
O Hamas anunciou, neste domingo (11/5), que vai libertar um soldado israelense-americano refém em território palestino desde 7 de outubro de 2023. A libertação vem como resposta a discussões com representantes dos Estados Unidos sobre possível trégua em Gaza. A negociação deve acontecer antes de visita do presidente Donald Trump ao Oriente Médio. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirma, apesar disso, que continuará em combate.
“O soldado israelense Edan Alexander, com dupla cidadania americana, será libertado como parte dos esforços para cessar-fogo, abertura de pontos de travessia e entrada de ajuda e de resgate ao nosso povo (na Faixa de Gaza)”, informa comunicado do grupo islamita, conforme replica a agência de notícias -Presse.
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Capturado enquanto servia em unidade de elite próxima à Gaza, o militar, de 21 anos, tem “possível libertação” marcada para os “próximos dias”. De 251 pessoas sequestradas pelo Hamas em Israel durante o 7 de outubro, 58 — dos quais 34 foram declarados mortos pelo exército israelense — seguem em território palestino.
Além dos EUA, o conflito conta com a mediação de Egito e Catar, que será visitado por Trump entre os dias 13 e 16 de maio. Os países árabes celebraram a libertação de Edan Alexander — a que descreveram como “gesto de boa vontade” do Hamas e “o encorajador rumo ao retorno à mesa de negociações para alcançar trégua na Faixa de Gaza”.
Negociações
À AFP, autoridades do Hamas disseram que representantes do grupo e dos Estados Unidos tiveram conversas diretas, e com “avanços” a respeito de possível trégua, em Doha nos últimos dias. Além de cessar-fogo, foram discutidas trocas de reféns e presos e entrada de ajuda humanitária em Gaza.
No anúncio deste domingo, além de declarar a libertação, o Hamas afirma estar “pronto para iniciar de imediato negociações intensivas e fazer esforços sérios para chegar a um acordo final sobre o fim da guerra”, ou pelo menos sobre “o intercâmbio de prisioneiros” de uma nação a outra.
Ainda, sugere a possibilidade de Gaza ser gerida por “organismo profissional independente, com objetivo de garantir a manutenção da calma e da estabilidade durante muitos anos, além da reconstrução e do fim do assédio”.
Mesmo com as declarações, porém, o gabinete de Netanyahu insistiu no seguimento do conflito: “De acordo com a política de Israel, as negociações ocorrerão sob fogo, com o compromisso de alcançar todos os objetivos da guerra”. Mais cedo, foram anunciadas pela Defesa Civil da Faixa de Gaza mortes de oito pessoas, entre elas crianças, devido a ataques aéreos israelenses no território palestino.
Aviões de combate de Israel atingiram tendas de campanha em Gaza, onde vivem dezenas de deslocados, e mataram quatro crianças, duas mulheres e dois homens. Outras pessoas, inclusive um bebê, ficaram feridas; mais bombardeios e ataques ocorreram em outras partes do território.
Ainda assim, foi anunciada a libertação de Edan Alexander e autoridades do Hamas declararam a AFP, às vésperas de viagem de Trump a Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, que as negociações com os EUA “ainda estão em andamento”. Nos Estados Unidos, manifestantes pedem para que o presidente americano acabe com a guerra.
- Leia também: Artigo: Lógica Hamas-Netanyahu
O grupo palestino exige “acordo completo” e recusou, no último 18 de abril, proposta de Israel que previa trégua de pelo menos 45 dias e troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, além de autorização para levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. O país comandado por Netanyahu, por sua vez, quer a devolução de todos os reféns e a desmilitarização de Gaza.
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