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Brasiliense, nascida e criada no Guar&aacute;, ela brincava de escolinha desde que se entende por gente. Ao ingressar na escola perto de casa, aos 4 anos, o desejo de se tornar professora s&oacute; aumentou. Saiu do ensino m&eacute;dio j&aacute; formada como normalista e apta, portanto, a lecionar, em 1993.</p> <p class="texto">"Minha normalista linda / Ainda sou estudante / Da vida que eu quero dar", eram os versos de Belchior que a m&atilde;e, Nilce de Almeida S&eacute;rgio, mineira, repetia sem se cansar, tamanho era o orgulho que sentia da filha por ter conclu&iacute;do a Escola Normal. "Foi uma fase muito feliz da minha hist&oacute;ria, da minha forma&ccedil;&atilde;o, porque eu acho que l&aacute; tive, de fato, grandes mestres, que me deram um alicerce", avalia a professora, que completou a forma&ccedil;&atilde;o com o curso de ci&ecirc;ncias sociais na Upis e de pedagogia na Universidade de Bras&iacute;lia (UnB).</p> <p class="texto"> <div class="galeria-cb"> <amp-carousel class="carousel1" layout="fixed-height" height="300" type="slides"> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/07/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_07_at_17_10_08-44341706.jpeg?20250107173400" class="contain" layout="fill" alt="Professora Janaína Almeida " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Fotos: Arquivo pessoal - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/07/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_07_at_17_10_02-44341708.jpeg?20250107173402" class="contain" layout="fill" alt="Professora Janaína Almeida " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Arquivo pessoal - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/07/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_07_at_17_09_39-44341710.jpeg?20250107173406" class="contain" layout="fill" alt="Professora Janaína Almeida " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Arquivo pessoal - <b></b> </figcaption> </div> <amp-embed width=100 height=100 type=taboola layout=responsive data-publisher='diariosassociados-correiobraziliense' data-mode='thumbnails-a-photogallery' data-placement='taboola-widget-0-photo-gallery AMP' data-target_type='mix' data-article='auto' data-url=''> </amp-embed> </amp-carousel> </div></p> <p class="texto">Ap&oacute;s a formatura, Jana ainda encararia um ano de buscas pelo primeiro emprego e quase desistiu. Em 1994, surgiu a primeira proposta de trabalho, em escola particular, e o sonho come&ccedil;ou a ganhar contornos mais claros. A aprova&ccedil;&atilde;o no concurso para a Secretaria de Educa&ccedil;&atilde;o veio um ano mais tarde e, em seguida, mais um longo per&iacute;odo de espera.</p> <p class="texto">Foram chamados os 55 primeiros colocados nas convoca&ccedil;&otilde;es iniciais e Jana havia ficado com a 59&ordf; coloca&ccedil;&atilde;o. Demoraram mais dois anos para que a t&atilde;o aguardada chamada sa&iacute;sse publicada no <strong>Correio Braziliense</strong>, em 1997. Quem avisou foi uma vizinha, que gritou da janela: "Jana&iacute;na, t&ocirc; vendo seu nome no jornal!". O susto deu lugar &agrave; alegria de ver que se tratava da aprova&ccedil;&atilde;o, mesmo em um momento t&atilde;o delicado: ela havia acabado de perder a m&atilde;e.</p> <ul> <li><strong>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2024/01/6776314-inspiracao-e-empatia-em-sala-de-aula.html">Professor transforma aulas de matem&aacute;tica em momentos de inspira&ccedil;&atilde;o</a></strong></li> <li><strong>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2024/05/6849698-arte-e-criatividade-fomentam-transformacao-de-alunos-especiais.html">"Os alunos precisam ser mais felizes", diz professora da educa&ccedil;&atilde;o especial</a></strong></li> </ul> <p class="texto">"Esse momento foi uma virada de chave na minha vida, porque eu estava de luto pela morte da minha m&atilde;e e esse era um sonho que ela sempre teve, de me ver professora da rede p&uacute;blica. Ela era servidora do GDF tamb&eacute;m e sabia o peso de trabalhar no servi&ccedil;o p&uacute;blico", observa. Nilce era t&eacute;cnica de enfermagem e trabalhava nas alas pedi&aacute;tricas do Hospital Universit&aacute;rio de Bras&iacute;lia (HUB) e do Hospital Regional da Asa Norte (Hran).</p> <p class="texto">Completando o ciclo de mudan&ccedil;as, Jana comprou o primeiro carro e engravidou da primog&ecirc;nita, Sophia de Berdinne Almeida S&eacute;rgio, hoje com 27 anos. Mais tarde, nasceu Jo&atilde;o V&iacute;tor de Berdinne Almeida, hoje com 19. Sem a m&atilde;e, a professora se mudou para a casa dos av&oacute;s, no Guar&aacute; 2, e de l&aacute; fazia o percurso at&eacute; a Escola Sargento Lima, da Marinha, onde foi alocada, na regi&atilde;o istrativa de Santa Maria.</p> <p class="texto">Para chegar &agrave; institui&ccedil;&atilde;o, &agrave;s margens da BR-040, pegava tr&ecirc;s condu&ccedil;&otilde;es. Antes das 7h estava por l&aacute; para recepcionar os alunos. &Agrave; noite, seguia para a faculdade, onde cursava ci&ecirc;ncias sociais. "Foi essa a rotina, e gr&aacute;vida, com barrig&atilde;o. Depois quando ela nasceu, da mesma forma, s&oacute; que havia naquele momento a possibilidade de ficar pr&oacute;ximo de casa para amamentar. Ent&atilde;o, fiquei um ano dando aula na escola em que eu estudei e que era perto da minha casa, a Escola Classe 2."