{ "@context": "http://www.schema.org", "@graph": [{ "@type": "BreadcrumbList", "@id": "", "itemListElement": [{ "@type": "ListItem", "@id": "/#listItem", "position": 1, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/", "name": "In\u00edcio", "description": "O Correio Braziliense (CB) é o mais importante canal de notícias de Brasília. Aqui você encontra as últimas notícias do DF, do Brasil e do mundo.", "url": "/" }, "nextItem": "/opiniao/#listItem" }, { "@type": "ListItem", "@id": "/opiniao/#listItem", "position": 2, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/opiniao/", "name": "Opinião", "description": "Leia editoriais e artigos sobre fatos importantes do dia a dia com a visão do Correio e de articulistas selecionados ", "url": "/opiniao/" }, "previousItem": "/#listItem" } ] }, { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/opiniao/2025/04/7124535-1988-2025-as-heleninhas-e-o-que-mudou-no-retrato-do-alcoolismo.html", "name": "1988-2025: as Heleninhas e o que mudou no retrato do alcoolismo", "headline": "1988-2025: as Heleninhas e o que mudou no retrato do alcoolismo", "description": "", "alternateName": "Opinião ", "alternativeHeadline": "Opinião ", "datePublished": "2025-04-28T06:00:00Z", "articleBody": "<p class="texto"><strong>JORGE JABER</strong>, Psiquiatra pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), membro da Academia Nacional de Medicina</p> <p class="texto">Além de antecipar tendências e apontar mudanças na sociedade, a arte tem o poder de influenciar nossa visão sobre o mundo e, portanto, nosso comportamento. Nesse sentido, a nova versão da novela Vale Tudo vem prestando um serviço inestimável ao abordar, de forma realista e equilibrada, a questão da dependência química, trazida com sensibilidade à luz pela personagem Heleninha Roitman, uma artista plástica que enfrenta severos problemas com bebida. Entre eles, o preconceito em relação aos dependentes, ainda mais cruel e impactante no caso das mulheres.</p> <p class="texto">A inevitável comparação entre a Heleninha de 1988, criada por Gilberto Braga e imortalizada por Renata Sorrah, e a atual, concebida por Manuela Dias e interpretada por Paolla Oliveira, levará a uma pergunta importante: continuamos, como na época da novela original, encarando as pessoas com dependência — não somente química, mas também, por exemplo, de jogos — como de caráter fraco, incapazes de controlar os próprios atos e indiferentes à dor da família e amigos diante de seu descontrole ou amos a tratá-las com a atenção e o carinho que merecem? </p> <p class="texto">Esse olhar estereotipado, fruto da ignorância e desinformação, infelizmente persiste em diversos setores da sociedade. Uma visão tacanha, impermeável à ciência e que provoca ainda mais danos à já frágil saúde física e mental do dependente e, não raro, até daqueles que tentam ajudá-lo — normalmente, mães e esposas. Um quadro, é preciso reconhecer, que a primeira Vale Tudo ajudou a modificar, inclusive, estimulando a busca por apoio. O grupo Alcoólicos Anônimos, por exemplo, registrou um aumento expressivo de frequentadores em suas reuniões naquele período. </p> <p class="texto">Quase quatro décadas depois, é possível que o fenômeno se repita, o que seria uma bela notícia diante dos números relativos ao tema. Mais de um quarto dos adultos brasileiros, por exemplo, bebe ao menos uma vez por semana, 18% deles de forma abusiva, segundo o Observatório da Saúde Pública. Um hábito perigoso e caro: o consumo de álcool provocou cerca de 105 mil mortes — 12 por hora — no Brasil em 2019, num custo de quase R$ 19 bilhões ao país entre despesas médicas, indenizações e impactos econômicos, de acordo com a Fiocruz. Um prejuízo compartilhado por todos, inclusive, pelos abstêmios. </p> <p class="texto">Essas e outras estatísticas trazem um detalhe preocupante: há cada vez mais mulheres bebendo no país. Entre 2010 e 2020, o consumo abusivo entre elas cresceu mais de 4% ao ano, e o número de mortes aumentou 7,5%. Essas altas se deram, em sua maioria, na faixa entre 18 e 34 anos, o que indica tanto um reflexo das sempre bem-vindas mudanças no estilo de vida e padrões de comportamento femininos quanto um tema para reflexão: a prevalência do alcoolismo entre as jovens seria mais um fruto da constante pressão — dentro e fora de casa — com que elas convivem diariamente? </p> <p class="texto">Essa é uma das questões que a nova Vale Tudo pode ajudar a discutir. Nos 37 anos que separam as duas obras, houve muitos avanços na área. Embora ainda insuficiente, o o ao atendimento médico para a dependência aumentou, inclusive, na rede pública, e os próprios tratamentos evoluíram. A ênfase, hoje, é em programas que integram psicoterapia, medicamentos, grupos de apoio e acompanhamento profissional, não mais na abstinência forçada e terapias de cunho unicamente religioso. Os caminhos para a plena recuperação do portador de dependência, portanto, estão mais íveis. </p> <p class="texto">O preconceito, porém, continua a assombrar os doentes — sim, trata-se de uma doença, reconhecida como tal pela própria Organização Mundial da Saúde —, muitas vezes, impedindo ou retardando o diagnóstico e a busca por ajuda médica. Um cenário, ao contrário das novelas, nem sempre com final feliz, e que personagens como a carismática Heleninha podem alterar.</p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/26/1200x801/1_pri_2804_opini-50484065.jpg?20250427235540?20250427235540", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/26/1000x1000/1_pri_2804_opini-50484065.jpg?20250427235540?20250427235540", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/04/26/800x600/1_pri_2804_opini-50484065.jpg?20250427235540?20250427235540" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Opinião", "url": "/autor?termo=opiniao" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 1v1718

