{ "@context": "http://www.schema.org", "@graph": [{ "@type": "BreadcrumbList", "@id": "", "itemListElement": [{ "@type": "ListItem", "@id": "/#listItem", "position": 1, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/", "name": "In\u00edcio", "description": "O Correio Braziliense (CB) é o mais importante canal de notícias de Brasília. Aqui você encontra as últimas notícias do DF, do Brasil e do mundo.", "url": "/" }, "nextItem": "/mundo/#listItem" }, { "@type": "ListItem", "@id": "/mundo/#listItem", "position": 2, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/mundo/", "name": "Mundo", "description": "Fique por dentro sobre o que acontece no mundo. Américas, Europa, África, Ásia, Oceania e Oriente Médio estão em destaque ", "url": "/mundo/" }, "previousItem": "/#listItem" } ] }, { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/mundo/2024/03/6816142-futuro-de-portugal-esta-nas-maos-dos-indecisos-que-sao-18-dos-eleitores.html", "name": "Futuro de Portugal está nas mãos dos indecisos, que são 18% dos eleitores", "headline": "Futuro de Portugal está nas mãos dos indecisos, que são 18% dos eleitores", "description": "", "alternateName": "ELEIÇÕES", "alternativeHeadline": "ELEIÇÕES", "datePublished": "2024-03-10T06:00:00Z", "articleBody": "<p class="texto"><strong>Lisboa —</strong> A comerciante Maria de Fátima Jardineiro, 61 anos, se diz desiludida com a política portuguesa. Não se vê representada por nenhum partido, muito menos pelos candidatos que, nas últimas semanas, saíram às ruas atrás de votos para assumir o <a href="/mundo/2024/03/6812502-portugal-corrida-eleitoral-entra-na-ultima-semana-com-cenario-indeciso.html">governo de Portugal</a>. Ela faz parte de um grande contingente de cidadãos indecisos, que podem decidir o destino do país europeu, caso saiam de casa para cumprir o dever cívico neste domingo (10/3) de fim de inverno, de muita chuva e neve. Os especialistas são unânimes em dizer que os 18% dos eleitores que ainda não sabem em que vão votar serão fundamentais para selar o resultado das urnas, já que as duas principais forças, a Aliança Democrática (AD) e o Partido Socialista (PS), aparecem empatados dentro das margens de erro em todas as pesquisas. "Vou votar, mas não acredito em ninguém, nem em nenhum partido", diz Fátima.</p> <p class="texto">A prevalecer o que apontam as sondagens eleitorais, depois de oito anos de <a href="/mundo/2024/03/6815177-lula-nao-entra-em-portugal-e-vai-para-cadeia-se-insistir-diz-lider-da-ultradireita-no-pais.html#google_vignette">governo socialista</a>, Portugal pode dar uma <a href="/brasil/2023/12/6778054-brasileiros-temem-eleicoes-em-portugal-e-perseguicao-entenda.html">guinada à direita</a>. A Aliança Democrática, liderada pelo Partido Social Democrata (PSD), tem 29% da preferência dos portugueses, índice que sobe para 35% quando incluídos os indecisos, segundo o último levantamento feito pelo Ipespe, instituto brasileiro contratado pela CNN local. Confirmada essa votação, a AD terá a principal bancada da Assembleia da República, com grande chance de assumir o governo, tendo Luís Montenegro como primeiro-ministro. Haverá, no entanto, a necessidade de uma coligação para formar maioria no Parlamento. Montenegro já conseguiu o apoio da Iniciativa Liberal (IL), que aparece com 5% e 6% das intenções de votos, ainda insuficiente para chegar ao Palácio de São Bento. O fator decisivo será o Chega, de ultradireita, com 13% e 15% na mesma pesquisa e que deve ao menos duplicar a bancada. Mas o partido é repudiado pelo líder da Aliança Democrática.