</p> <h3>Transforma&ccedil;&otilde;es<br /></h3> <p class="texto">Em 1999, Jana orgulha-se de ter participado da funda&ccedil;&atilde;o da Regional de Ensino do Parano&aacute;, implementando o plano de trabalho das escolas e, aos 22 anos, encarando a miss&atilde;o de substituir o chefe da Coordena&ccedil;&atilde;o Pedag&oacute;gica da Regional de Ensino. Nesse mesmo per&iacute;odo, ela participou da constru&ccedil;&atilde;o do primeiro referencial curricular de educa&ccedil;&atilde;o infantil do Minist&eacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o.</p> <p class="texto"><strong><a href="https://whatsapp.com/channel/0029VaB1U9a002T64ex1Sy2w">Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais not&iacute;cias do dia no seu celular</a></strong></p> <p class="texto">J&aacute; em 2000, Jana voltou para o Guar&aacute;, para lecionar no CEF 5. Foi ali que, antes de retomar a trajet&oacute;ria na gest&atilde;o, ela lecionou por dois anos seguidos numa turma que deixou marcas que persistem at&eacute; hoje. Eram alunos da ent&atilde;o 3&ordf; s&eacute;rie. Quando o ano terminou, os pais fizeram um abaixo-assinado pedindo que Jana continuasse com os meninos, e o pedido foi atendido.</p> <p class="texto">"Era uma turma especial, porque tinha uma diversidade muito grande, mas a gente conseguiu avan&ccedil;ar muito nos conte&uacute;dos", alegra-se. "Hoje, eles s&atilde;o meus amigos. Tem um grupo chamado 'Tia Jana' no WhatsApp. A gente se encontra e eu sei da vida de todos eles. Quem virou m&eacute;dico, quem virou professora, quem se casou. Eu vou ao casamento deles, conhe&ccedil;o os pais&hellip;", relata.</p> <p class="texto"> <div class="galeria-cb"> <amp-carousel class="carousel1" layout="fixed-height" height="300" type="slides"> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/07/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_07_at_17_10_52__1_-44341679.jpeg?20250107173357" class="contain" layout="fill" alt="Professora Janaína Almeida " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Arquivo pessoal - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/07/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_07_at_17_10_52-44341681.jpeg?20250107173357" class="contain" layout="fill" alt="Professora Janaína Almeida " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Arquivo pessoal - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/07/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_07_at_17_10_51-44341683.jpeg?20250107173356" class="contain" layout="fill" alt="Professora Janaína Almeida " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Arquivo pessoal - <b></b> </figcaption> </div> <amp-embed width=100 height=100 type=taboola layout=responsive data-publisher='diariosassociados-correiobraziliense' data-mode='thumbnails-a-photogallery' data-placement='taboola-widget-0-photo-gallery AMP' data-target_type='mix' data-article='auto' data-url=''> </amp-embed> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/07/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_07_at_17_10_52__2_-44341712.jpeg?20250107173406" class="contain" layout="fill" alt="Professora Janaína Almeida com a primeira equipe gestora, na Escola Classe 5 do Guará" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Arquivo pessoal - <b></b> </figcaption> </div> </amp-carousel> </div></p> <h3>Excel&ecirc;ncia como meta<br /></h3> <p class="texto">O pr&oacute;ximo per&iacute;odo marcante na carreira foi na dire&ccedil;&atilde;o da Escola Classe 5 do Guar&aacute;. Por 10 anos, Jana ficou &agrave; frente da gest&atilde;o da escola, que alcan&ccedil;ou no per&iacute;odo o primeiro lugar no &Iacute;ndice de Desenvolvimento da Educa&ccedil;&atilde;o B&aacute;sica (Ideb) no Guar&aacute; e o quinto lugar entre as escolas de ensino fundamental no Distrito Federal.</p> <p class="texto">"A escola foi apontada &agrave; &eacute;poca como refer&ecirc;ncia de ensino pela pr&oacute;pria Secretaria de Educa&ccedil;&atilde;o. N&oacute;s ganhamos v&aacute;rios pr&ecirc;mios de boas pr&aacute;ticas de gest&atilde;o, pr&ecirc;mios Professor Transformador, e o Ideb vinha, a cada dois anos, para coroar essa gest&atilde;o. Demos um salto qualitativo muito grande, n&atilde;o s&oacute; no aspecto da forma&ccedil;&atilde;o dos estudantes na &aacute;rea educacional, mas tamb&eacute;m de uma forma&ccedil;&atilde;o cidad&atilde;", orgulha-se. Em 2015, ela recebeu o pr&ecirc;mio Boas Pr&aacute;ticas de Gest&atilde;o.