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Participei como jornalista dos movimentos iniciais em favor da eleição de Tancredo. Amigos tratavam de me informar sobre o que ocorria no Brasil. Na época, a ligação telefônica era muito cara. Um amigo especial, o saudoso Ney Sroulevitch, cineasta, não economizou para me informar das novidades.</p> <p class="texto">Tancredo Neves, depois de eleito, deu uma volta ao mundo para se mostrar como o novo presidente do Brasil. Parou em Washington, em fevereiro, quando o clima estava muito frio. Conversei com ele longamente na Embaixada do Brasil. Ele disse-me que convocaria a Assembleia Nacional Constituinte e promover a redemocratização do país. O presidente estava cansado, agasalhado por grosso sobretudo, e me pareceu pálido. Estava com o rosto inchado. Na época, informaram-me que ele consultou um dentista em Washington porque estava com dores de dente. Era um sinal da doença que o matou meses depois.</p> <p class="texto">Retornei ao Brasil por causa dele. 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A vida numa conversa 18343j
40 anos da redemocratização

A vida numa conversa 376l2i

Tancredo Neves, depois de eleito, deu uma volta ao mundo para se mostrar como o novo presidente do Brasil. Parou em Washington. Conversei com ele longamente na Embaixada do Brasil 2g1d1e

André Gustavo StumpfJornalista

Quarenta anos aram muito rapidamente e, neste período, o país mudou bastante. Na época, não havia internet nem telefone celular. Os jornalistas eram obrigados a conversar pessoalmente com suas fontes, frequentar almoços, jantares e, não raro, café da manhã para saber das novidades, que ocorriam com velocidade alucinante. O regime militar estava desmoronando, com inflação elevadíssima, o presidente João Figueiredo fora de combate, depois que operou o coração, e o poder estava nas mãos do chefe da Casa Civil, Leitão de Abreu. O equilíbrio político era muito precário.

A política estava nas ruas desde 1984, quando a campanha em favor das eleições Diretas Já incendiou o país. A emenda do deputado Dante de Oliveira pretendia que as eleições para presidente da República fossem realizadas, de maneira direta, naquele ano. O Congresso não aprovou a medida. Mas a mobilização continuou em todo o país. A resposta do governo foi convocar o Colégio Eleitoral, que era constituído por membros do Congresso Nacional mais representantes dos estados. Foi a maneira imaginada para controlar a eleição. Não deu certo.

O Partido Democrático Social (PDS), sucessor da antiga Arena, realizou uma eleição primária para escolher seu candidato à Presidência da República nas eleições de 1985. Duas pré-candidaturas surgiram: a do ex-governador de São Paulo e então deputado federal Paulo Maluf (com o deputado federal cearense Flávio Marcílio para vice-presidente) e a do ex-ministro dos Transportes nos nos governos Costa e Silva e Médici, o coronel gaúcho Mário Andreazza, (com o ex-governador de Alagoas Divaldo Suruagy para vice-presidente). Maluf derrotou Andreazza na Convenção Nacional do PDS, mas encontrou forte oposição de líderes como Antônio Carlos Magalhães, Hugo Napoleão, Roberto Magalhães, Marco Maciel e Jorge Bornhausen. José Sarney, presidente do PDS, abandonou seu partido e se uniu aos dissidentes. Eles formaram a chamada Frente Liberal.

A Aliança Democrática foi uma coligação entre o PMDB, o principal partido de oposição ao Regime Militar, e os dissidentes do PDS que formavam a Frente Liberal. Essa dissidência acabaria por formar o PFL (atual União Brasil). Apesar de indireta, a oposição mobilizou a população em dezenas de comícios em todo o país. No Colégio Eleitoral, formado por deputados federais, senadores e delegados de cada Assembleia Legislativa dos Estados, Tancredo recebeu os votos do seu partido, o PMDB, da Frente Liberal do PDS, do PDT, PTB, de três dissidentes do PT (que tinha oito deputados e expulsou esses três após a eleição). Dois deputados da oposição, um do PDT e outro do PTB, votaram em Maluf.

Morava em Washington naqueles dias, onde fazia mestrado na School of Advanced International Studies (SAIS), uma escola dedicada ao estudo da política e da economia mantida pela Universidade Johns Hopkins. Participei como jornalista dos movimentos iniciais em favor da eleição de Tancredo. Amigos tratavam de me informar sobre o que ocorria no Brasil. Na época, a ligação telefônica era muito cara. Um amigo especial, o saudoso Ney Sroulevitch, cineasta, não economizou para me informar das novidades.

Tancredo Neves, depois de eleito, deu uma volta ao mundo para se mostrar como o novo presidente do Brasil. Parou em Washington, em fevereiro, quando o clima estava muito frio. Conversei com ele longamente na Embaixada do Brasil. Ele disse-me que convocaria a Assembleia Nacional Constituinte e promover a redemocratização do país. O presidente estava cansado, agasalhado por grosso sobretudo, e me pareceu pálido. Estava com o rosto inchado. Na época, informaram-me que ele consultou um dentista em Washington porque estava com dores de dente. Era um sinal da doença que o matou meses depois.

Retornei ao Brasil por causa dele. Estava com a vida mais ou menos organizada em Washington. Ao final daquela conversa, ele me disse para retornar ao Brasil, que era o meu lugar. Luís Artur Toríbio, repórter que estava acompanhando a viagem de Tancredo, e eu tomamos um vinho francês naquela noite muito fria em Washington. Contei as novidades. E comecei a arrumar minha mala para voltar. Antes, fiz palestra sobre a Nova República em Harvard, no Center of Latin American and Iberian Studies (CLAIS). Casa cheia. Retornei. Mas Tancredo morreu no dia 21 de abril.

 

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