1988 25h1 2025: as Heleninhas e o que mudou no retrato do alcoolismo
Opinião

1988-2025: as Heleninhas e o que mudou no retrato do alcoolismo 633w4f

Nos 37 anos que separam as duas obras, houve avanços, como aumento no o ao atendimento médico. O preconceito, porém, continua a assombrar os doentes 4l681h

JORGE JABER, Psiquiatra pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), membro da Academia Nacional de Medicina

Além de antecipar tendências e apontar mudanças na sociedade, a arte tem o poder de influenciar nossa visão sobre o mundo e, portanto, nosso comportamento. Nesse sentido, a nova versão da novela Vale Tudo vem prestando um serviço inestimável ao abordar, de forma realista e equilibrada, a questão da dependência química, trazida com sensibilidade à luz pela personagem Heleninha Roitman, uma artista plástica que enfrenta severos problemas com bebida. Entre eles, o preconceito em relação aos dependentes, ainda mais cruel e impactante no caso das mulheres.

A inevitável comparação entre a Heleninha de 1988, criada por Gilberto Braga e imortalizada por Renata Sorrah, e a atual, concebida por Manuela Dias e interpretada por Paolla Oliveira, levará a uma pergunta importante: continuamos, como na época da novela original, encarando as pessoas com dependência — não somente química, mas também, por exemplo, de jogos — como de caráter fraco, incapazes de controlar os próprios atos e indiferentes à dor da família e amigos diante de seu descontrole ou amos a tratá-las com a atenção e o carinho que merecem? 

Esse olhar estereotipado, fruto da ignorância e desinformação, infelizmente persiste em diversos setores da sociedade. Uma visão tacanha, impermeável à ciência e que provoca ainda mais danos à já frágil saúde física e mental do dependente e, não raro, até daqueles que tentam ajudá-lo — normalmente, mães e esposas. Um quadro, é preciso reconhecer, que a primeira Vale Tudo ajudou a modificar, inclusive, estimulando a busca por apoio. O grupo Alcoólicos Anônimos, por exemplo, registrou um aumento expressivo de frequentadores em suas reuniões naquele período. 

Quase quatro décadas depois, é possível que o fenômeno se repita, o que seria uma bela notícia diante dos números relativos ao tema. Mais de um quarto dos adultos brasileiros, por exemplo, bebe ao menos uma vez por semana, 18% deles de forma abusiva, segundo o Observatório da Saúde Pública. Um hábito perigoso e caro: o consumo de álcool provocou cerca de 105 mil mortes — 12 por hora — no Brasil em 2019, num custo de quase R$ 19 bilhões ao país entre despesas médicas, indenizações e impactos econômicos, de acordo com a Fiocruz. Um prejuízo compartilhado por todos, inclusive, pelos abstêmios. 

Essas e outras estatísticas trazem um detalhe preocupante: há cada vez mais mulheres bebendo no país. Entre 2010 e 2020, o consumo abusivo entre elas cresceu mais de 4% ao ano, e o número de mortes aumentou 7,5%. Essas altas se deram, em sua maioria, na faixa entre 18 e 34 anos, o que indica tanto um reflexo das sempre bem-vindas mudanças no estilo de vida e padrões de comportamento femininos quanto um tema para reflexão: a prevalência do alcoolismo entre as jovens seria mais um fruto da constante pressão — dentro e fora de casa — com que elas convivem diariamente? 

Essa é uma das questões que a nova Vale Tudo pode ajudar a discutir. Nos 37 anos que separam as duas obras, houve muitos avanços na área. Embora ainda insuficiente, o o ao atendimento médico para a dependência aumentou, inclusive, na rede pública, e os próprios tratamentos evoluíram. A ênfase, hoje, é em programas que integram psicoterapia, medicamentos, grupos de apoio e acompanhamento profissional, não mais na abstinência forçada e terapias de cunho unicamente religioso. Os caminhos para a plena recuperação do portador de dependência, portanto, estão mais íveis. 

O preconceito, porém, continua a assombrar os doentes — sim, trata-se de uma doença, reconhecida como tal pela própria Organização Mundial da Saúde —, muitas vezes, impedindo ou retardando o diagnóstico e a busca por ajuda médica. Um cenário, ao contrário das novelas, nem sempre com final feliz, e que personagens como a carismática Heleninha podem alterar.

Mais Lidas 72595f