</p> <p class="texto">Entre as pr&aacute;ticas inovadoras que al&ccedil;aram a escola ao grau de excel&ecirc;ncia, estavam as pr&aacute;ticas integrativas, al&eacute;m de atividades no contraturno, como capoeira, futsal, karat&ecirc;, bal&eacute; e ingl&ecirc;s. As hist&oacute;rias sobre a escola circulavam pela secretaria e havia professor que chegava com receio da carga de trabalho. Jana n&atilde;o desmentia, mas deixava o incentivo: "Se voc&ecirc; quiser fazer parte de uma hist&oacute;ria de sucesso, o caminho &eacute; esse: &eacute; a forma&ccedil;&atilde;o, &eacute; muito trabalho, &eacute; projeto, e focar no estudante n&atilde;o s&oacute; como uma matr&iacute;cula, mas como ser individual".</p> <p class="texto"> <div class="galeria-cb"> <amp-carousel class="carousel1" layout="fixed-height" height="300" type="slides"> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/07/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_07_at_17_10_50__1_-44341685.jpeg?20250107173357" class="contain" layout="fill" alt="Professora Janaína Almeida " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Arquivo pessoal - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/07/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_07_at_17_10_50-44341688.jpeg?20250107173356" class="contain" layout="fill" alt="Professora Janaína Almeida " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Arquivo pessoal - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/07/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_07_at_17_10_49-44341697.jpeg?20250107173401" class="contain" layout="fill" alt="Professora Janaína Almeida na Câmara Legislativa do DF" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Arquivo pessoal - <b></b> </figcaption> </div> <amp-embed width=100 height=100 type=taboola layout=responsive data-publisher='diariosassociados-correiobraziliense' data-mode='thumbnails-a-photogallery' data-placement='taboola-widget-0-photo-gallery AMP' data-target_type='mix' data-article='auto' data-url=''> </amp-embed> </amp-carousel> </div></p> <p class="texto">Jana fazia quest&atilde;o de preencher, um a um, os mais de 500 relat&oacute;rios de desempenho ap&oacute;s os conselhos de classe. Dessa forma, mantinha-se atualizada sobre a situa&ccedil;&atilde;o de todos e tamb&eacute;m acompanhava a performance dos professores. Um dos epis&oacute;dios marcantes foi quando um pai, que morava nos Estados Unidos, entrou em contato com a escola para saber detalhes sobre a trajet&oacute;ria escolar da filha, pois n&atilde;o entendia o motivo de a m&atilde;e insistir em manter a menina em escola p&uacute;blica.</p> <p class="texto">"Eu me apresentei, disse que era diretora e confirmei (na secretaria) que ele era realmente pai da crian&ccedil;a, e informei como estava o desenvolvimento da filha dele. Ele ficou surpreso e falou: 'Olha, professora, nem aqui nos Estados Unidos, se eu ligar para uma escola, uma diretora vai saber falar da minha filha t&atilde;o bem quanto voc&ecirc; est&aacute; falando dela'. Isso foi muito gratificante, porque mostrou que a gente estava no caminho certo."</p> <h3>Ressignifica&ccedil;&atilde;o</h3> <p class="texto">Em 2019, foi a hora de Jana ser convidada para compor a gest&atilde;o central da Secretaria de Educa&ccedil;&atilde;o, como secret&aacute;ria-executiva pedag&oacute;gica do ent&atilde;o chefe da pasta, Rafael Parente. ou ainda pela Regional de Taguatinga, como assessora pedag&oacute;gica, e pelo gabinete do distrital Professor Israel Batista (PSB), onde atuou como assessora parlamentar de Educa&ccedil;&atilde;o. Foi Conselheira do Conselho dos Direitos da Mulher, membro do F&oacute;rum de Preven&ccedil;&atilde;o e Erradica&ccedil;&atilde;o do Trabalho Infantil e de Prote&ccedil;&atilde;o ao Trabalhador Adolescente, e integrou o Observat&oacute;rio da Educa&ccedil;&atilde;o B&aacute;sica da UnB. Ela descreve a nova fase como um per&iacute;odo de desafios, em que o trabalho, antes a um grupo pequeno de estudantes, ganhou escala.</p> <p class="texto">"Tentei levar um pouco dessa minha experi&ecirc;ncia de professora, de ch&atilde;o da escola, para a gest&atilde;o central", observa, completando que promovia caravanas, uma vez por semana, at&eacute; as escolas da rede para entender a realidade de cada uma e os problemas que precisavam ser enfrentados: de cadeira quebrada a refeit&oacute;rio inadequado, nada ava despercebido. "Tudo o que o aluno de uma escola p&uacute;blica quer &eacute; dignidade, respeito", refor&ccedil;a Jana. "Sempre me preocupei muito em ar a ideia de que a escola precisa ser um ambiente acolhedor, chegar e abra&ccedil;ar o estudante."</p> <p class="texto"> <div class="galeria-cb"> <amp-carousel class="carousel1" layout="fixed-height" height="300" type="slides"> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/07/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_07_at_17_10_23-44341702.jpeg?20250107173402" class="contain" layout="fill" alt="Professora Janaína Almeida com os filhos, Sophia e João Vítor" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Arquivo pessoal - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/07/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_07_at_17_10_16-44341704.jpeg?20250107173402" class="contain" layout="fill" alt="Professora Janaína Almeida " width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Arquivo pessoal - <b></b> </figcaption> </div> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/03/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_03_at_14_31_08-44141467.jpeg?20250103152913" class="contain" layout="fill" alt="Professora Jana&iacute;na Almeida, a Jana, refer&ecirc;ncia no ensino p&uacute;blico em Bras&iacute;lia. Foto tirada no CEF 05 do Guar&aacute;, onde ela deu aulas. Coluna Nossos Mestres" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Mariana Niederauer/CB/D.A. Press - <b></b> </figcaption> </div> <amp-embed width=100 height=100 type=taboola layout=responsive data-publisher='diariosassociados-correiobraziliense' data-mode='thumbnails-a-photogallery' data-placement='taboola-widget-0-photo-gallery AMP' data-target_type='mix' data-article='auto' data-url=''> </amp-embed> <div class="slide"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/03/675x450/1_whatsapp_image_2025_01_03_at_14_31_08__1_-44141480.jpeg?20250103152922" class="contain" layout="fill" alt="Professora Janaína Almeida, a Jana, referência no ensino público em Brasília. Foto tirada no CEF 05 do Guará, onde ela deu aulas. Coluna Nossos Mestres" width="685" height="470"></amp-img> <figcaption class="fonte"> Mariana Niederauer/CB/D.A. Press - <b></b> </figcaption> </div> </amp-carousel> </div></p> <p class="texto">E &eacute; por isso que ela lutou durante toda a carreira na educa&ccedil;&atilde;o. A pr&oacute;pria trajet&oacute;ria escolar foi atingida pelo racismo e as marcas das ofensas e da viol&ecirc;ncia que sofreu seguem com ela at&eacute; hoje. "Embora a escola fosse esse lugar t&atilde;o maravilhoso para mim, no 2&ordm; ano (do ensino fundamental) eu sofri racismo, sem saber que era racismo", afirma Jana. "A professora n&atilde;o deixava os estudantes se sentarem ao meu lado, falava que eu fedia a macaco. Uma vez, eu fiz xixi na sala de aula porque ela n&atilde;o me deixou ir ao banheiro. Ela e os alunos zombaram de mim. At&eacute; hoje, eu me lembro o nome e o rosto dela, porque o racismo n&atilde;o a. A gente vai morrer com as sequelas."</p> <p class="texto">De uma crian&ccedil;a que aos 4 anos adorava a escola, Jana se transformou em uma aluna de 8 anos que chorava todos os dias para n&atilde;o precisar ir &agrave; aula. Uma tia conta que ela se agarrava &agrave;s grades das casas pelo caminho. "Eu ficava pensando e falava: 'Gente, mas o que ser&aacute; que eu fiz para ela n&atilde;o gostar de mim?"</p> <p class="texto">As feridas cicatrizaram e, assim que teve a oportunidade, pavimentou o caminho para que milhares de estudantes n&atilde;o sofressem o mesmo &mdash; de forma indireta, com as forma&ccedil;&otilde;es, palestras e debates; e tamb&eacute;m forma direta, defendendo-os de qualquer forma de discrimina&ccedil;&atilde;o dentro da escola.</p> <p class="texto">O momento de lavar a alma, como ela define, foi a constru&ccedil;&atilde;o do projeto de educa&ccedil;&atilde;o antirracista Taguatinga Plural, quando trabalhou naquela regional de ensino. "Quando decidi que queria ser professora, o meu primeiro ponto era n&atilde;o ser uma professora como aquela e n&atilde;o permitir que ningu&eacute;m ao meu redor fosse essa pessoa racista", conta Jana.</p> <ul> <li><strong>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2024/12/7005383-historia-e-cultura-afro-brasileira-professor-do-df-se-destaca.html">Hist&oacute;ria e cultura afro-brasileira: professor do DF se destaca</a></strong></li> <li><strong>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2024/11/6987496-professor-inova-para-desconstruir-o-medo-da-matematica.html">Mago dos n&uacute;meros: professor inova para desconstruir o medo da matem&aacute;tica</a></strong></li> </ul> <p class="texto">No &acirc;mbito do projeto, foram tra&ccedil;adas uma s&eacute;rie de atividades para aumentar o repert&oacute;rio de professores e de estudantes sobre cultura africana. "Quando come&ccedil;amos a colher os frutos desse trabalho eu me senti de alma lavada, pois j&aacute; cheguei a conversar com alguns estudantes negros que se sentiam como eu: ao chegar &agrave; escola, a vontade era de cavar um buraco e entrar, para ficar invis&iacute;vel. Isso n&atilde;o &eacute; justo com nenhum ser humano, independentemente da cor da pele. Estamos na escola para sermos vistos, para vivermos, para nos formarmos. Querer ser invis&iacute;vel na escola &eacute; uma dor."</p> <p class="texto">O combate ao racismo era o principal objetivo, mas trouxe junto outros benef&iacute;cios: redu&ccedil;&atilde;o da evas&atilde;o escolar, alfabetiza&ccedil;&atilde;o mais eficaz e combate a outros preconceitos, como gordofobia, lgbtfobia e preconceito econ&ocirc;mico.</p> <h3>Luta por direitos</h3> <p class="texto">Em paralelo, Jana sempre participou das reivindica&ccedil;&otilde;es da categoria por melhorias nas condi&ccedil;&otilde;es de trabalho. Seja na luta pela jornada ampliada, sejam reajustes salariais e direito a licen&ccedil;as para capacita&ccedil;&atilde;o, seja na press&atilde;o pela regulariza&ccedil;&atilde;o dos pagamento de verbas do Programa de Descentraliza&ccedil;&atilde;o istrativa e Financeira (Pdaf). "Se os professores hoje t&ecirc;m uma situa&ccedil;&atilde;o um pouco melhor, &eacute; porque l&aacute; atr&aacute;s e antes de mim j&aacute; tiveram professores que lutaram e que deram o sangue para a gente chegar &agrave; posi&ccedil;&atilde;o em que estamos hoje."