{ "@context": "http://www.schema.org", "@graph": [{ "@type": "BreadcrumbList", "@id": "", "itemListElement": [{ "@type": "ListItem", "@id": "/#listItem", "position": 1, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/", "name": "In\u00edcio", "description": "O Correio Braziliense (CB) é o mais importante canal de notícias de Brasília. Aqui você encontra as últimas notícias do DF, do Brasil e do mundo.", "url": "/" }, "nextItem": "/opiniao/#listItem" }, { "@type": "ListItem", "@id": "/opiniao/#listItem", "position": 2, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/opiniao/", "name": "Opinião", "description": "Leia editoriais e artigos sobre fatos importantes do dia a dia com a visão do Correio e de articulistas selecionados ", "url": "/opiniao/" }, "previousItem": "/#listItem" } ] }, { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/opiniao/2024/09/6947968-fogo-chamuscou-o-governo.html", "name": "Fogo chamuscou o governo", "headline": "Fogo chamuscou o governo", "description": "", "alternateName": "Opinião ", "alternativeHeadline": "Opinião ", "datePublished": "2024-09-23T00:01:00Z", "dateModified": "2024-09-23-0306:00:00-10800", "articleBody": "<p class="texto"><strong>ANDRÉ GUSTAVO STUMPF </strong>— Jornalista </p> <p class="texto">Tom Jobim dizia que todo brasileiro deveria ter autorização, semelhante ao porte de arma, para utilizar caixa de fósforo. Há uma antiga mania de limpar terreno com fogo. O que deveria ser um aceiro pode se transformar, nos meses secos, agosto e setembro, em violento incêndio que caminha por quilômetros e devasta áreas enormes. A floresta se regenera, ano após ano, mas os animais sofrem muito e dificilmente retornam aos locais queimados, mesmo porque a maioria deles se transforma em pasto.</p> <p class="texto">A violência e a extensão dos incêndios, que lavraram em todo o país, demonstram a incapacidade da burocracia de responder rapidamente aos desafios da vida assolada por fenômenos climáticos. O próprio presidente Lula itiu que o governo e os estados não estão adequadamente preparados para enfrentar o fenômeno, embora ele seja sazonal. Ocorre todos os anos. Em Brasília, o responsável pela defesa do meio ambiente prometeu que, no futuro próximo, instalará postos para se antecipar à ocorrência do fogo. É a completa falta de noção da realidade.</p> <p class="texto">O governo do presidente Lula é o mais notável ausente. Tão ausente que foi o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, ex-ministro da Justiça, que deu as ordens para que os órgãos do Poder Executivo deixassem as suas respectivas zonas de conforto e fossem à luta contra o fogo. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, limitou-se a constatar que até o final do século o Pantanal e boa parte da Amazônia terão desaparecido. Sua declaração é uma espécie de confissão de impotência.</p> <p class="texto">Os fazendeiros do Pantanal têm os próprios meios para defender criações de gado e o meio ambiente, que rende bom dinheiro, por intermédio do turismo. Sempre ocorreu o fenômeno do fogo, em grandes incêndios naquela região. Agora, tomou proporções bíblicas e se consorciou com seca severa. A mistura dos dois elementos, somados ao vento forte, detonou o pior dos mundos na região. O pessoal do governo chamou os incêndios de criminosos. Não é isso. Ocorre o que Tom Jobim tinha identificado: o brasileiro tem mania de colocar fogo no mato. É a vocação para ser piromaníaco.</p> <p class="texto">De certa forma, as mesmas desculpas são aplicadas aos problemas da Amazônia. No início do governo Lula, os órgãos oficiais anunciaram que protegeriam as reservas indígenas e proibiriam o ingresso de garimpeiros na área. Queimaram equipamentos de alto valor, deram tiro para todos os cantos, transportaram índios doentes de helicóptero, levaram remédios e mamadeiras de avião. Foi um show destinado a convencer o pessoal do centro-sul de que o Norte estava protegido. Mera ilusão.</p> <p class="texto">A Amazônia, em termos de área, é mais da metade do território brasileiro. Toda a Europa ocidental cabe ali. A França, por exemplo, tem tamanho parecido com Minas Gerais. Espanha com Bahia. As Forças Armadas brasileiras não têm condições de defender a fronteira nacional, vazada por contrabandistas de todos os tipos. A Amazônia continua entregue à própria sorte. Os ambientalistas oficiais querem transformá-la num santuário para os gringos fotografarem macaco e jacaré.</p> <p class="texto">O garimpo é outro problema sério e profundo. O ouro brasileiro é contrabandeado para o exterior, não paga impostos e rende muito para investidores estrangeiros. Segundo os cálculos dos especialistas, os garimpeiros somam cerca de 25 mil a 30 mil brasileiros que entram na mata, correm todos os riscos, em busca do metal precioso. Fazem isso porque há muito ouro na Amazônia. Óbvio. A tragédia do óbvio é não ser reconhecido.</p> <p class="texto">Enxotar os garimpeiros é abandonar uma riqueza considerável e itir que há brasileiros de primeira e segunda classe. É mais fácil chamar a polícia, fazer algumas operações na frente dos repórteres de televisão e depois esquecer o assunto. É o que o governo fez. Ou seja, não avançou em nada no sentido de incorporar a Amazônia como entidade econômica ao centro-sul do país. A única medida efetiva em favor da Amazônia foi a criação da Zona Franca de Manaus, por Roberto Campos, nos anos 1960. A esquerda combate até a abertura de estradas, o que permitiria maior circulação da riqueza. É um reacionarismo insensato.</p> <p class="texto">O fogo teve o mérito de chamar atenção de todo o Brasil para a realidade da vida dos brasileiros na Amazônia. Os pantaneiros foram lembrados por sua aflição diante da expansão das labaredas que prejudicaram a criação de gado e invadiram as áreas de proteção ambiental. É uma tragédia que o governo não conseguiu perceber. Ficou atônito, na expectativa de que o assunto se resolvesse por ação do divino ou de uma chuva fora de hora. Nada disso aconteceu, e a burocracia tenta um segundo golpe: depois da liberação de verbas, a criação da Autoridade Climática, que ninguém sabe o que seria porque já existe o Ministério do Meio Ambiente. Muitas palavras e nenhuma ação.</p> <p class="texto"> <br /></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/09/21/1200x801/1_pri_2309_opini-40123138.jpg?20240922234248?20240922234248", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/09/21/1000x1000/1_pri_2309_opini-40123138.jpg?20240922234248?20240922234248", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/09/21/800x600/1_pri_2309_opini-40123138.jpg?20240922234248?20240922234248" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Opinião", "url": "/autor?termo=opiniao" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 543h6e

