
Questionado sobre a responsabilidade sobre os desvios bilionários do dinheiro de aposentados, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, se comparou a Jesus. Lupi disse nesta terça-feira (29/4), em uma comissão da Câmara, que nem o filho de Deus se livrou de escolher um traidor para seu grupo de discípulos.
“Nós temos uma sociedade que tem a vocação da esperteza. Todo mundo quer levar vantagem em tudo. Coibir isso a gente tenta, a gente luta, mas é mentira dizer que isso se resolve em um estalar de dedos. Nem Cristo, que era filho de Deus, e escolheu 12 apóstolos, se livrou de um traidor. Ele não tinha como… trair a Cristo? E era o Deus. Ele não tinha esse poder. Quem sou eu? Um ser humano falível”, disse o ministro.
Lupi falou na sessão da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara. Ao ser questionado sobre a demora de sua gestão para acabar com as fraudes, argumentou que tomar medidas em uma instituição do tamanho do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é um processo demorado e complexo.
O ministro também foi perguntado, por deputados, sobre a comparação que fez em uma reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) na segunda-feira. Ele disse, na ocasião, que o INSS não é um botequim da esquina, onde se resolvem os problemas em 24 horas. Nesta terça, reforçou seu posicionamento.
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“É muito difícil você assumir essa responsabilidade e achar que vai resolver num estalar de dedos, como se fosse o botequim da esquina, uma instituição que tem 21 mil funcionários, agências em todo o Brasil. Tudo é complexo”, disse Carlos Lupi, que negou, ainda, que tenha demorado a agir quando soube das irregularidades na Previdência.
“Eu agi a tempo. Eu demiti um diretor que tinha inclusive sido superintendente no governo anterior, em março de 2024 pela letargia, pela demora que ele teve em agir”, se defendeu Lupi.
Culpa da burocracia
Embora tenha dito que tomou as medidas necessárias para acabar com o esquema de fraudes assim que soube dos problemas, ainda em 2023, Carlos Lupi também itiu que o Ministério da Previdência como um todo foi lento ao tratar do problema.
Culpou, no entanto, o excesso de burocracia no setor público e afirmou que o processo de verificação de s (os golpistas utilizaram s falsas de beneficiários) é lento e complexo.
“Isso é igual ao processo judicial. Você não abre um inquérito hoje e amanhã tem a solução. Não é assim. São 6 milhões, no mínimo, que fazem contribuição sindical. São 41 instituições. Vocês pararam para pensar como é que é analisar se é válido ou não analisar 6 milhões de s? Isso não é simples, é complexo”, disse.
“Demorou? Sim. Eu não tenho vergonha nenhuma de dizer que eu gostaria que fosse muito mais ágil. Mas estamos agindo. Estamos fazendo. Está doendo na nossa carne. Estamos tendo que exonerar gente que trabalhava com a gente, que convivia com a gente”, afirmou o ministro.