</p> <ul> <li><strong>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2023/11/6653162-dione-moura-a-professora-que-transformou-a-vida-de-jovens-negros-no-pais.html">Dione Moura: a professora que transformou a vida de jovens negros no pa&iacute;s</a></strong></li> <li><strong>Leia tamb&eacute;m:&nbsp;<a href="/euestudante/trabalho-e-formacao/2024/04/6831800-gina-vieira-ponte-professora-que-criou-o-projeto-mulheres-inspiradoras.html">Professora Gina Vieira Ponte celebra os 10 anos do Mulheres Inspiradoras</a></strong></li> </ul> <p class="texto">O encerramento da carreira na Secretaria de Educa&ccedil;&atilde;o veio de forma abrupta. Em setembro do ano ado, Jana foi aposentada por invalidez, ap&oacute;s o diagn&oacute;stico de esclerose m&uacute;ltipla. A frustra&ccedil;&atilde;o por ter encerrado a agem pelo funcionalismo p&uacute;blico demorou a ser superada. "ei um ano sab&aacute;tico, bem fechada e reclusa, para cuidar da sa&uacute;de. H&aacute; cerca de um m&ecirc;s, recebi o laudo de vis&atilde;o monocular &mdash; perdi a vis&atilde;o do olho direito. Isso prova, mais do que nunca, que eu precisava mesmo me aposentar. Mas acredito que um professor, mesmo aposentado, n&atilde;o deixa de ser professor", atesta.</p> <p class="texto">Com firmeza e determina&ccedil;&atilde;o expressos no olhar e na fala apaixonada, Jana refor&ccedil;a seu compromisso com a educa&ccedil;&atilde;o e convoca todos a assumirem esse lugar de protagonismo com o bem social mais precioso que h&aacute;. "Eu digo que eu nasci professora e vou morrer professora porque a educa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o acontece s&oacute; dentro da escola. Acontece em todos os processos da vida. Mesmo n&atilde;o sendo professores, que as pessoas se coloquem neste lugar. Precisamos contar com todos os recursos poss&iacute;veis para fazer a educa&ccedil;&atilde;o acontecer."</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/euestudante/educacao-basica/2025/01/7030937-deputada-propoe-inclusao-de-ainda-estou-aqui-no-programa-nacional-do-livro-didatico.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/09/deputada_luciene_cavalcante-44463387.jpg?20250109182357" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Educação básica</strong> <span>Deputada propõe inclusão de 'Ainda Estou Aqui' no Programa Nacional do Livro Didático</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/concursos/2025/01/7029349-ministerio-publico-da-uniao-lanca-concurso-com-salario-de-rs13-mil.html"> <amp-img src="https://blogs.correiobraziliense.com.br/papodeconcurseiro/wp-content/s/sites/14/2020/10/MPU-1.jpg?20250108084115" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Concursos</strong> <span>Ministério Público da União lança concurso com salários de até R$ 13.994</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/concursos/2025/01/7029769-tjdf-divulga-resultados-do-concurso-para-auditor.html"> <amp-img src="https://blogs.correiobraziliense.com.br/cbpoder/wp-content/s/sites/5/2018/04/CBPFOT160420100175-e1524777680359.jpg?20250109104332" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Concursos</strong> <span>TCDF divulga primeiros resultados do concurso para auditor</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/ensino-superior/2025/01/7028950-unb-promove-evento-para-lancar-o-comite-de-enfrentamento-a-desinformacao.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/01/07/whatsapp_image_2025_01_07_at_17_22_16__1_-44344247.jpeg" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Ensino superior</strong> <span>UnB promove evento para lançar o Comitê de Enfrentamento à Desinformação</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/enem/2025/01/7028886-resultado-do-enem-2024-sera-divulgado-na-proxima-segunda-feira-13-1.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/11/03/whatsapp_image_2024_11_03_at_18_15_40-41249850.jpeg?20250107170732" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Enem</strong> <span>Resultado do Enem 2024 será divulgado na próxima segunda-feira (13/1)</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/euestudante/ensino-superior/2025/01/7028040-sisu-2025-universidades-publicas-do-df-e-de-diversos-estados-oferecem-vagas-confira.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/16/1_sisu_34488350-35060988.jpg?20241227102645" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Ensino superior</strong> <span>Sisu 2025: universidades públicas do DF e de diversos estados oferecem 260 mil vagas</span> </div> </a> </li> </ul> </div></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fmidias.correiobraziliense.com.br%2F_midias%2Fjpg%2F2025%2F01%2F03%2F360x240%2F1_whatsapp_image_2025_01_03_at_14_31_09__2_-44141463.jpeg", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Mariana Niederauer" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 3w3s5i

