MPF divulga investigação sobre morte de Rubens Paiva; confira detalhes
No vídeo, o procurador da República Sérgio Suiama destaca a relevância histórica do caso, que se tornou o primeiro em que militares foram formalmente acusados de homicídio contra civis durante o regime militar
Eunice Paiva e Rubens Paiva - (crédito: Arquivo pessoal)
O Ministério Público Federal (MPF) divulgou, neste domingo (2/3), um vídeo detalhando as investigações sobre os crimes cometidos durante a ditadura militar no Brasil, com destaque para o caso do ex-deputado federal Rubens Paiva, assassinado em janeiro de 1971. A ação apura as circunstâncias de sua morte, ocorrida no contexto do regime militar.
No vídeo, o procurador da República Sérgio Suiama destaca a relevância histórica do caso, que se tornou o primeiro em que militares foram formalmente acusados de homicídio contra civis durante o regime. Suiama explica que, a partir das investigações realizadas pelo MPF, foram ouvidas 27 testemunhas e produzidos 41 horas de gravações e 13 volumes de documentos, o que resultou na ação penal.
Eunice (interpretada por Fernanda Torres) e Rubens (Selton Mello) ao lado dos filhos mais novos, Marcelo e Maria Beatriz
Divulgação/Sony Pictures
Rubens e Eunice Paiva tiveram cinco filhos: Vera Sílvia (1953), Maria Eliana (1955), Ana Lúcia (1957), Marcelo (1959) e Maria Beatriz (1960)
Divulgação
Rubens Paiva (interpretado por Selton Mello) era um engenheiro civil e teve o mandato deputado cassado com o golpe militar de 1964
Video Filmes/Divulgação
Em 1971, Rubens Paiva ele foi detido, torturado e assassinado nas dependências do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro
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A história de Rubens foi retratada no filme 'Ainda estou aqui', dirigido por Walter Salles — baseado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva sobre o próprio pai. Na obra cinematográfica, ele é interpretado pelo ator Selton Mello
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Só 25 anos depois da morte de Rubens, em 1996, a viúva Eunice Paiva conseguiu que o governo brasileiro emitisse o atestado de óbito do marido
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Após a morte do marido, Eunice Paiva (interpretada por Fernanda Torres) precisa mudar de rotina e vira ativista de direitos humanos
Reprodução/Adorocinema
A trajetória da advogada e ativista, ando pela própria prisão e a detenção da filha Eliana Paiva, então com 15 anos, é contada em 'Ainda estou aqui'
Material cedido ao Correio
Filme brasileiro também mostra o luto da família da Paiva e a força que Eunice teve de criar os cinco filhos sozinha
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Cena que retrata Eunice Paiva com os filhos Marcelo e Maria Beatriz já adultos
Sony Pictures
'Ainda estou aqui' é dirigido pelo cineasta Walter Salles
Fernanda Torres exalta o legado de Eunice Paiva. "Ela teve cabeça, lutou pela civilidade, pela justiça, pela educação, pela demarcação de terra indígenas, e tudo isso na suavidade, com um sorriso, um amor", frisa a atriz brasileira
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Os órgãos de segurança da época afirmavam que Rubens Paiva foi abordado e sequestrado por desconhecidos, dois dias depois de ser preso. No entanto, em março de 2014, o coronel reformado Paulo Malhães, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, confirmou que o ex-deputado foi torturado até a morte
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Cena em que Eunice (Fernanda Torres) pede para os filhos sorrirem para a foto. "Nós vamos sorrir. Sorriam", disse a atriz na cena
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Eunice Paiva ficou presa 12 dias no DOI-Codi
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Cena em que Eunice Paiva volta para São Paulo com os filhos após a morte de Rubens
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Eunice Paiva com a filha mais velha, Vera
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Fernanda Montenegro interpreta Eunice Paiva nos últimos anos de vida da advogada, que faleceu em 2018 aos 86 anos. Ela viveu com Alzheimer por mais de 10 anos
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Eunice Paiva com os filhos Vera, Marcelo e Maria Beatriz
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Cena final do filme, que mostra a família Paiva reunida, com os filhos já adultos
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Em uma visão mais ampla, o procurador Antônio Cabral detalha o trabalho do MPF em aproximadamente 130 investigações sobre crimes da ditadura, cada uma focada em desaparecimentos, mortes e perseguições políticas. Cabral ressalta as dificuldades enfrentadas ao longo das investigações, como o desaparecimento de documentos, a resistência de órgãos públicos em fornecer arquivos e a morte de testemunhas e até de envolvidos nos crimes.
O procurador também sublinha que essas investigações geraram diversas ações judiciais, tanto na esfera civil quanto criminal, e resultaram em acusações contra os responsáveis pelos crimes cometidos durante o regime militar.