
Uma série de explosões foram ouvidas neste sábado na cidade portuária de Hodeida, no Mar Vermelho, no Iêmen. O exército israelense lançou um ataque aéreo direto contra os rebeldes separatistas houthis, um dia após bombardeios do grupo militante com drones no centro de Tel Aviv — deixando um morto e pelo menos 10 feridos.
"A entidade sionista pagará pelos ataques a instalações civis e responderemos à escalada com escalada", publicou nas redes sociais Mohamed al Bukhaiti, que integra o movimento rebelde apoiado pelo Irã.
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O ataque, confirmado pelas Forças Armadas israelenses, teve como alvo instalações de armazenamento de petróleo e uma usina de energia, que causou um incêndio de grandes proporções. A imprensa iemenita citou autoridades de saúde dizendo que os ataques aéreos resultaram em vítimas. Estima-se, até o momento, que 80 pessoas estejam feridas.
"As equipes de defesa civil e os bombeiros tentam apagar o fogo que queima nos depósitos de petróleo do porto", relatou um homem em entrevista à TV Al Masirah. "A cidade está às escuras, as pessoas estão nas ruas e se formaram filas em postos de gasolina, que fecharam", disse um morador de Hodeida à emissora.
"Nova e perigosa fase"
Os rebeldes houthis governam parte do Iêmen e são aliados do Hamas — em guerra com Israel na Faixa de Gaza desde 7 de outubro. Aliado aos iemenitas, o movimento islamista libanês Hezbollah afirmou que os ataques israelenses de ontem contra os houthis representam uma guinada perigosa após mais de nove meses de guerra na Faixa de Gaza. "O o insensato dado pelo inimigo sionista anuncia uma nova e perigosa fase de um enfrentamento muito importante em toda a região", disse o grupo, em comunicado.
Para a especialista e pesquisadora Karime Cheaito, doutoranda em relações internacionais pelo San Tiago Dantas, o genocídio em Gaza e a resposta dos membros do chamado "eixo da resistência", especialmente o Hezbollah e os houthis, "evidenciam que esses atores não-estatais possuem um poderio bélico que não pode ser menosprezado."
"Esta é a primeira vez que os houthis atacam diretamente Israel e não qualquer lugar: a capital, Tel Aviv. Utilizar drones é uma forma de mostrar isso para Israel e gerar dissuasão. Em outras palavras, evidenciar para Israel que, caso a guerra se torne regional, esses grupos armados possuem armamentos que podem chegar em Tel Aviv e que não foram receptados pela tecnologia mais avançada que Israel possui", explica Cheaito.
Sobre os desdobramentos, ela afirma que ainda é difícil prever se haverá uma escalada regional da guerra ou não. "Entretanto, fato é que o ataque de Israel ao porto iemenita não irá fazer com que os houthis recuem, porque esse não é o modus operandi desta organização, assim como não é o do Hezbollah. Esse ataque não irá mudar o curso de ação de um ator que está motivado a apoiar o povo de Gaza, como enunciado desde o início de outubro."
"Nossa posição para o apoio e vitória do povo palestino deriva de nossos princípios, crenças e religião. Não vacilaremos ou recuaremos. Continuaremos esse apoio, se Deus quiser, e haverá ataques mais significativos ao nosso inimigo", disse o conselho em uma declaração.
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