Eu, Estudante 6rh50

NOSSOS MESTRES

Legado para a educação: conheça a trajetória da professora Janaína Almeida 3tf62

Referência no ensino público, a professora Janaína Almeida não anda pelo Guará sem ser abordada com carinho por um ex-aluno. Trajetória de sucesso foi reconhecida por premiações e resultados inéditos no Ideb 164w6o

"Eu costumo dizer que nasci professora, porque não consigo me ver, mesmo na infância, sem uma vinculação com espaço escolar." É essa paixão que emana até hoje de Janaína Almeida, 48 anos — mais da metade dedicados à carreira de docente e, na maior parte desse tempo, à escola pública, onde também estudou e se formou.

Jana, como é conhecida e celebrada entre colegas de profissão e ex-alunos, vê na educação um universo mágico de possibilidades. Brasiliense, nascida e criada no Guará, ela brincava de escolinha desde que se entende por gente. Ao ingressar na escola perto de casa, aos 4 anos, o desejo de se tornar professora só aumentou. Saiu do ensino médio já formada como normalista e apta, portanto, a lecionar, em 1993.

"Minha normalista linda / Ainda sou estudante / Da vida que eu quero dar", eram os versos de Belchior que a mãe, Nilce de Almeida Sérgio, mineira, repetia sem se cansar, tamanho era o orgulho que sentia da filha por ter concluído a Escola Normal. "Foi uma fase muito feliz da minha história, da minha formação, porque eu acho que lá tive, de fato, grandes mestres, que me deram um alicerce", avalia a professora, que completou a formação com o curso de ciências sociais na Upis e de pedagogia na Universidade de Brasília (UnB).

Fotos: Arquivo pessoal -
Arquivo pessoal -
Arquivo pessoal -

Após a formatura, Jana ainda encararia um ano de buscas pelo primeiro emprego e quase desistiu. Em 1994, surgiu a primeira proposta de trabalho, em escola particular, e o sonho começou a ganhar contornos mais claros. A aprovação no concurso para a Secretaria de Educação veio um ano mais tarde e, em seguida, mais um longo período de espera.

Foram chamados os 55 primeiros colocados nas convocações iniciais e Jana havia ficado com a 59ª colocação. Demoraram mais dois anos para que a tão aguardada chamada saísse publicada no Correio Braziliense, em 1997. Quem avisou foi uma vizinha, que gritou da janela: "Janaína, tô vendo seu nome no jornal!". O susto deu lugar à alegria de ver que se tratava da aprovação, mesmo em um momento tão delicado: ela havia acabado de perder a mãe.

"Esse momento foi uma virada de chave na minha vida, porque eu estava de luto pela morte da minha mãe e esse era um sonho que ela sempre teve, de me ver professora da rede pública. Ela era servidora do GDF também e sabia o peso de trabalhar no serviço público", observa. Nilce era técnica de enfermagem e trabalhava nas alas pediátricas do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e do Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

Completando o ciclo de mudanças, Jana comprou o primeiro carro e engravidou da primogênita, Sophia de Berdinne Almeida Sérgio, hoje com 27 anos. Mais tarde, nasceu João Vítor de Berdinne Almeida, hoje com 19. Sem a mãe, a professora se mudou para a casa dos avós, no Guará 2, e de lá fazia o percurso até a Escola Sargento Lima, da Marinha, onde foi alocada, na região istrativa de Santa Maria.

