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As mães eram menores de 14 anos, vítimas do crime qualificado como estupro de vulnerável. Mas não só adolescentes são violentadas. O <em>Relatório Anual Socioeconômico da Mulher</em>, lançado pelo Ministério das Mulheres, revelou que, em 2022, foram registrados 67.626 estupros de mulheres no país, ou seja, a cada oito minutos uma mulher foi violentada.</p> <p class="texto">Na semana ada, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados (CCJ) ressuscitou Proposta de Emenda à Constituição, elaborada por parlamentares masculinos, que proíbe todos os casos de aborto no país —  estupro em todas as faixas etárias, em situação de risco de vida à gestante e em caso de  feto anencéfalo. </p> <p class="texto">Não sou defensora do aborto, mas não condeno quem o faça, provavelmente, forçada pelas circunstâncias da vida, em um país dominado pela desigualdade socioeconômica. Há pouco tempo, — bem antes desta desastrosa decisão —, conversei com uma psicóloga e indaguei o que significava o aborto para uma mulher. Minha amiga foi taxativa: "Ela sofrerá muito, não só fisicamente, mas emocionalmente, e, dificilmente, conseguirá superar o trauma, tanto do estupro quanto o da interrupção da gravidez".  E acrescentou: "A lembrança é como uma cicatriz".  </p> <p class="texto">A decisão dos parlamentares inspira algumas dúvidas. Como reagiriam se a filha, entre 10 e 16 anos fosse vítima de violência sexual e engravidasse? Aceitariam um neto(a) fruto dessa horrenda brutalidade? Se essa filha, ou outra mais velha, corresse risco de morte se não interrompesse a gestação, a avaliação médica seria ignorada? </p> <p class="texto">Se a PEC for aprovada, como pretendem os deputados, a mulher tornar-se-á de fato um objeto para a diversão do gênero oposto. 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Mas será que esse desprezo vale também para mulheres de todas as camadas sociais, ou são regras restritas às pobres, às negras e às invisíveis para os Poderes da República? <br /></p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/opiniao/2024/12/7001032-em-defesa-do-distrito-federal.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/11/30/pri_0112_opini-42314915.jpg?20241130220916" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>Em defesa do Distrito Federal</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/12/7001024-o-stf-e-os-40-anos-de-bhopal.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2023/12/28/agrotoxico-33785061.jpg?20240726002815" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>O STF e os 40 anos de Bhopal</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/opiniao/2024/12/7001019-o-brasil-o-uruguai-e-a-integracao-regional.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/11/29/yamandu_orsi_no_planalto-42286243.jpg?20241129132809" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Opinião</strong> <span>O Brasil, o Uruguai e a integração regional</span> </div> </a> </li> </ul> </div></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://blogs.correiobraziliense.com.br/cbpoder/wp-content/s/sites/5/2019/12/congresso_cb_poder.jpg?20241130102534?20241130102534", "https://blogs.correiobraziliense.com.br/cbpoder/wp-content/s/sites/5/2019/12/congresso_cb_poder.jpg?20241130102534?20241130102534", "https://blogs.correiobraziliense.com.br/cbpoder/wp-content/s/sites/5/2019/12/congresso_cb_poder.jpg?20241130102534?20241130102534" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Rosane Garcia", "url": "/autor?termo=rosane-garcia" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 142f3r

Retrocesso para mulheres 233a22
Artigo

Retrocesso para mulheres 4v3k2o

Se a PEC for aprovada, como pretendem os deputados, a mulher tornar-se-á de fato um objeto para a diversão do gênero oposto. Perderá a autonomia sobre seu corpo e até o direito de defender a própria vida 91f3n

Entre 2021 e 2023, foram registrados no país 164.199 casos de violência sexual  contra crianças e adolescentes até 19 anos, inclusive do sexo masculino, segundo o relatório Panorama da Violência Letal no Brasil, um estudo divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).  A maioria das vítimas foram do sexo feminino (87,3%), e quase a metade (48,3%) tem entre 10 e 14 anos,  e 52,8% são negras (pretas e pardas).

Dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos, no período de 2020 a 2022, indicam que o Brasil teve mais de 11 mil partos por ano. As mães eram menores de 14 anos, vítimas do crime qualificado como estupro de vulnerável. Mas não só adolescentes são violentadas. O Relatório Anual Socioeconômico da Mulher, lançado pelo Ministério das Mulheres, revelou que, em 2022, foram registrados 67.626 estupros de mulheres no país, ou seja, a cada oito minutos uma mulher foi violentada.

Na semana ada, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados (CCJ) ressuscitou Proposta de Emenda à Constituição, elaborada por parlamentares masculinos, que proíbe todos os casos de aborto no país —  estupro em todas as faixas etárias, em situação de risco de vida à gestante e em caso de  feto anencéfalo. 

Não sou defensora do aborto, mas não condeno quem o faça, provavelmente, forçada pelas circunstâncias da vida, em um país dominado pela desigualdade socioeconômica. Há pouco tempo, — bem antes desta desastrosa decisão —, conversei com uma psicóloga e indaguei o que significava o aborto para uma mulher. Minha amiga foi taxativa: "Ela sofrerá muito, não só fisicamente, mas emocionalmente, e, dificilmente, conseguirá superar o trauma, tanto do estupro quanto o da interrupção da gravidez".  E acrescentou: "A lembrança é como uma cicatriz".  

A decisão dos parlamentares inspira algumas dúvidas. Como reagiriam se a filha, entre 10 e 16 anos fosse vítima de violência sexual e engravidasse? Aceitariam um neto(a) fruto dessa horrenda brutalidade? Se essa filha, ou outra mais velha, corresse risco de morte se não interrompesse a gestação, a avaliação médica seria ignorada? 

Se a PEC for aprovada, como pretendem os deputados, a mulher tornar-se-á de fato um objeto para a diversão do gênero oposto. Perderá a autonomia sobre seu corpo  e até o direito de defender a própria vida, caso a gestação por agressão sexual resulte em gravidez. Será  apenas uma  mulher a menos na sociedade. Mas será que esse desprezo vale também para mulheres de todas as camadas sociais, ou são regras restritas às pobres, às negras e às invisíveis para os Poderes da República? 

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