Fogo chamuscou o governo 636i6e
Opinião

Fogo chamuscou o governo 6z2b23

O governo do presidente Lula é o mais notável ausente. Tão ausente que foi o ministro Flávio Dino, do STF, que deu as ordens para que os órgãos do Executivo deixassem fossem à luta contra o fogo 6x1w6a

ANDRÉ GUSTAVO STUMPF — Jornalista 

Tom Jobim dizia que todo brasileiro deveria ter autorização, semelhante ao porte de arma, para utilizar caixa de fósforo. Há uma antiga mania de limpar terreno com fogo. O que deveria ser um aceiro pode se transformar, nos meses secos, agosto e setembro, em violento incêndio que caminha por quilômetros e devasta áreas enormes. A floresta se regenera, ano após ano, mas os animais sofrem muito e dificilmente retornam aos locais queimados, mesmo porque a maioria deles se transforma em pasto.

A violência e a extensão dos incêndios, que lavraram em todo o país, demonstram a incapacidade da burocracia de responder rapidamente aos desafios da vida assolada por fenômenos climáticos. O próprio presidente Lula itiu que o governo e os estados não estão adequadamente preparados para enfrentar o fenômeno, embora ele seja sazonal. Ocorre todos os anos. Em Brasília, o responsável pela defesa do meio ambiente prometeu que, no futuro próximo, instalará postos para se antecipar à ocorrência do fogo. É a completa falta de noção da realidade.

