{ "@context": "http://www.schema.org", "@graph": [{ "@type": "BreadcrumbList", "@id": "", "itemListElement": [{ "@type": "ListItem", "@id": "/#listItem", "position": 1, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/", "name": "In\u00edcio", "description": "O Correio Braziliense (CB) é o mais importante canal de notícias de Brasília. Aqui você encontra as últimas notícias do DF, do Brasil e do mundo.", "url": "/" }, "nextItem": "/opiniao/#listItem" }, { "@type": "ListItem", "@id": "/opiniao/#listItem", "position": 2, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/opiniao/", "name": "Opinião", "description": "Leia editoriais e artigos sobre fatos importantes do dia a dia com a visão do Correio e de articulistas selecionados ", "url": "/opiniao/" }, "previousItem": "/#listItem" } ] }, { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/opiniao/2024/10/6963283-luanda.html", "name": "Luanda", "headline": "Luanda", "description": "", "alternateName": "Artigo", "alternativeHeadline": "Artigo", "datePublished": "2024-10-15T06:00:00Z", "articleBody": "<p class="texto">Francisco Aires Afonso Filho*</p> <p class="texto">A beleza salta aos olhos na baía de Luanda! Altos e modernos prédios, centros de compras, museus, como o da Moeda, o lindo prédio do Banco Central de Angola, monumentos e esculturas, e a vista da fortaleza de São Miguel, de onde se vislumbra a ilha do cabo, ou ilha de Luanda, uma estreita nesga de terra, com atuais 7 quilômetros de comprimento.</p> <p class="texto">A ilha tem grandes significados para a própria identidade de Luanda e de Angola, formando uma barreira que possibilita a formação da baía e era a base dos seus habitantes nativos, os axiluanda. Lá se conserva a tradição de culto à kyanda e kituta, presenças míticas assemelhadas às sereias da cosmogonia dos povos que ali habitam, influenciando na vida diária da comunidade.</p> <p class="texto">O festival do Kakulu, preservado até hoje pelas mães do xinguilamento, as bessangana, pode ter sido a influência que fez com que a festa de Yemanjá, devido à semelhança mítica, se tornasse uma grande celebração nos rios, mares e lagoas em todo o Brasil. Yemanjá tem referência na cosmogonia e formação da identidade dos povos yorubás (atualmente Nigéria e parte do Benin), mas com alguma semelhança mítica com as Ianda (plural de Kyanda) pode ter gerado relativo sincretismo intercultural e mítico, aproximando identidades transcendentes e ancestrais na diáspora africana no Brasil.</p> <p class="texto">Luanda, fundada como posse portuguesa em 1575, pelo capitão de fragata Paulo Dias Novais, com o nome de São Paulo de Luanda, foi base do processo colonizador, fazendo da região um centro de escravização e comércio de africanos e exploração das riquezas naturais, resultando grandes riquezas para a família Dias Novais e seus descendentes, tanto em Angola quanto em Portugal e no Brasil.</p> <p class="texto">Angola, antes da chegada de Novais, era território organizado em sistemas sociais e políticos avançados. Tinha comércio com outros povos e, por isso, é importante se falar em posse portuguesa, sob uma perspectiva colonizadora, não de uma descoberta.</p> <p class="texto">Hoje, a capital Luanda, que fala português oficialmente, com a presença de povos e línguas estrangeiras, como o francês e inglês, também mantém línguas nativas, como o kikongo, kimbundu, tchokwe, umbundu, ngangela, lingala e tantas outras línguas que se uniram ali por motivos históricos.</p> <p class="texto">Luanda também é um lugar mítico na umbanda e no candomblé angola-kongo do Brasil, que se referencia em Luanda (ou Aruanda, Aluanda) como a sua origem e seu ideal de saudade e de retorno ancestral. Tem o cheiro moderno de uma sociedade diversa e cosmopolita, que luta pela justiça social, com grandes concentrações de renda e um grande desafio social de inclusão da massa excluída das riquezas do país, coisa que nós, brasileiros, conhecemos bem.</p> <p class="texto">Mas também tem o cheiro ancestral do óleo de palma (azeite de dendê), do funji (um angu em ponto de polenta) de milho branco, amarelo ou de mandioca/bombó, do bombó assado (mandioca), do jinguba (amendoim), da muamba de peixe, frango ou galinha rija (caipira) que acompanha a funji, da moqueca, do calulu, do mufete e da banana pão assada e das praças (feiras) em que se encontra tudo, desde roupas, móveis, frutos e raízes tradicionais, alimentos modernos/estrangeiros e elementos usados na medicina e ritos tradicionais pelos/pelas gincanas, kimbandas, curadores, xinguilar e kilambas.</p> <p class="texto">Os grandes prédios modernos e os monumentos coloniais nos lembram de tudo que ali se desenrolou. Aquela orla foi cenário do embarque de milhares de crianças, adolescentes, homens e mulheres, para serem escravizados e produzirem riquezas para os colonizadores. O pôr do sol tem uma nostalgia secular e uma cobrança histórica das almas que dali partiram para um destino incerto e plantaram suas raízes de resistência nas diásporas africanas que, até hoje, resistem e mantêm uma saudade ancestral de Luanda. </p> <p class="texto"><em>Tata Nganga Ngunzetala, graduado em teologia e pedagogia, pós-graduado em direito istrativo disciplinar*</em></p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/opiniao/2024/10/6961288-as-desigualdades-socioespaciais-no-pais-existem-ha-seculos.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2022/01/23/cbpfot290120160237-7367387.jpg?20240815180044" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>As desigualdades socioespaciais no país existem há séculos</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/09/6931839-artigo-a-primeira-viagem-a-angola.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/08/30/angola_1-39706330.jpg?20240902083451" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Artigo: A primeira viagem a Angola</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/10/6962946-o-judiciario-e-a-inclusao-da-pessoa-negra-com-deficiencia.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/10/11/pri_1210_opini-40623322.jpg?20241011204515" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>O Judiciário e a inclusão da pessoa negra com deficiência</span> </div> </a> </li> </ul> </div></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/10/11/1200x801/1_luanda_skyline___angola_2015__cropped_-40629767.jpg?20241014170050?20241014170050", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/10/11/1000x1000/1_luanda_skyline___angola_2015__cropped_-40629767.jpg?20241014170050?20241014170050", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/10/11/800x600/1_luanda_skyline___angola_2015__cropped_-40629767.jpg?20241014170050?20241014170050" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Opinião", "url": "/autor?termo=opiniao" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } g6l2c

