
O presidente Jair Bolsonaro negou nesta segunda-feira (12/7) que tenha cometido crime de prevaricação. Segundo o mandatário, a medida só pode ser aplicada a funcionários públicos. O chefe do Executivo relatou ainda ter encaminhado para o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que não encontrou indícios de irregularidade.
"Entendo que prevaricação se aplica a servidor público, não a mim. Mas eu tomei providência. Falei com o Pazuello. ei pra frente os papéis que ele (Luis Miranda) deixou lá."
Segundo Bolsonaro, após se reunir com Miranda, pediu ao general que desse "uma olhada" no caso.
"Até o do Luís Miranda, mesmo conhecendo toda a vida pregressa dele, a vida atual dele, eu conversei com Pazuello. ‘Pazuello, tem uma denúncia aqui do deputado Miranda, de que estaria algo errado acontecendo. Dá para dar uma olhada", justificou.
O presidente ainda classificou crime caso exista gravação de diálogo com o deputado. "Se houve gravação, isso é crime. Pelo amor de Deus. É a mesma coisa, pega cinco colegas, vamos bater um papo, a gente começa a falar um monte de abobrinha". "Nada que eu me lembre foi tratado com ele com a ênfase que ele vem dizendo".
Sobre o líder do governo, Ricardo Barros, Bolsonaro disse que vai aguardar o depoimento na I para conversar com ele. "Eu tenho que dar um crédito para ele até que provem que ele tem alguma culpa em algum lugar. Ele vai depor dia 20. Ele depondo, a gente conversa logo depois. Eu tenho que dar um crédito para ele até que provem que ele tem alguma culpa em algum lugar. Ele vai depor e após o depoimento dele, eu vou conversar com ele novamente".
O mandatário, no entanto, se recusou a confirmar se mencionou o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), como suposto envolvido nas negociações da Covaxin, conforme depoimentos na I.
A Polícia Federal abriu inquérito para apurar se Bolsonaro prevaricou no caso das suspeitas de irregularidades envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin, do laboratório Bharat Biotech, representado no Brasil pela empresa Precisa Medicamentos. A empresa é alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (I) da Covid-19, no Senado, que investiga a negociação da Covaxin.
A investigação tem início após depoimento do deputado federal Luis Claudio Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, à I. Este último, chefe do Departamento de Importação do ministério, suspeitou de irregularidades envolvendo a negociação do imunizante, relatando ter sofrido "pressões atípicas" para acelerar a importação da Covaxin, apesar de erros na invoice (nota fiscal internacional).
Os dois, então, disseram ter levado as suspeitas ao presidente. Segundo o deputado, Bolsonaro prometeu levar as informações à PF, e teria dito, ainda, que a situação parecia ser "rolo" do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).
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