
Em vídeo publicado pela primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva, nesta segunda-feira (19/5), a sa Brigitte Macron, esposa do presidente Emmanuel Macron, cita a morte da brasiliense Sarah Raíssa Pereira, de 8 anos, ocorrida em abril deste ano, devido a um desafio do TikTok. O episódio foi relembrado, na Semana Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, em discurso sobre regulação de redes sociais e proteção de jovens em ambientes virtuais.
“Minha amiga e primeira-dama da França, Brigitte Macron, também é uma voz ativa na luta pelos direitos das nossas crianças e adolescentes, principalmente contra o bullying digital”, escreve Janja em legenda da publicação no Instagram, antes público, que se encontrava privado até o momento de publicação desta matéria. “Hoje, se junta a nós nesse chamado pela necessidade de regulação das redes, não só no Brasil e na França, mas em todo o mundo.”
No vídeo, a primeira-dama da França inicia fala de quatro minutos sobre o tema com “a história comovente daquela menina de 8 anos que faleceu no Brasil após inalar desodorante em spray, durante um desafio lançado em uma rede social”. Ela diz que a tragédia foi contada a ela por Janja e que “infelizmente” não se trata de caso isolado.
“Estamos enfrentando um flagelo mundial e todos devemos agir ativamente para proteger nossas crianças e adolescentes no mundo digital, assim como fazemos no mundo real”, afirma Brigitte. Ela acredita que a união franco-brasileira pode ser fundamental nessa luta.
A esposa de Macron conta que foi convidada pela companheira de Lula — devido ao mês de maio ser dedicado, no Brasil, à proteção da criança — “a compartilhar boas práticas implementadas na França para proteger a saúde física e mental” de crianças, bem como “para combater o assédio e as violências cibernéticas”.
Medidas sas
De acordo com a primeira-dama, o assédio escolar é reconhecido na França, desde 2022, como crime penal. Dessa forma, pode “ser punido de forma severa”.
A penalidade é combinada a diversos programas destinados exclusivamente ao combate do assédio. Um deles, realizado em escolas, prevê “conscientização dos alunos, formação de professores e funcionários e implementação de coordenadores em todas as instituições”. Além disso, treina “alunos embaixadores voluntários” para identificar situações, apoiar vítimas e alertar adultos.
- Leia também: Visão do Correio: E nada de regular as redes sociais
Outro propõe a utilização de “caixas de sugestões”, em que crianças podem deixar mensagens a respeito de dificuldades. Há também um concurso nacional — um dos mais acompanhados pelo Ministério da Educação do país — sobre o tema, em que alunos participam por meio da criação de cartazes ou vídeos sobre o tema.
Brigitte enfatiza, além disso, que todos os anos, desde 2023, os estudantes devem preencher questionário para avaliar assédio no ambiente escolar e “encontrar soluções mais adequadas”.
Há ainda o que ela descreve como medidas preventivas, como aulas de empatia inspiradas em países europeus como Dinamarca. “Essa nova ferramenta de prevenção visa criar, desde cedo, um ambiente escolar acolhedor e empático”, afirma.
- Leia também: Fim da violência na escola demanda ação coletiva
Por fim, explica a existência da plataforma ‘3018’, que serve para a denúncia, por meio de site, número de telefone ou aplicativo gratuito, de “qualquer conteúdo que contribua para o assédio, como fotos, vídeos ou comentários”. A partir das denúncias, operadores da plataforma podem não apenas remover conteúdos nocivos das redes sociais, mas também armazenar no sistema provas do assédio em um cofre digital.
Além dos programas implementados para proteção de crianças, a primeira-dama garante que outros estão sendo pensados, ainda mais a fundo: “Essas medidas estão no centro do debate público na França e foi criada uma comissão que definiu o que deve ser feito em relação ao uso das telas — celulares, tablets e televisões”.
Segundo ela, todos os especialistas recomendam a proibição de telas antes dos 3 anos; desaconselham o uso (ou o aconselham com forte supervisão) até os 6; e sugerem a proibição de celulares antes dos 11 e a de redes sociais antes dos 15.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
A partir do próximo ano letivo, os aparelhos serão proibidos em todos os colégios ses — medida já estabelecida no Brasil. O objetivo, junto a todas as outras providências, é proteger jovens de transtornos ligados a superexposição digital e combater violências.
“Essas medidas são essenciais em um momento em que a moderação das redes sociais está desaparecendo e diante da aceleração tecnológica que desestabiliza os pais”, reforça Brigitte. “Querida Janja, acredito na força da nossa mobilização coletiva sobre esse tema. Juntos somos mais fortes. Viva a amizade franco-brasileira.”
Saiba Mais
/webstories/2025/04/7121170-canal-do-correio-braziliense-no-whatsapp.html