</p> <p class="texto">"Que a maioria da Assembleia da República será de direita, não temos dúvida", diz o professor Hugo Ferrinho Lopes, pesquisador de doutorado da Universidade de Lisboa. Ele acredita que é um caminho natural, dada à tradição de alternância de poder em Portugal. "Mas o jogo está em aberto, pois nunca se viu, em nenhuma eleição, um índice tão elevado de indecisos. Para onde eles forem, a vitória está garantida", acrescenta. Presidente do Fórum Brasil Europa e professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Vitalino Canas vê uma tendência de a AD ganhar a atual disputa, sobretudo, por causa das dificuldades enfrentadas pelo PS. O partido se viu envolvido em denúncias de corrupção dentro do governo, o que resultou no pedido de renúncia de António Costa do cargo de primeiro-ministro. Foi esse movimento que levou o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a dissolver o Parlamento e convocar novas eleições.</p> <p class="texto">Como o quadro eleitoral está muito incerto, Canas não descarta a possibilidade de as urnas levarem a um fato inédito em Portugal: a Assembleia da República ter a maioria dos deputados de direita, mas o país ser governado pela esquerda. "É um retrato do que vemos no Brasil atualmente, onde o governo é de esquerda, mas o Congresso é majoritariamente de direita", ressalta. Para que isso aconteça, a Aliança Democrática, mesmo tendo a maior votação, não teria o apoio suficiente para fazer o primeiro-ministro. Já o PS conseguiria atrair aliados que lhe dariam a maioria necessária. "Quando analisamos as pesquisas, vemos que entre 38% e 40% dos eleitores aprovam o atual governo do PS. Esses números incluem os indecisos. Portanto, se votarem no partido, podem garantir a vitória à esquerda", explica.</p> <p class="texto">É nessa possibilidade que o atual líder do PS e candidato a primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos, está se apegando. Ele tem martelado que as sondagens eleitorais podem errar mais uma vez, por conta do voto útil. Em 2022, todos os levantamentos apontavam para a vitória do PSD, mas o Partido Socialista conseguiu maioria absoluta. Ou seja, não precisou compor com nenhuma outra legenda para governar Portugal. "Se o PS conseguir o governo, será um fato histórico no país. Desde a redemocratização, nenhum novo líder — Nuno Santos sucedeu Costa recentemente — conseguiu uma vitória depois de seu partido governar. Sempre prevaleceu a alternância de poder", assinala o professor Ferrinho Lopes.</p> <h3>Saúde e imigração</h3> <p class="texto">Além de tentar conquistar os votos dos indecisos, os partidos têm a dura missão de reduzir a abstenção. Nas eleições de dois anos atrás, 48,6% dos eleitores se recusaram a comparecer aos locais de votação — em Portugal, o voto não é obrigatório. Na avaliação do professor Vitalino Canas, há chance, inclusive, de essa abstenção aumentar, devido ao evidente descontentamento dos portugueses com os partidos e os políticos. "Estamos cheios de tantas promessas não cumpridas", afirma Fernanda de Souza, 62. "Nenhum partido vai resolver os problemas do país. Nenhum dos candidatos corresponde às nossas expectativas", complementa. O açougueiro Felipe Pedroso, 57, endossa: "Os partidos e os políticos só pensam nos próprios interesses, não no país".</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/03/09/joao_manoel_jardineiro_site-35357927.jpg" width="1200" height="793" layout="responsive" alt="João Manoel"></amp-img> <figcaption>Vicente Nunes/CB/D.A Press - <b>João Manoel</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Tal descontentamento também é destacado pelo comerciante João Manoel Jardineiro, 62. Ele, porém, assegura que vai votar. "Não tenho grandes expectativas, mas vou cumprir meu dever cívico", frisa. Para ele e a maioria dos portugueses, Portugal precisa de um choque de gestão, especialmente nas áreas da saúde e da edução. Há queixas ainda em relação aos baixos salários, ao custo de vida, que subiu muito depois da pandemia, e aos elevados preços da habitação, esse o nó mais recente a ser desatado pelo futuro governo. A chegada em massa de estrangeiros no país, liderados pelos brasileiros, que são mais de 400 mil, provocou uma explosão nos valores dos alugueis e de compra de imóveis.