Luanda et19
Artigo

Luanda 5r4d2a

Hoje, a capital Luanda, que fala português oficialmente, com a presença de povos e línguas estrangeiras, como o francês e inglês, também mantém línguas nativas como o kikongo, kimbundu, tchokwe, umbundu, ngangela, lingala e tantas outras línguas, que se uniram ali, por motivos históricos 2w4z6d

Francisco Aires Afonso Filho*

A beleza salta aos olhos na baía de Luanda! Altos e modernos prédios, centros de compras, museus, como o da Moeda, o lindo prédio do Banco Central de Angola, monumentos e esculturas, e a vista da fortaleza de São Miguel, de onde se vislumbra a ilha do cabo, ou ilha de Luanda, uma estreita nesga de terra, com atuais 7 quilômetros de comprimento.

A ilha tem grandes significados para a própria identidade de Luanda e de Angola, formando uma barreira que possibilita a formação da baía e era a base dos seus habitantes nativos, os axiluanda. Lá se conserva a tradição de culto à kyanda e kituta, presenças míticas assemelhadas às sereias da cosmogonia dos povos que ali habitam, influenciando na vida diária da comunidade.

O festival do Kakulu, preservado até hoje pelas mães do xinguilamento, as bessangana, pode ter sido a influência que fez com que a festa de Yemanjá, devido à semelhança mítica, se tornasse uma grande celebração nos rios, mares e lagoas em todo o Brasil. Yemanjá tem referência na cosmogonia e formação da identidade dos povos yorubás (atualmente Nigéria e parte do Benin), mas com alguma semelhança mítica com as Ianda (plural de Kyanda) pode ter gerado relativo sincretismo intercultural e mítico, aproximando identidades transcendentes e ancestrais na diáspora africana no Brasil.

Luanda, fundada como posse portuguesa em 1575, pelo capitão de fragata Paulo Dias Novais, com o nome de São Paulo de Luanda, foi base do processo colonizador, fazendo da região um centro de escravização e comércio de africanos e exploração das riquezas naturais, resultando grandes riquezas para a família Dias Novais e seus descendentes, tanto em Angola quanto em Portugal e no Brasil.

Angola, antes da chegada de Novais, era território organizado em sistemas sociais e políticos avançados. Tinha comércio com outros povos e, por isso, é importante se falar em posse portuguesa, sob uma perspectiva colonizadora, não de uma descoberta.

Hoje, a capital Luanda, que fala português oficialmente, com a presença de povos e línguas estrangeiras, como o francês e inglês, também mantém línguas nativas, como o kikongo, kimbundu, tchokwe, umbundu, ngangela, lingala e tantas outras línguas que se uniram ali por motivos históricos.

Luanda também é um lugar mítico na umbanda e no candomblé angola-kongo do Brasil, que se referencia em Luanda (ou Aruanda, Aluanda) como a sua origem e seu ideal de saudade e de retorno ancestral. Tem o cheiro moderno de uma sociedade diversa e cosmopolita, que luta pela justiça social, com grandes concentrações de renda e um grande desafio social de inclusão da massa excluída das riquezas do país, coisa que nós, brasileiros, conhecemos bem.

Mas também tem o cheiro ancestral do óleo de palma (azeite de dendê), do funji (um angu em ponto de polenta) de milho branco, amarelo ou de mandioca/bombó, do bombó assado (mandioca), do jinguba (amendoim), da muamba de peixe, frango ou galinha rija (caipira) que acompanha a funji, da moqueca, do calulu, do mufete e da banana pão assada e das praças (feiras) em que se encontra tudo, desde roupas, móveis, frutos e raízes tradicionais, alimentos modernos/estrangeiros e elementos usados na medicina e ritos tradicionais pelos/pelas gincanas, kimbandas, curadores, xinguilar e kilambas.

Os grandes prédios modernos e os monumentos coloniais nos lembram de tudo que ali se desenrolou. Aquela orla foi cenário do embarque de milhares de crianças, adolescentes, homens e mulheres, para serem escravizados e produzirem riquezas para os colonizadores. O pôr do sol tem uma nostalgia secular e uma cobrança histórica das almas que dali partiram para um destino incerto e plantaram suas raízes de resistência nas diásporas africanas que, até hoje, resistem e mantêm uma saudade ancestral de Luanda. 

Tata Nganga Ngunzetala, graduado em teologia e pedagogia, pós-graduado em direito istrativo disciplinar*

Mais Lidas 72595f