ESTADOS UNIDOS

Votação na Câmara dos EUA abre caminho para a agenda de Trump

Câmara dos Representantes aprova uma resolução orçamentária que deve facilitar os cortes fiscais implementados pela Casa Branca. Presidente republicano comemora vitória política simbólica

Mike Johnson, presidente da Câmara dos Representantes: esforço para que dissidentes aceitassem as diretrizes       -  (crédito: Andrew Harnik/Getty Images/AFP)
Mike Johnson, presidente da Câmara dos Representantes: esforço para que dissidentes aceitassem as diretrizes - (crédito: Andrew Harnik/Getty Images/AFP)

Depois de vitórias na Suprema Corte dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump obteve novo triunfo, desta vez na Câmara dos Representantes. O líder da casa, o republicano Mike Johnson, contornou uma rebelião de membros do partido governista, ao convencer os dissidentes a votarem com a Casa Branca e aprovar uma resolução orçamentária para viabilizar a agenda de Trump — principalmente no que diz respeito aos cortes de impostos e à segurança na fronteira com o México. O texto, de votação apertada (216 votos favoráveis e 214 contrários), funciona como uma diretriz sobre os níveis de gastos futuros do Estado. Com ela, as comissões parlamentares terão condições de moldar as dotações orçamentárias.

"Parabéns à Câmara pela aprovação de um projeto de lei que prepara o cenário para uma das maiores e mais importantes s na história do nosso país. Entre muitas outras coisas, este será o maior corte de impostos e de regulamentações já contemplados", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social. Os congressistas rebeldes que quase ameaçaram o projeto de lei defendem a ortodoxia orçamentária e a redução do deficit. Eles se opunham ao texto por prever apenas US$ 4 bilhões (ou R$ 23,6 bilhões) em cortes nos gastos do governo — os legisladores queriam um enxugamento próximo de US$ 1,5 trilhão (R$ 8,8 trilhões). 

Professor de políticas públicas e istração da universidade Penn State Harrisburg (Pensilvânia), Daniel Mallinson disse ao Correio que os republicanos superaram a resistência entre os defensores do orçamento na Câmara para avançar. "Agora, os projetos de lei orçamentária precisarão ser redigidos e aprovados. Prevejo que o atrito continue e potencialmente se intensifique, caso os republicanos não consigam propor cortes significativos nos gastos do governo."

Para Mallinson, o presidente da Câmara dos Representantes não pode se dar ao luxo de perder nenhum republicano em votações difíceis, ante a maioria republicana ínfima. "Veremos se Trump conseguirá manter sua bancada unida."

Risco a longo prazo

Jonathan Hanson, professor da Faculdade de Políticas Públicas Gerald R. Ford da Universidade de Michigan, explicou ao Correio que a resolução orçamentária foi aprovada por uma votação apertada. "Os detalhes precisam ser finalizados e exigirão mais votações. É uma vitória para o governo Trump a curto prazo, mas o Partido Republicano está se comprometendo com planos que combinam grandes cortes que favoreçam os ricos. Isso pode ser politicamente arriscado no longo prazo", advertiu. 

Hanson aposta que a maioria republicana apertada no Congresso continuará sendo um problema para Trump. De acordo com ele, os EUA ainda não sentiram as consequências do que tem ocorrido nesses 81 dias de governo. "Se observarmos a inflação e o desemprego em alta, combinados com crescimento mais lento, esperado por economistas, será difícil o Partido Republicano manter margens de votos estreitas. Eventualmente, os instintos de sobrevivência política desses membros do Congresso entrarão em ação." 

Gold card será lançado em breve

O preço da autorização para imigrantes permanecerem nos EUA: US$ 5 milhões (R$ 29,4 milhões). A partir da próxima semana, este será o valor pago pelo "Gold Card" ("Cartão de Ouro") — o documento que substituirá o programa de visto de investidor imigrante EB-5. Os vistos EB-5 foram criados, em 1990, como um método para imigrantes obterem green cards. Na semana ada, o presidente Trump exibiu o Gold Card à imprensa.

postado em 11/04/2025 06:00
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