</p> <p class="texto">A esses problemas, a ultradireita, sob o comando de André Ventura, tem adicionado a questão da imigração. Os extremistas têm difundindo, com um certo sucesso, por meio das redes sociais, a mentira de que há um movimento para acabar com a supremacia branca do povo europeu, destruir sua cultura e roubar seus empregos. Não por acaso, os casos de xenofobia e de racismo dispararam em Portugal e a maioria das vítimas é de brasileiros. Curiosamente, há uma leva de cidadãos oriundos do Brasil apoiando abertamente o Chega, sob o argumento de que a xenofobia não é contra os brasileiros, mas contra os imigrantes muçulmanos, que se recusam a absorver os valores ocidentais. Candidato a deputado pelo Chega, o brasileiro Marcus Santos diz abertamente ser a favor do controle migratório.</p> <p class="texto">Dados da Comissão Nacional Eleitoral apontam que há 10,8 milhões de eleitores em Portugal, número maior do que a população, de 10,4 milhões. Para o professor Vitalino Canas, esses dados mostram que há erros claros nas estatísticas, devido a falhas no sistema de controle dos votantes. "Muita gente morre e continua na lista ativa de eleitores. Creio que mais de 1 milhão dos registros estão nessa condição", frisa. Há, ainda, a visão de que muitos eleitores estão fora de Portugal. Apenas no Brasil são 240,1 mil. Outros 395,2 mil estão na França. O sistema político do país europeu é semiparlamentarista. Se o vencedor das urnas não conseguir formar maioria, o presidente da República poderá convocar novas eleições.</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/mundo/2024/03/6815701-embaixador-do-brasil-em-portugal-reforca-o-papel-da-imprensa.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/03/08/embaixador_do_brasil_em_portugal__raimundo_carreiro-35345510.jpeg?20240308163934" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Mundo</strong> <span>Embaixador do Brasil em Portugal reforça o papel da imprensa</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/mundo/2024/02/6799531-unico-brasileiro-a-disputar-eleicoes-em-portugal-concorre-pela-ultradireita.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/07/675x450/1_whatsapp_image_2024_02_07_at_19_00_16-34938915.jpeg?20240207192245" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Mundo</strong> <span>Único brasileiro a disputar eleições em Portugal concorre pela ultradireita</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/mundo/2024/02/6798422-portugal-deve-se-mirar-no-brasil-para-combater-a-ultradireita.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/05/whatsapp_image_2024_02_05_at_18_24_09-34914588.jpeg?20240205200948" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Mundo</strong> <span>Portugal deve se mirar no Brasil para combater a ultradireita, diz cientista político</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/mundo/2023/12/6672390-inquilinos-brasileiros-reclamam-de-xenofobia-para-alugar-imoveis-em-portugal.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2023/12/18/8099bfe0_9448_11ee_95e1_6189ba427032-33447721.jpg?20231218112134" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Mundo</strong> <span>Inquilinos brasileiros reclamam de xenofobia para alugar imóveis em Portugal</span> </div> </a> </li> </ul> </div></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/03/09/1200x801/1_maria_de_fatima_site-35357915.jpg?20240310092439?20240310092439", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/03/09/1000x1000/1_maria_de_fatima_site-35357915.jpg?20240310092439?20240310092439", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/03/09/800x600/1_maria_de_fatima_site-35357915.jpg?20240310092439?20240310092439" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Vicente Nunes — Correspondente ", "url": "/autor?termo=vicente-nunes-—-correspondente-" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 4e1m5i