Para chegar à instituição, às margens da BR-040, pegava três conduções. Antes das 7h estava por lá para recepcionar os alunos. À noite, seguia para a faculdade, onde cursava ciências sociais. "Foi essa a rotina, e grávida, com barrigão. Depois quando ela nasceu, da mesma forma, só que havia naquele momento a possibilidade de ficar próximo de casa para amamentar. Então, fiquei um ano dando aula na escola em que eu estudei e que era perto da minha casa, a Escola Classe 2."

Transformações 4a453p

Em 1999, Jana orgulha-se de ter participado da fundação da Regional de Ensino do Paranoá, implementando o plano de trabalho das escolas e, aos 22 anos, encarando a missão de substituir o chefe da Coordenação Pedagógica da Regional de Ensino. Nesse mesmo período, ela participou da construção do primeiro referencial curricular de educação infantil do Ministério da Educação.

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Já em 2000, Jana voltou para o Guará, para lecionar no CEF 5. Foi ali que, antes de retomar a trajetória na gestão, ela lecionou por dois anos seguidos numa turma que deixou marcas que persistem até hoje. Eram alunos da então 3ª série. Quando o ano terminou, os pais fizeram um abaixo-assinado pedindo que Jana continuasse com os meninos, e o pedido foi atendido.

"Era uma turma especial, porque tinha uma diversidade muito grande, mas a gente conseguiu avançar muito nos conteúdos", alegra-se. "Hoje, eles são meus amigos. Tem um grupo chamado 'Tia Jana' no WhatsApp. A gente se encontra e eu sei da vida de todos eles. Quem virou médico, quem virou professora, quem se casou. Eu vou ao casamento deles, conheço os pais…", relata.

Arquivo pessoal -
Arquivo pessoal -
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Excelência como meta 463t6a

O próximo período marcante na carreira foi na direção da Escola Classe 5 do Guará. Por 10 anos, Jana ficou à frente da gestão da escola, que alcançou no período o primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no Guará e o quinto lugar entre as escolas de ensino fundamental no Distrito Federal.

"A escola foi apontada à época como referência de ensino pela própria Secretaria de Educação. Nós ganhamos vários prêmios de boas práticas de gestão, prêmios Professor Transformador, e o Ideb vinha, a cada dois anos, para coroar essa gestão. Demos um salto qualitativo muito grande, não só no aspecto da formação dos estudantes na área educacional, mas também de uma formação cidadã", orgulha-se. Em 2015, ela recebeu o prêmio Boas Práticas de Gestão.

Entre as práticas inovadoras que alçaram a escola ao grau de excelência, estavam as práticas integrativas, além de atividades no contraturno, como capoeira, futsal, karatê, balé e inglês. As histórias sobre a escola circulavam pela secretaria e havia professor que chegava com receio da carga de trabalho. Jana não desmentia, mas deixava o incentivo: "Se você quiser fazer parte de uma história de sucesso, o caminho é esse: é a formação, é muito trabalho, é projeto, e focar no estudante não só como uma matrícula, mas como ser individual".

Arquivo pessoal -
Arquivo pessoal -
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Jana fazia questão de preencher, um a um, os mais de 500 relatórios de desempenho após os conselhos de classe. Dessa forma, mantinha-se atualizada sobre a situação de todos e também acompanhava a performance dos professores. Um dos episódios marcantes foi quando um pai, que morava nos Estados Unidos, entrou em contato com a escola para saber detalhes sobre a trajetória escolar da filha, pois não entendia o motivo de a mãe insistir em manter a menina em escola pública.

"Eu me apresentei, disse que era diretora e confirmei (na secretaria) que ele era realmente pai da criança, e informei como estava o desenvolvimento da filha dele. Ele ficou surpreso e falou: 'Olha, professora, nem aqui nos Estados Unidos, se eu ligar para uma escola, uma diretora vai saber falar da minha filha tão bem quanto você está falando dela'. Isso foi muito gratificante, porque mostrou que a gente estava no caminho certo."

Ressignificação 3g136c

Em 2019, foi a hora de Jana ser convidada para compor a gestão central da Secretaria de Educação, como secretária-executiva pedagógica do então chefe da pasta, Rafael Parente. ou ainda pela Regional de Taguatinga, como assessora pedagógica, e pelo gabinete do distrital Professor Israel Batista (PSB), onde atuou como assessora parlamentar de Educação. Foi Conselheira do Conselho dos Direitos da Mulher, membro do Fórum de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e de Proteção ao Trabalhador Adolescente, e integrou o Observatório da Educação Básica da UnB. Ela descreve a nova fase como um período de desafios, em que o trabalho, antes a um grupo pequeno de estudantes, ganhou escala.