O governo do presidente Lula é o mais notável ausente. Tão ausente que foi o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, ex-ministro da Justiça, que deu as ordens para que os órgãos do Poder Executivo deixassem as suas respectivas zonas de conforto e fossem à luta contra o fogo. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, limitou-se a constatar que até o final do século o Pantanal e boa parte da Amazônia terão desaparecido. Sua declaração é uma espécie de confissão de impotência.

Os fazendeiros do Pantanal têm os próprios meios para defender criações de gado e o meio ambiente, que rende bom dinheiro, por intermédio do turismo. Sempre ocorreu o fenômeno do fogo, em grandes incêndios naquela região. Agora, tomou proporções bíblicas e se consorciou com seca severa. A mistura dos dois elementos, somados ao vento forte, detonou o pior dos mundos na região. O pessoal do governo chamou os incêndios de criminosos. Não é isso. Ocorre o que Tom Jobim tinha identificado: o brasileiro tem mania de colocar fogo no mato. É a vocação para ser piromaníaco.

De certa forma, as mesmas desculpas são aplicadas aos problemas da Amazônia. No início do governo Lula, os órgãos oficiais anunciaram que protegeriam as reservas indígenas e proibiriam o ingresso de garimpeiros na área. Queimaram equipamentos de alto valor, deram tiro para todos os cantos, transportaram índios doentes de helicóptero, levaram remédios e mamadeiras de avião. Foi um show destinado a convencer o pessoal do centro-sul de que o Norte estava protegido. Mera ilusão.

A Amazônia, em termos de área, é mais da metade do território brasileiro. Toda a Europa ocidental cabe ali. A França, por exemplo, tem tamanho parecido com Minas Gerais. Espanha com Bahia. As Forças Armadas brasileiras não têm condições de defender a fronteira nacional, vazada por contrabandistas de todos os tipos. A Amazônia continua entregue à própria sorte. Os ambientalistas oficiais querem transformá-la num santuário para os gringos fotografarem macaco e jacaré.

O garimpo é outro problema sério e profundo. O ouro brasileiro é contrabandeado para o exterior, não paga impostos e rende muito para investidores estrangeiros. Segundo os cálculos dos especialistas, os garimpeiros somam cerca de 25 mil a 30 mil brasileiros que entram na mata, correm todos os riscos, em busca do metal precioso. Fazem isso porque há muito ouro na Amazônia. Óbvio. A tragédia do óbvio é não ser reconhecido.

Enxotar os garimpeiros é abandonar uma riqueza considerável e itir que há brasileiros de primeira e segunda classe. É mais fácil chamar a polícia, fazer algumas operações na frente dos repórteres de televisão e depois esquecer o assunto. É o que o governo fez. Ou seja, não avançou em nada no sentido de incorporar a Amazônia como entidade econômica ao centro-sul do país. A única medida efetiva em favor da Amazônia foi a criação da Zona Franca de Manaus, por Roberto Campos, nos anos 1960. A esquerda combate até a abertura de estradas, o que permitiria maior circulação da riqueza. É um reacionarismo insensato.

O fogo teve o mérito de chamar atenção de todo o Brasil para a realidade da vida dos brasileiros na Amazônia. Os pantaneiros foram lembrados por sua aflição diante da expansão das labaredas que prejudicaram a criação de gado e invadiram as áreas de proteção ambiental. É uma tragédia que o governo não conseguiu perceber. Ficou atônito, na expectativa de que o assunto se resolvesse por ação do divino ou de uma chuva fora de hora. Nada disso aconteceu, e a burocracia tenta um segundo golpe: depois da liberação de verbas, a criação da Autoridade Climática, que ninguém sabe o que seria porque já existe o Ministério do Meio Ambiente. Muitas palavras e nenhuma ação.

 

Mais Lidas 72595f