Futuro de Portugal está nas mãos dos indecisos 1bj5j que são 18% dos eleitores
ELEIÇÕES

Futuro de Portugal está nas mãos dos indecisos, que são 18% dos eleitores 4q2g6i

Portugueses vão às urnas neste domingo (10/3) escolher o novo Parlamento. São fortes as chances de o país europeu dar uma guinada à direita, depois de oito anos de governo socialista. Dois em cada 10 não sabem em que vão votar 335c6h

Lisboa — A comerciante Maria de Fátima Jardineiro, 61 anos, se diz desiludida com a política portuguesa. Não se vê representada por nenhum partido, muito menos pelos candidatos que, nas últimas semanas, saíram às ruas atrás de votos para assumir o governo de Portugal. Ela faz parte de um grande contingente de cidadãos indecisos, que podem decidir o destino do país europeu, caso saiam de casa para cumprir o dever cívico neste domingo (10/3) de fim de inverno, de muita chuva e neve. Os especialistas são unânimes em dizer que os 18% dos eleitores que ainda não sabem em que vão votar serão fundamentais para selar o resultado das urnas, já que as duas principais forças, a Aliança Democrática (AD) e o Partido Socialista (PS), aparecem empatados dentro das margens de erro em todas as pesquisas. "Vou votar, mas não acredito em ninguém, nem em nenhum partido", diz Fátima.

A prevalecer o que apontam as sondagens eleitorais, depois de oito anos de governo socialista, Portugal pode dar uma guinada à direita. A Aliança Democrática, liderada pelo Partido Social Democrata (PSD), tem 29% da preferência dos portugueses, índice que sobe para 35% quando incluídos os indecisos, segundo o último levantamento feito pelo Ipespe, instituto brasileiro contratado pela CNN local. Confirmada essa votação, a AD terá a principal bancada da Assembleia da República, com grande chance de assumir o governo, tendo Luís Montenegro como primeiro-ministro. Haverá, no entanto, a necessidade de uma coligação para formar maioria no Parlamento. Montenegro já conseguiu o apoio da Iniciativa Liberal (IL), que aparece com 5% e 6% das intenções de votos, ainda insuficiente para chegar ao Palácio de São Bento. O fator decisivo será o Chega, de ultradireita, com 13% e 15% na mesma pesquisa e que deve ao menos duplicar a bancada. Mas o partido é repudiado pelo líder da Aliança Democrática.

"Que a maioria da Assembleia da República será de direita, não temos dúvida", diz o professor Hugo Ferrinho Lopes, pesquisador de doutorado da Universidade de Lisboa. Ele acredita que é um caminho natural, dada à tradição de alternância de poder em Portugal. "Mas o jogo está em aberto, pois nunca se viu, em nenhuma eleição, um índice tão elevado de indecisos. Para onde eles forem, a vitória está garantida", acrescenta. Presidente do Fórum Brasil Europa e professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Vitalino Canas vê uma tendência de a AD ganhar a atual disputa, sobretudo, por causa das dificuldades enfrentadas pelo PS. O partido se viu envolvido em denúncias de corrupção dentro do governo, o que resultou no pedido de renúncia de António Costa do cargo de primeiro-ministro. Foi esse movimento que levou o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a dissolver o Parlamento e convocar novas eleições.

Como o quadro eleitoral está muito incerto, Canas não descarta a possibilidade de as urnas levarem a um fato inédito em Portugal: a Assembleia da República ter a maioria dos deputados de direita, mas o país ser governado pela esquerda. "É um retrato do que vemos no Brasil atualmente, onde o governo é de esquerda, mas o Congresso é majoritariamente de direita", ressalta. Para que isso aconteça, a Aliança Democrática, mesmo tendo a maior votação, não teria o apoio suficiente para fazer o primeiro-ministro. Já o PS conseguiria atrair aliados que lhe dariam a maioria necessária. "Quando analisamos as pesquisas, vemos que entre 38% e 40% dos eleitores aprovam o atual governo do PS. Esses números incluem os indecisos. Portanto, se votarem no partido, podem garantir a vitória à esquerda", explica.