"Tentei levar um pouco dessa minha experiência de professora, de chão da escola, para a gestão central", observa, completando que promovia caravanas, uma vez por semana, até as escolas da rede para entender a realidade de cada uma e os problemas que precisavam ser enfrentados: de cadeira quebrada a refeitório inadequado, nada ava despercebido. "Tudo o que o aluno de uma escola pública quer é dignidade, respeito", reforça Jana. "Sempre me preocupei muito em ar a ideia de que a escola precisa ser um ambiente acolhedor, chegar e abraçar o estudante."

Arquivo pessoal -
Arquivo pessoal -
Mariana Niederauer/CB/D.A. Press -
Mariana Niederauer/CB/D.A. Press -

E é por isso que ela lutou durante toda a carreira na educação. A própria trajetória escolar foi atingida pelo racismo e as marcas das ofensas e da violência que sofreu seguem com ela até hoje. "Embora a escola fosse esse lugar tão maravilhoso para mim, no 2º ano (do ensino fundamental) eu sofri racismo, sem saber que era racismo", afirma Jana. "A professora não deixava os estudantes se sentarem ao meu lado, falava que eu fedia a macaco. Uma vez, eu fiz xixi na sala de aula porque ela não me deixou ir ao banheiro. Ela e os alunos zombaram de mim. Até hoje, eu me lembro o nome e o rosto dela, porque o racismo não a. A gente vai morrer com as sequelas."

De uma criança que aos 4 anos adorava a escola, Jana se transformou em uma aluna de 8 anos que chorava todos os dias para não precisar ir à aula. Uma tia conta que ela se agarrava às grades das casas pelo caminho. "Eu ficava pensando e falava: 'Gente, mas o que será que eu fiz para ela não gostar de mim?"

As feridas cicatrizaram e, assim que teve a oportunidade, pavimentou o caminho para que milhares de estudantes não sofressem o mesmo — de forma indireta, com as formações, palestras e debates; e também forma direta, defendendo-os de qualquer forma de discriminação dentro da escola.

O momento de lavar a alma, como ela define, foi a construção do projeto de educação antirracista Taguatinga Plural, quando trabalhou naquela regional de ensino. "Quando decidi que queria ser professora, o meu primeiro ponto era não ser uma professora como aquela e não permitir que ninguém ao meu redor fosse essa pessoa racista", conta Jana.

No âmbito do projeto, foram traçadas uma série de atividades para aumentar o repertório de professores e de estudantes sobre cultura africana. "Quando começamos a colher os frutos desse trabalho eu me senti de alma lavada, pois já cheguei a conversar com alguns estudantes negros que se sentiam como eu: ao chegar à escola, a vontade era de cavar um buraco e entrar, para ficar invisível. Isso não é justo com nenhum ser humano, independentemente da cor da pele. Estamos na escola para sermos vistos, para vivermos, para nos formarmos. Querer ser invisível na escola é uma dor."

O combate ao racismo era o principal objetivo, mas trouxe junto outros benefícios: redução da evasão escolar, alfabetização mais eficaz e combate a outros preconceitos, como gordofobia, lgbtfobia e preconceito econômico.

Luta por direitos x3r5u

Em paralelo, Jana sempre participou das reivindicações da categoria por melhorias nas condições de trabalho. Seja na luta pela jornada ampliada, sejam reajustes salariais e direito a licenças para capacitação, seja na pressão pela regularização dos pagamento de verbas do Programa de Descentralização istrativa e Financeira (Pdaf). "Se os professores hoje têm uma situação um pouco melhor, é porque lá atrás e antes de mim já tiveram professores que lutaram e que deram o sangue para a gente chegar à posição em que estamos hoje."

O encerramento da carreira na Secretaria de Educação veio de forma abrupta. Em setembro do ano ado, Jana foi aposentada por invalidez, após o diagnóstico de esclerose múltipla. A frustração por ter encerrado a agem pelo funcionalismo público demorou a ser superada. "ei um ano sabático, bem fechada e reclusa, para cuidar da saúde. Há cerca de um mês, recebi o laudo de visão monocular — perdi a visão do olho direito. Isso prova, mais do que nunca, que eu precisava mesmo me aposentar. Mas acredito que um professor, mesmo aposentado, não deixa de ser professor", atesta.

Com firmeza e determinação expressos no olhar e na fala apaixonada, Jana reforça seu compromisso com a educação e convoca todos a assumirem esse lugar de protagonismo com o bem social mais precioso que há. "Eu digo que eu nasci professora e vou morrer professora porque a educação não acontece só dentro da escola. Acontece em todos os processos da vida. Mesmo não sendo professores, que as pessoas se coloquem neste lugar. Precisamos contar com todos os recursos possíveis para fazer a educação acontecer."