
O Brasil vivia tempos de arbítrio, sob a égide da ditadura militar, quando, em 1969, Paulinho da Viola, sempre discreto, mas atento ao que ocorria em seu redor, emplacou um dos maiores sucessos de sua obra, Sinal fechado, composição vencedora da quarta edição do histórico Festival da TV Record.
Embora já fosse conhecido como um talentoso autor de samba, o que o levou a vencer aquele certame musical foi uma canção de protesto. Num dos trechos da letra, ele cantava: "Quando é que você telefona?/ Precisamos nos ver por aí/ Pra semana prometo/Talvez nos vejamos, quem sabe?".
O ex-bancário Paulo César Batista Faria recebeu o nome artístico em 1965, atribuído por Hermínio Bello de Carvalho, que o dirigiu no espetáculo Rosa de Ouro, em que dividia o palco com Clementina de Jesus, Aracy Cortes, Elton Medeiros, Nelson Sargento, Jair do Cavaquinho e Anescar do Salgueiro, no Teatro Jovem do Sesc, no bairro de de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Logo depois se juntou a outros bambas na Portela. Na tradicional escola de samba carioca, criou o grupo Velha Guarda, formado por veteranos compositores, do qual foi produtor de um disco antológico. Fez mais pela agremiação ao homenageá-la com o belíssimo samba Foi um rio que ou em minha vida, levando-a a se tornar ainda mais popular.
Chamado de Príncipe do Samba, Paulinho da Viola lançou 35 discos e contabiliza sucessos que fazem parte da memória afetiva de incontáveis fãs — entre os quais, A dança a solidão, Coração leviano, Eu canto samba, Onde a dor não tem razão, Para ver as meninas, Pecado capital e Timoneiro.
Recentemente, o cantor chegou às plataformas digitais com o projeto audiovisual Paulinho da Viola — 80 Anos, um tributo à história do samba, registro de show inesquecível, que traz 22 clássicos da obra do mestre, com a participação da filha Beatriz Faria em duas faixas. O lançamento é da gravadora Som Livre.