É nessa possibilidade que o atual líder do PS e candidato a primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos, está se apegando. Ele tem martelado que as sondagens eleitorais podem errar mais uma vez, por conta do voto útil. Em 2022, todos os levantamentos apontavam para a vitória do PSD, mas o Partido Socialista conseguiu maioria absoluta. Ou seja, não precisou compor com nenhuma outra legenda para governar Portugal. "Se o PS conseguir o governo, será um fato histórico no país. Desde a redemocratização, nenhum novo líder — Nuno Santos sucedeu Costa recentemente — conseguiu uma vitória depois de seu partido governar. Sempre prevaleceu a alternância de poder", assinala o professor Ferrinho Lopes.

Saúde e imigração 6eqs

Além de tentar conquistar os votos dos indecisos, os partidos têm a dura missão de reduzir a abstenção. Nas eleições de dois anos atrás, 48,6% dos eleitores se recusaram a comparecer aos locais de votação — em Portugal, o voto não é obrigatório. Na avaliação do professor Vitalino Canas, há chance, inclusive, de essa abstenção aumentar, devido ao evidente descontentamento dos portugueses com os partidos e os políticos. "Estamos cheios de tantas promessas não cumpridas", afirma Fernanda de Souza, 62. "Nenhum partido vai resolver os problemas do país. Nenhum dos candidatos corresponde às nossas expectativas", complementa. O açougueiro Felipe Pedroso, 57, endossa: "Os partidos e os políticos só pensam nos próprios interesses, não no país".

Vicente Nunes/CB/D.A Press - João Manoel

Tal descontentamento também é destacado pelo comerciante João Manoel Jardineiro, 62. Ele, porém, assegura que vai votar. "Não tenho grandes expectativas, mas vou cumprir meu dever cívico", frisa. Para ele e a maioria dos portugueses, Portugal precisa de um choque de gestão, especialmente nas áreas da saúde e da edução. Há queixas ainda em relação aos baixos salários, ao custo de vida, que subiu muito depois da pandemia, e aos elevados preços da habitação, esse o nó mais recente a ser desatado pelo futuro governo. A chegada em massa de estrangeiros no país, liderados pelos brasileiros, que são mais de 400 mil, provocou uma explosão nos valores dos alugueis e de compra de imóveis.

A esses problemas, a ultradireita, sob o comando de André Ventura, tem adicionado a questão da imigração. Os extremistas têm difundindo, com um certo sucesso, por meio das redes sociais, a mentira de que há um movimento para acabar com a supremacia branca do povo europeu, destruir sua cultura e roubar seus empregos. Não por acaso, os casos de xenofobia e de racismo dispararam em Portugal e a maioria das vítimas é de brasileiros. Curiosamente, há uma leva de cidadãos oriundos do Brasil apoiando abertamente o Chega, sob o argumento de que a xenofobia não é contra os brasileiros, mas contra os imigrantes muçulmanos, que se recusam a absorver os valores ocidentais. Candidato a deputado pelo Chega, o brasileiro Marcus Santos diz abertamente ser a favor do controle migratório.

Dados da Comissão Nacional Eleitoral apontam que há 10,8 milhões de eleitores em Portugal, número maior do que a população, de 10,4 milhões. Para o professor Vitalino Canas, esses dados mostram que há erros claros nas estatísticas, devido a falhas no sistema de controle dos votantes. "Muita gente morre e continua na lista ativa de eleitores. Creio que mais de 1 milhão dos registros estão nessa condição", frisa. Há, ainda, a visão de que muitos eleitores estão fora de Portugal. Apenas no Brasil são 240,1 mil. Outros 395,2 mil estão na França. O sistema político do país europeu é semiparlamentarista. Se o vencedor das urnas não conseguir formar maioria, o presidente da República poderá convocar novas eleições.

Mais Lidas 72595f