
O ex-ministro da Defesa e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Raul Jungmann, considera que os representantes do poder civil devem assumir o compromisso de estabelecer o rumo das Forças Armadas. Mencionando o 8 de janeiro, como um marco de distensão entre os militares e as forças políticas, o ex-ministro disse que é preciso ouvir os apelos dos representantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para construir um discurso coeso e democrático entre os poderes.
“Se nós queremos, de fato, contar com forças armadas plenamente democráticas, nós temos que dar um rumo a elas”, disse Jungmann, durante o evento Democracia 40 anos: conquistas, dívidas e desafios, neste sábado (15/3). O seminário suprapartidário é organizado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e pelo partido Cidadania, e conta com o apoio do Correio Braziliense.
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“Quando não assumimos isso, o que vai acontecer? Um militar, que faz sua escolha para defender o país, como é que vocês acham que eles olham para nós, representantes da nação, se nós não temos nem a disposição e nem a responsabilidade para entrar em diálogo com eles? A tendência é que eles falem: ‘Bom, o poder político do meu país é irresponsável. Está pouco preocupado com a defesa. Cabe a nós o papel da tutela’”, destacou o ex-ministro.
Jungmann ainda criticou a ausência de uma nova política estratégica nacional de defesa — a última foi aprovada em 2012 — e afirmou que o momento atual exige uma maior atenção do poder civil sobre a atuação das Forças Armadas.
“Nós temos que assumir nossa responsabilidade de diálogo com os militares. Nós temos que ter a capacidade da superação e que hoje, o que nós mais necessitamos que o poder civil e o Congresso Nacional deem um rumo no caminho de defesa e de respeito à democracia”, concluiu.