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Em encontro com Putin, Lula mostra interesse em usinas nucleares

No encontro com Putin, em Moscou, presidente manifesta intenção de estreitar a "parceria estratégica" com a Rússia, em áreas como a energética. Brasileiro diz que tarifaço de Trump joga por terra respeito à soberania dos países

Lula com Putin: presidente disse que a visita ao país é para
Lula com Putin: presidente disse que a visita ao país é para "refazer com mais força" a parceria com a Rússia - (crédito: Maxim Shemetov/AFP)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou interesse na geração de energia produzida a partir de usinas nucleares no país. A manifestação foi feita, nesta sexta-feira, durante reunião bilateral com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no Kremlin.

"Gostaria de que alguns ministros meus falassem o que eles já conversaram aqui, sobretudo, o ministro de Minas e Energia, que nós temos muito interesse em tentar estabelecer uma relação com a Rússia nas pequenas usinas nucleares", afirmou Lula, na conversa com Putin.

O Brasil tem duas usinas de energia nuclear, ambas no Rio de Janeiro: Angra 1 e Angra 2. Juntas, elas respondem por cerca de 1% do consumo de energia elétrica no país, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Lula ainda reforçou o interesse em equilibrar a balança comercial entre os dois países. Em 2024, foram US$ 1,4 bilhão de exportações e US$ 11 bilhões de importações de produtos russos. "É um comércio bastante deficitário para o Brasil, mas entendemos que o potencial de crescimento é grande", destacou.

O chefe do Executivo brasileiro também criticou diretamente as ações comerciais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. "As últimas decisões anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, de taxação de comércio com todos os países do mundo de forma unilateral, joga por terra a grande ideia do livre-comércio, jogam por terra a grande ideia do fortalecimento do multilateralismo e jogam por terra, muitas vezes, o respeito à soberania dos países que nós temos de ter."

Desfile

Também nesta sexta-feira, Lula participou do desfile militar russo em celebração dos 80 anos da vitória da Segunda Guerra Mundial. O evento ocorreu na Praça Vermelha, um dos cartões-postais de Moscou. Outros chefes de Estado marcaram presença, com destaque para o presidente da China, Xi Jinping, que sentou ao lado de Putin, e o ditador venezuelano Nicolás Maduro.

Segundo a Rússia, 27 chefes de Estado participaram do desfile, incluindo o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel; o presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic; e o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, que foi o único líder europeu presente.

Durante as celebrações, Lula e os demais líderes depositaram flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, monumento que homenageia os mortos soviéticos na Segunda Guerra Mundial. Eles também almoçaram com Putin.

A visita de Lula à Rússia causou mal-estar na relação com a Ucrânia. O embaixador ucraniano em Brasília, Andrii Melnyk, foi alocado para representar o país na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Segundo fontes do governo ucraniano, não há previsão para que o país envie um substituto, e a embaixada ficará a cargo de um conselheiro, diplomata de menor cargo na hierarquia. Além disso, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, recusou ao menos dois pedidos de telefonema de Lula desde que sua participação no desfile russo foi confirmada.

 

 

postado em 10/05/2025 03:55
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