, a de mulher preta e a de profissional da saúde. Para nós, negros, é importante reconhecer a conquista de Fred Nicácio e toda a sua trajetória para alcançá-la. Porém, o médico se expressou muito mal. Ele poderia ter usado de diversas palavras para evidenciar sua conquista profissional. A ideia dele foi mostrar que, na atual profissão de médico, não aceitaria mais sofrer racismo, como havia sofrido pela enfermeira enquanto fisioterapeuta, sete anos antes. Nós não somos de ninguém, somos autônomos. Quando Nicácio sair do confinamento certamente vai entender toda a situação, até porque sempre se mostrou um profissional super humanizado.” Sidneia Barbosa, 40 anos

Arquivo pessoal - Flávio Vitorino

Flávio Vitorino, 58 anos

“O médico participante do BBB foi infeliz na escolha das palavras. Ele quis expressar que a enfermeira era subordinada a ele, sete anos depois do ocorrido, mas não obteve sucesso na construção da fala. Na realidade, ocorre que as profissões de médico e enfermeiro são completamente diferentes, não existe hierarquia, mas unções distintas. Cada um tem o seu papel: a medicina cuida da doença, a enfermagem zela pelo doente. Porém, este menosprezo é cultural no Brasil. O doente vai ao hospital, a por um tratamento e, depois que sai da instituição de saúde, ele fala ‘o doutor é muito bom, foi ele quem me curou’. E acaba não reconhecendo o profissional que o acompanhou durante toda a estadia na unidade.”

Arquivo pessoal - Ivan Rodrigues

Ivan Rodrigues, 49 anos

“A afirmativa do Nicácio contradiz toda a humanidade construída pelo SUS referente ao reconhecimento da enfermagem. O posicionamento arcaico do doutor participante do BBB remete ao contexto histórico, no qual a profissão ainda não possuía parâmetros científicos firmados. Acredito na multidisciplinaridade da área da saúde. Vamos tirar a enfermagem do hospital e analisar até onde vai o prognóstico médico. A profissão é fundamental para que o paciente se recupere. Por isso, é necessário que os profissionais trabalhem em conjunto para oferecerem um tratamento mais qualificado. Nesse sentido, o convívio humanizado e respeitoso entre os colaboradores é essencial para que o ambiente de trabalho seja mais civilizado.”

*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá