/* 1rem = 16px, 0.625rem = 10px, 0.5rem = 8px, 0.25rem = 4px, 0.125rem = 2px, 0.0625rem = 1px */ :root { --cor: #073267; --fonte: "Roboto", sans-serif; --menu: 12rem; /* Tamanho Menu */ } @media screen and (min-width: 600px){ .site{ width: 50%; margin-left: 25%; } .logo{ width: 50%; } .hamburger{ display: none; } } @media screen and (max-width: 600px){ .logo{ width: 100%; } } p { text-align: justify; } .logo { display: flex; position: absolute; /* Tem logo que fica melhor sem position absolute*/ align-items: center; justify-content: center; } .hamburger { font-size: 1.5rem; padding-left: 0.5rem; z-index: 2; } .sidebar { padding: 10px; margin: 0; z-index: 2; } .sidebar>li { list-style: none; margin-bottom: 10px; z-index: 2; } .sidebar a { text-decoration: none; color: #fff; z-index: 2; } .close-sidebar { font-size: 1.625em; padding-left: 5px; height: 2rem; z-index: 3; padding-top: 2px; } #sidebar1 { width: var(--menu); background: var(--cor); color: #fff; } #sidebar1 amp-img { width: var(--menu); height: 2rem; position: absolute; top: 5px; z-index: -1; } .fonte { font-family: var(--fonte); } .header { display: flex; background: var(--cor); color: #fff; align-items: center; height: 3.4rem; } .noticia { margin: 0.5rem; } .assunto { text-decoration: none; color: var(--cor); text-transform: uppercase; font-size: 1rem; font-weight: 800; display: block; } .titulo { color: #333; } .autor { color: var(--cor); font-weight: 600; } .chamada { color: #333; font-weight: 600; font-size: 1.2rem; line-height: 1.3; } .texto { line-height: 1.3; } .galeria {} .retranca {} .share { display: flex; justify-content: space-around; padding-bottom: 0.625rem; padding-top: 0.625rem; } .tags { display: flex; flex-wrap: wrap; flex-direction: row; text-decoration: none; } .tags ul { display: flex; flex-wrap: wrap; list-style-type: disc; margin-block-start: 0.5rem; margin-block-end: 0.5rem; margin-inline-start: 0px; margin-inline-end: 0px; padding-inline-start: 0px; flex-direction: row; } .tags ul li { display: flex; flex-wrap: wrap; flex-direction: row; padding-inline-end: 2px; padding-bottom: 3px; padding-top: 3px; } .tags ul li a { color: var(--cor); text-decoration: none; } .tags ul li a:visited { color: var(--cor); } .citacao {} /* Botões de compartilhamento arrendodados com a cor padrão do site */ amp-social-share.rounded { border-radius: 50%; background-size: 60%; color: #fff; background-color: var(--cor); } --> { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/euestudante/trabalho-e-formacao/2024/02/6802688-maes-trabalhadoras-de-brasilia-nao-conseguem-vagas-em-creche.html", "name": "Mães trabalhadoras de Brasília não conseguem vagas em creche", "headline": "Mães trabalhadoras de Brasília não conseguem vagas em creche", "alternateName": "o à educação", "alternativeHeadline": "o à educação", "datePublished": "2024-02-18-0306:00:00-10800", "dateModified": "2024-02-18-0306:00:00-10800", "articleBody": "<p class="texto">As aulas da rede p&uacute;blica de ensino do Distrito Federal come&ccedil;am nesta segunda-feira (19), mas quase 14 mil beb&ecirc;s e crian&ccedil;as pequenas ainda aguardam uma vaga para estudar neste ano. A informa&ccedil;&atilde;o foi confirmada pela Secretaria de Educa&ccedil;&atilde;o do DF (SEE), que, em 2024, est&aacute; ofertando 31.496 vagas em creches, das quais 27.627 s&atilde;o disponibilizadas por institui&ccedil;&otilde;es parceiras &mdash; organiza&ccedil;&otilde;es da sociedade civil que recebem recursos do governo para gerir escolas que s&atilde;o consideradas p&uacute;blicas, apesar de n&atilde;o estarem diretamente sob a istra&ccedil;&atilde;o da SEE.</p> <p class="texto">Al&eacute;m disso, 6.257 fam&iacute;lias s&atilde;o benefici&aacute;rias do programa Cart&atilde;o Creche, que paga um valor mensal que deve ser destinado &agrave; matr&iacute;cula dos pequenos em uma organiza&ccedil;&atilde;o privada, credenciada pela Secretaria.</p> <p class="texto">Segundo um levantamento do Instituto de Pesquisa e Estat&iacute;stica do Distrito Federal (IPEDF), de 2021, a popula&ccedil;&atilde;o de crian&ccedil;as na primeira inf&acirc;ncia, no DF, &eacute; de cerca de 280 mil. Ou seja, apenas 13% dos estudantes de at&eacute; seis anos de idade s&atilde;o assistidos, em alguma modalidade, pela rede de ensino</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/14/475x750/1_whatsapp_image_2024_02_14_at_16_14_28-35036587.jpeg" width="475" height="750" layout="responsive" alt="A subsecret&aacute;ria de Planejamento, Acompanhamento e Avalia&ccedil;&atilde;o da SEE, Francis Ferreira, diz que o GDF planeja ofertar mais 1.139 vagas este ano"></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>A subsecret&aacute;ria de Planejamento, Acompanhamento e Avalia&ccedil;&atilde;o da SEE, Francis Ferreira, diz que o GDF planeja ofertar mais 1.139 vagas este ano</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">A subsecret&aacute;ria de educa&ccedil;&atilde;o, Francis Ferreira, explica que, das quase 32 mil vagas, 28.500 s&atilde;o reservadas &agrave;s crian&ccedil;as que j&aacute; est&atilde;o matriculadas e estudando, e apenas migraram para a s&eacute;rie seguinte da educa&ccedil;&atilde;o infantil. Isso significa que, de 2023 para c&aacute;, o Governo do Distrito Federal (GDF) ampliou em 3 mil vagas o atendimento da rede.</p> <p class="texto">A pasta informa que est&aacute; concluindo seu planejamento anual e que h&aacute; uma previs&atilde;o, ainda n&atilde;o confirmada, do aumento de mais 1.139 vagas para crian&ccedil;as de 0 a 3 anos, possibilitadas pelo pedido de amplia&ccedil;&atilde;o por parte das institui&ccedil;&otilde;es de ensino parceiras.</p> <p class="texto">Para sanar de forma definitiva a imensa lista de espera, Francis afirma que a Secretaria de Educa&ccedil;&atilde;o tem empenhado esfor&ccedil;os para ampliar o n&uacute;mero de vagas para toda a rede. &ldquo;Realizamos, recentemente, a revis&atilde;o do Manual de Creches, para dar mais celeridade ao encaminhamento da fila. Tamb&eacute;m estamos em fase de execu&ccedil;&atilde;o do Plano de Obras, que prev&ecirc; novas creches para 2024. Al&eacute;m disso, publicamos um decreto que permitiu o atendimento superior a 200 crian&ccedil;as por institui&ccedil;&atilde;o escolar&rdquo;, lista a subsecret&aacute;ria.</p> <p class="texto">Na vis&atilde;o do presidente da Comiss&atilde;o de Educa&ccedil;&atilde;o da C&acirc;mara Legislativa do Distrito Federal (CESC/CLDF), Gabriel Magno (PT), mesmo com o aumento anunciado de 3 mil vagas, o deficit segue muito grande. &ldquo;A estrat&eacute;gia do GDF para diminuir a fila &eacute; o Cart&atilde;o Creche, que &eacute; um processo de precariza&ccedil;&atilde;o, para contrata&ccedil;&atilde;o de creche privada. Dessa forma, se desresponsabiliza o poder p&uacute;blico da oferta e controle de qualidade da educa&ccedil;&atilde;o infantil&rdquo;, defende o deputado distrital.</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/13/675x450/1_photo_2024_02_13_12_59_23-35071142.jpg" width="675" height="449" layout="responsive" alt="Gael In&aacute;cio, 2 anos, frequenta uma creche particular. O pre&ccedil;o da mensalidade pesa no or&ccedil;amento da m&atilde;e, Bruna Cabral"></amp-img> <figcaption>Fotos: Joana Cabral/CB - <b>Gael In&aacute;cio, 2 anos, frequenta uma creche particular. O pre&ccedil;o da mensalidade pesa no or&ccedil;amento da m&atilde;e, Bruna Cabral</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Bruna dos Santos Cabral, 30 anos, &eacute; consultora de vendas e m&atilde;e de Gael In&aacute;cio, de 2. A fam&iacute;lia mora em Samambaia Norte. Ela conta que cadastrou o menino na fila de espera da Secretaria quando ele completou quatro meses, idade m&iacute;nima para ingressar em uma creche, mas, at&eacute; hoje, n&atilde;o foi contemplada com uma vaga. &ldquo;Precisava voltar ao trabalho ao fim da minha licen&ccedil;a e, como a vaga n&atilde;o saiu a tempo, tive que sair do emprego e ficar em casa com ele&rdquo;, lembra.</p> <p class="texto">Hoje, Bruna, que &eacute; separada do pai da crian&ccedil;a, fica com o menino todas as manh&atilde;s e conta com a ajuda da m&atilde;e e da irm&atilde; para levar e buscar o filho na creche particular, que ela se esfor&ccedil;a para conseguir pagar, pela tarde, durante o turno oposto do seu trabalho. A av&oacute; cuida de Gael depois que ele sai da creche at&eacute; que Bruna retorne do servi&ccedil;o, somente &agrave;s 20h30. &ldquo;Eu n&atilde;o tinha muitas op&ccedil;&otilde;es, precisava tirar a sobrecarga da minha m&atilde;e de ficar o dia todo com ele, at&eacute; porque ela trabalha em home office, ent&atilde;o, ter uma crian&ccedil;a pequena dependendo dela atrapalha bastante&rdquo;, diz.</p> <p class="texto">Ela pondera que receber, ao menos, o benef&iacute;cio do Cart&atilde;o Creche seria um al&iacute;vio nas contas do m&ecirc;s. &ldquo;Toda ajuda &eacute; bem-vinda, porque n&atilde;o tenho somente o gasto com a mensalidade, tem uniforme, lanche, material escolar&hellip;&rdquo;, enumera.</p> <h3>Obras</h3> <p class="texto">Gabriel Magno acredita que, apesar do Cart&atilde;o Creche ser uma ajuda emergencial v&aacute;lida, somente a constru&ccedil;&atilde;o de creches p&uacute;blicas pode resolver, a longo prazo, o problema. Segundo o GDF, em 2023, houve a inaugura&ccedil;&atilde;o de duas creches rurais localizadas no Parano&aacute; e em Planaltina, al&eacute;m de tr&ecirc;s novos Centros de Educa&ccedil;&atilde;o da Primeira Inf&acirc;ncia (Cepi) em Planaltina e Ceil&acirc;ndia. Para 2024, h&aacute; a previs&atilde;o de entrega de mais 18 Cepis, a come&ccedil;ar por Santa Maria, inaugurado para o in&iacute;cio do ano letivo.</p> <p class="texto">&ldquo;O que nos preocupa &eacute; que o governador disse que esse seria o ano de entregas de escolas, mas o or&ccedil;amento para a educa&ccedil;&atilde;o infantil diminuiu. N&atilde;o h&aacute;, por exemplo, uma &uacute;nica linha no Plano Plurianual sobre a constru&ccedil;&atilde;o de creches, e o or&ccedil;amento para essas institui&ccedil;&otilde;es de ensino ficou zerado na Lei Or&ccedil;ament&aacute;ria Anual&rdquo;, afirma o deputado.</p> <p class="texto">Ele diz que, das 18 novas creches anunciadas pelo GDF para serem inauguradas em 2024, 14 foram constru&iacute;das com recursos federais, liberados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa&ccedil;&atilde;o. &ldquo;O or&ccedil;amento do governo federal &eacute; importante para n&oacute;s, mas qual parte do or&ccedil;amento pr&oacute;prio do GDF vem sendo investido para isso? E mais, qual o estado dessas obras? Acompanhamos v&aacute;rias delas ano ado, nenhuma das prometidas foi entregue, estavam todas em estado muito inicial. Eles prometem, mas quando voc&ecirc; vai checar, a obra est&aacute; paralisada&rdquo;, cobra.</p> <p class="texto">De acordo com levantamento da Comiss&atilde;o de Educa&ccedil;&atilde;o, 99% das creches p&uacute;blicas do DF s&atilde;o conveniadas. &ldquo;O setor privado &eacute; insuficiente, recebemos, toda semana, den&uacute;ncias na Comiss&atilde;o vindas de fam&iacute;lias que n&atilde;o encontram vaga nem nas creches conveniadas. &Eacute; preciso construir novos pr&eacute;dios urgentemente&rdquo;, completa Magno.</p> <h3>Superlota&ccedil;&atilde;o</h3> <p class="texto">Por determina&ccedil;&atilde;o da Secretaria, todas as institui&ccedil;&otilde;es credenciadas precisam respeitar o n&uacute;mero m&iacute;nimo e m&aacute;ximo de crian&ccedil;as por sala, que varia de 8 a 28, a depender da infraestrutura da escola e da faixa et&aacute;ria dos pequenos. Para o Ber&ccedil;&aacute;rio 1, por exemplo, o m&aacute;ximo &eacute; de 15 crian&ccedil;as por turma.</p> <p class="texto">&ldquo;As organiza&ccedil;&otilde;es com quem temos um termo de colabora&ccedil;&atilde;o, mas atendem em pr&eacute;dios pr&oacute;prios, s&atilde;o verificadas pela Secretaria. Temos uma &aacute;rea que faz inspe&ccedil;&atilde;o de infraestrutura e tamb&eacute;m um setor de inspe&ccedil;&atilde;o pedag&oacute;gica. No caso do Cart&atilde;o Creche, a gente apenas manifesta uma anu&ecirc;ncia para habilitar a creche interessada. Essa anu&ecirc;ncia tamb&eacute;m acontece ap&oacute;s visitas iniciais desses dois setores. Ent&atilde;o, nossos termos sempre incluem um quantitativo m&iacute;nimo e m&aacute;ximo de alunos&rdquo;, explica a subsecret&aacute;ria Francis.</p> <p class="texto">Ela afirma que, no caso dos termos de colabora&ccedil;&atilde;o com escolas parceiras, h&aacute; um acompanhamento semanal para checar se estas est&atilde;o cumprindo o contrato, o que inclui a inspe&ccedil;&atilde;o desde a merenda oferecida at&eacute; a enturma&ccedil;&atilde;o, que &eacute; o processo de aloca&ccedil;&atilde;o de alunos por salas. Para as creches cadastradas no programa de aux&iacute;lio-creche, por&eacute;m, s&oacute; &eacute; feita uma nova visita no caso de solicita&ccedil;&atilde;o de amplia&ccedil;&atilde;o da oferta de vagas ou den&uacute;ncia.</p> <p class="texto">A CLDF diz que vem recebendo den&uacute;ncias de creches credenciadas que apresentam superlota&ccedil;&atilde;o ou irregularidades na contrata&ccedil;&atilde;o das equipes de educa&ccedil;&atilde;o infantil.</p> <h3>M&atilde;es prejudicadas</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/14/675x450/1_whatsapp_image_2024_02_14_at_14_36_08-35071171.jpeg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="A soci&oacute;loga Camila Galetti pesquisa mulheres no mercado de trabalho: creches s&atilde;o importantes para equidade de g&ecirc;nero"></amp-img> <figcaption>Arquivo pessoal - <b>A soci&oacute;loga Camila Galetti pesquisa mulheres no mercado de trabalho: creches s&atilde;o importantes para equidade de g&ecirc;nero</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Funda&ccedil;&atilde;o Get&uacute;lio Vargas (FGV Ibre) demonstrou que, entre os anos de 2012 e 2022, o n&uacute;mero de domic&iacute;lios com m&atilde;es solo cresceu 17,8% no Brasil, ando de 9,6 milh&otilde;es para 11,3 milh&otilde;es. Ou seja, em uma d&eacute;cada, ocorreu um aumento de 1,7 milh&atilde;o de m&atilde;es solo nas fam&iacute;lias brasileiras, em especial entre mulheres pretas e pardas</p> <p class="texto">Al&eacute;m disso, a maior parte das m&atilde;es solo (72,4%) vive em domic&iacute;lios monoparentais, sendo compostos apenas por elas e seus filhos. S&atilde;o mulheres que n&atilde;o moram com parentes que teriam o potencial de ajudar nas responsabilidades familiares. No Distrito Federal, o quantitativo de domic&iacute;lios em que a refer&ecirc;ncia era uma m&atilde;e solo, em 2022, chegou a 15,6%.</p> <p class="texto">O estudo tamb&eacute;m observou que uma parcela expressiva dessas m&atilde;es n&atilde;o possui ensino superior. Mais da metade possui, no m&aacute;ximo, ensino fundamental completo, e menos de 14% tem gradua&ccedil;&atilde;o.</p> <p class="texto">&ldquo;O fato de n&atilde;o ter vaga em creches implica diretamente em que a mulher n&atilde;o possa se especializar, fazer uma gradua&ccedil;&atilde;o, uma p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o. E a&iacute; ela vai ficando cada vez mais para tr&aacute;s no mercado de trabalho. Quando essa mulher consegue uma vaga numa creche p&uacute;blica, ela vai conseguir amenizar, diminuir a sobrecarga do trabalho de cuidado. Creches particulares s&atilde;o, em sua maioria, para pessoas de classe m&eacute;dia alta, que v&atilde;o conseguir pagar esse valor de mensalidade. Por isso, as m&atilde;es mais vulner&aacute;veis v&atilde;o sendo jogadas para subempregos. Isso aumenta a precariedade e a jornada de trabalho dessas mulheres&rdquo;, explica Camila Galetti, soci&oacute;loga e doutoranda da Universidade de Bras&iacute;lia em teoria feminista.</p> <p class="texto">Outra pesquisa, realizada pela empresa de mobilidade ECA International, demonstrou que os custos dos cuidados infantis aumentaram 6%, somente no ano ado, no mundo todo. No Brasil, com o alto pre&ccedil;o das mensalidades, apenas 30% das crian&ccedil;as com menos de tr&ecirc;s anos est&atilde;o matriculadas em creches.</p> <p class="texto">A organiza&ccedil;&atilde;o concluiu que a alta dos custos com a M&atilde;es prejudicadas o &agrave; educa&ccedil;&atilde;o educa&ccedil;&atilde;o de crian&ccedil;as pequenas, causada pelo aumento da infla&ccedil;&atilde;o observado desde a pandemia, e a consequente limita&ccedil;&atilde;o da for&ccedil;a de trabalho feminina t&ecirc;m provocado, por fim, queda em toda a economia.</p> <h3>Oportunidade perdida</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/15/675x450/1_whatsapp_image_2024_02_15_at_14_16_28-35071159.jpeg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="Eduarda chegou a ir &agrave; Justi&ccedil;a para tentar uma vaga para Sophia &mdash; &quot;Ia resolver toda a minha vida, ia conseguir terminar meus estudos&quot;"></amp-img> <figcaption>Fotos: Arquivo pessoal - <b>Eduarda chegou a ir &agrave; Justi&ccedil;a para tentar uma vaga para Sophia &mdash; &quot;Ia resolver toda a minha vida, ia conseguir terminar meus estudos&quot;</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Eduarda Lima &eacute; uma das 14 mil m&atilde;es &agrave; espera de uma vaga que v&ecirc;em as portas para inser&ccedil;&atilde;o profissional se fecharem em fun&ccedil;&atilde;o da maternidade. Aos 18 anos, &eacute; m&atilde;e de Sophia, de 2. Est&aacute; na fila por uma vaga em creche p&uacute;blica ou pelo aux&iacute;lio-creche do GDF h&aacute; mais de um ano e chegou a ir &agrave; Justi&ccedil;a para tentar garantir o direito da crian&ccedil;a, mas perdeu a a&ccedil;&atilde;o.</p> <p class="texto">Quando engravidou, teve que interromper os estudos. Agora, precisa completar o terceiro ano do ensino m&eacute;dio para conseguir realizar o sonho de cursar uma gradua&ccedil;&atilde;o em enfermagem.</p> <p class="texto">A garota vive no Setor de Mans&otilde;es de Sobradinho, sozinha, com a filha. A m&atilde;e e a irm&atilde; n&atilde;o conseguem ajudar no cuidado com Sophia porque trabalham o dia todo &mdash; o pai s&oacute; v&ecirc; a crian&ccedil;a aos fins de semana. Sem condi&ccedil;&otilde;es de arcar com a mensalidade de uma creche particular, Eduarda ou a contar com a ajuda da madrinha de Sophia, sua prima, e, assim, conseguiu uma vaga, pela noite, em um curso t&eacute;cnico de enfermagem que n&atilde;o exigia o diploma de conclus&atilde;o do ensino b&aacute;sico.</p> <p class="texto">A rotina &eacute; puxada: Eduarda deixa a menina com a madrinha em Sobradinho 1 e corre para o trabalho. Pela tarde, busca Sophia e fica com ela at&eacute; a noite, quando tem que deixar a filha novamente aos cuidados da prima para estudar.</p> <p class="texto">&ldquo;Se eu conseguisse essa vaga, ia resolver tudo na minha vida! Ia terminar o ensino m&eacute;dio, poderia arrumar um emprego em que receba mais para pagar a faculdade&hellip; Eu j&aacute; at&eacute; terminei as mat&eacute;rias do curso t&eacute;cnico, s&oacute; faltam os est&aacute;gios, estou indo atr&aacute;s, mas todos que aparecem s&atilde;o para o dia todo&rdquo;, conta.</p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/16/675x450/1_1-35071103.jpg?20240218082927?20240218082927", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Priscila Crispi" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 4ez1h

Eu, Estudante 6rh50

o à educação

Mães trabalhadoras de Brasília não conseguem vagas em creche 6o6l4a

São quase 14 mil crianças de até seis anos na fila, o que impede mulheres de trabalharem ou avançarem na carreira 3ac72

As aulas da rede pública de ensino do Distrito Federal começam nesta segunda-feira (19), mas quase 14 mil bebês e crianças pequenas ainda aguardam uma vaga para estudar neste ano. A informação foi confirmada pela Secretaria de Educação do DF (SEE), que, em 2024, está ofertando 31.496 vagas em creches, das quais 27.627 são disponibilizadas por instituições parceiras — organizações da sociedade civil que recebem recursos do governo para gerir escolas que são consideradas públicas, apesar de não estarem diretamente sob a istração da SEE.

Além disso, 6.257 famílias são beneficiárias do programa Cartão Creche, que paga um valor mensal que deve ser destinado à matrícula dos pequenos em uma organização privada, credenciada pela Secretaria.

Segundo um levantamento do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), de 2021, a população de crianças na primeira infância, no DF, é de cerca de 280 mil. Ou seja, apenas 13% dos estudantes de até seis anos de idade são assistidos, em alguma modalidade, pela rede de ensino

Arquivo pessoal - A subsecretária de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação da SEE, Francis Ferreira, diz que o GDF planeja ofertar mais 1.139 vagas este ano

A subsecretária de educação, Francis Ferreira, explica que, das quase 32 mil vagas, 28.500 são reservadas às crianças que já estão matriculadas e estudando, e apenas migraram para a série seguinte da educação infantil. Isso significa que, de 2023 para cá, o Governo do Distrito Federal (GDF) ampliou em 3 mil vagas o atendimento da rede.

A pasta informa que está concluindo seu planejamento anual e que há uma previsão, ainda não confirmada, do aumento de mais 1.139 vagas para crianças de 0 a 3 anos, possibilitadas pelo pedido de ampliação por parte das instituições de ensino parceiras.

Para sanar de forma definitiva a imensa lista de espera, Francis afirma que a Secretaria de Educação tem empenhado esforços para ampliar o número de vagas para toda a rede. “Realizamos, recentemente, a revisão do Manual de Creches, para dar mais celeridade ao encaminhamento da fila. Também estamos em fase de execução do Plano de Obras, que prevê novas creches para 2024. Além disso, publicamos um decreto que permitiu o atendimento superior a 200 crianças por instituição escolar”, lista a subsecretária.

Na visão do presidente da Comissão de Educação da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CESC/CLDF), Gabriel Magno (PT), mesmo com o aumento anunciado de 3 mil vagas, o deficit segue muito grande. “A estratégia do GDF para diminuir a fila é o Cartão Creche, que é um processo de precarização, para contratação de creche privada. Dessa forma, se desresponsabiliza o poder público da oferta e controle de qualidade da educação infantil”, defende o deputado distrital.

Fotos: Joana Cabral/CB - Gael Inácio, 2 anos, frequenta uma creche particular. O preço da mensalidade pesa no orçamento da mãe, Bruna Cabral

Bruna dos Santos Cabral, 30 anos, é consultora de vendas e mãe de Gael Inácio, de 2. A família mora em Samambaia Norte. Ela conta que cadastrou o menino na fila de espera da Secretaria quando ele completou quatro meses, idade mínima para ingressar em uma creche, mas, até hoje, não foi contemplada com uma vaga. “Precisava voltar ao trabalho ao fim da minha licença e, como a vaga não saiu a tempo, tive que sair do emprego e ficar em casa com ele”, lembra.

Hoje, Bruna, que é separada do pai da criança, fica com o menino todas as manhãs e conta com a ajuda da mãe e da irmã para levar e buscar o filho na creche particular, que ela se esforça para conseguir pagar, pela tarde, durante o turno oposto do seu trabalho. A avó cuida de Gael depois que ele sai da creche até que Bruna retorne do serviço, somente às 20h30. “Eu não tinha muitas opções, precisava tirar a sobrecarga da minha mãe de ficar o dia todo com ele, até porque ela trabalha em home office, então, ter uma criança pequena dependendo dela atrapalha bastante”, diz.

Ela pondera que receber, ao menos, o benefício do Cartão Creche seria um alívio nas contas do mês. “Toda ajuda é bem-vinda, porque não tenho somente o gasto com a mensalidade, tem uniforme, lanche, material escolar…”, enumera.

Obras 2183h

Gabriel Magno acredita que, apesar do Cartão Creche ser uma ajuda emergencial válida, somente a construção de creches públicas pode resolver, a longo prazo, o problema. Segundo o GDF, em 2023, houve a inauguração de duas creches rurais localizadas no Paranoá e em Planaltina, além de três novos Centros de Educação da Primeira Infância (Cepi) em Planaltina e Ceilândia. Para 2024, há a previsão de entrega de mais 18 Cepis, a começar por Santa Maria, inaugurado para o início do ano letivo.

“O que nos preocupa é que o governador disse que esse seria o ano de entregas de escolas, mas o orçamento para a educação infantil diminuiu. Não há, por exemplo, uma única linha no Plano Plurianual sobre a construção de creches, e o orçamento para essas instituições de ensino ficou zerado na Lei Orçamentária Anual”, afirma o deputado.

Ele diz que, das 18 novas creches anunciadas pelo GDF para serem inauguradas em 2024, 14 foram construídas com recursos federais, liberados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. “O orçamento do governo federal é importante para nós, mas qual parte do orçamento próprio do GDF vem sendo investido para isso? E mais, qual o estado dessas obras? Acompanhamos várias delas ano ado, nenhuma das prometidas foi entregue, estavam todas em estado muito inicial. Eles prometem, mas quando você vai checar, a obra está paralisada”, cobra.

De acordo com levantamento da Comissão de Educação, 99% das creches públicas do DF são conveniadas. “O setor privado é insuficiente, recebemos, toda semana, denúncias na Comissão vindas de famílias que não encontram vaga nem nas creches conveniadas. É preciso construir novos prédios urgentemente”, completa Magno.

Superlotação 1k851

Por determinação da Secretaria, todas as instituições credenciadas precisam respeitar o número mínimo e máximo de crianças por sala, que varia de 8 a 28, a depender da infraestrutura da escola e da faixa etária dos pequenos. Para o Berçário 1, por exemplo, o máximo é de 15 crianças por turma.

“As organizações com quem temos um termo de colaboração, mas atendem em prédios próprios, são verificadas pela Secretaria. Temos uma área que faz inspeção de infraestrutura e também um setor de inspeção pedagógica. No caso do Cartão Creche, a gente apenas manifesta uma anuência para habilitar a creche interessada. Essa anuência também acontece após visitas iniciais desses dois setores. Então, nossos termos sempre incluem um quantitativo mínimo e máximo de alunos”, explica a subsecretária Francis.

Ela afirma que, no caso dos termos de colaboração com escolas parceiras, há um acompanhamento semanal para checar se estas estão cumprindo o contrato, o que inclui a inspeção desde a merenda oferecida até a enturmação, que é o processo de alocação de alunos por salas. Para as creches cadastradas no programa de auxílio-creche, porém, só é feita uma nova visita no caso de solicitação de ampliação da oferta de vagas ou denúncia.

A CLDF diz que vem recebendo denúncias de creches credenciadas que apresentam superlotação ou irregularidades na contratação das equipes de educação infantil.

Mães prejudicadas 3o2t3x

Arquivo pessoal - A socióloga Camila Galetti pesquisa mulheres no mercado de trabalho: creches são importantes para equidade de gênero

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) demonstrou que, entre os anos de 2012 e 2022, o número de domicílios com mães solo cresceu 17,8% no Brasil, ando de 9,6 milhões para 11,3 milhões. Ou seja, em uma década, ocorreu um aumento de 1,7 milhão de mães solo nas famílias brasileiras, em especial entre mulheres pretas e pardas

Além disso, a maior parte das mães solo (72,4%) vive em domicílios monoparentais, sendo compostos apenas por elas e seus filhos. São mulheres que não moram com parentes que teriam o potencial de ajudar nas responsabilidades familiares. No Distrito Federal, o quantitativo de domicílios em que a referência era uma mãe solo, em 2022, chegou a 15,6%.

O estudo também observou que uma parcela expressiva dessas mães não possui ensino superior. Mais da metade possui, no máximo, ensino fundamental completo, e menos de 14% tem graduação.

“O fato de não ter vaga em creches implica diretamente em que a mulher não possa se especializar, fazer uma graduação, uma pós-graduação. E aí ela vai ficando cada vez mais para trás no mercado de trabalho. Quando essa mulher consegue uma vaga numa creche pública, ela vai conseguir amenizar, diminuir a sobrecarga do trabalho de cuidado. Creches particulares são, em sua maioria, para pessoas de classe média alta, que vão conseguir pagar esse valor de mensalidade. Por isso, as mães mais vulneráveis vão sendo jogadas para subempregos. Isso aumenta a precariedade e a jornada de trabalho dessas mulheres”, explica Camila Galetti, socióloga e doutoranda da Universidade de Brasília em teoria feminista.

Outra pesquisa, realizada pela empresa de mobilidade ECA International, demonstrou que os custos dos cuidados infantis aumentaram 6%, somente no ano ado, no mundo todo. No Brasil, com o alto preço das mensalidades, apenas 30% das crianças com menos de três anos estão matriculadas em creches.

A organização concluiu que a alta dos custos com a Mães prejudicadas o à educação educação de crianças pequenas, causada pelo aumento da inflação observado desde a pandemia, e a consequente limitação da força de trabalho feminina têm provocado, por fim, queda em toda a economia.

Oportunidade perdida 6m175v

Fotos: Arquivo pessoal - Eduarda chegou a ir à Justiça para tentar uma vaga para Sophia — "Ia resolver toda a minha vida, ia conseguir terminar meus estudos"

Eduarda Lima é uma das 14 mil mães à espera de uma vaga que vêem as portas para inserção profissional se fecharem em função da maternidade. Aos 18 anos, é mãe de Sophia, de 2. Está na fila por uma vaga em creche pública ou pelo auxílio-creche do GDF há mais de um ano e chegou a ir à Justiça para tentar garantir o direito da criança, mas perdeu a ação.

Quando engravidou, teve que interromper os estudos. Agora, precisa completar o terceiro ano do ensino médio para conseguir realizar o sonho de cursar uma graduação em enfermagem.

A garota vive no Setor de Mansões de Sobradinho, sozinha, com a filha. A mãe e a irmã não conseguem ajudar no cuidado com Sophia porque trabalham o dia todo — o pai só vê a criança aos fins de semana. Sem condições de arcar com a mensalidade de uma creche particular, Eduarda ou a contar com a ajuda da madrinha de Sophia, sua prima, e, assim, conseguiu uma vaga, pela noite, em um curso técnico de enfermagem que não exigia o diploma de conclusão do ensino básico.

A rotina é puxada: Eduarda deixa a menina com a madrinha em Sobradinho 1 e corre para o trabalho. Pela tarde, busca Sophia e fica com ela até a noite, quando tem que deixar a filha novamente aos cuidados da prima para estudar.

“Se eu conseguisse essa vaga, ia resolver tudo na minha vida! Ia terminar o ensino médio, poderia arrumar um emprego em que receba mais para pagar a faculdade… Eu já até terminei as matérias do curso técnico, só faltam os estágios, estou indo atrás, mas todos que aparecem são para o dia todo”, conta.