
Composto por 12 acusados, sendo 11 militares da ativa e da reserva do Exército e um policial federal, o chamado “núcleo 3” do golpe de Estado é suspeito de promover ações táticas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. Para concretizar o crime, a trama previa os assassinatos do presidente eleito, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do próprio ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a Polícia Federal, entre as ações elaboradas pelos indiciados neste grupo havia um "detalhado planejamento operacional, denominado 'Punhal Verde e Amarelo', que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022" para matar os já eleitos presidente Lula e vice-presidente Geraldo Alckmin.
“Para execução do presidente LULA, o documento [da Polícia Federal] descreve, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico”, diz trecho da decisão de Moraes, em novembro do ano ado, que autorizou a operação contra os militares.
As investigações apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022.
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A denúncia apresentada pela PGR ao STF sobre o golpe também indica uma das táticas para o golpe teria sido uma campanha pública deliberada para pressionar o Alto Comando das Forças Armadas a aderir a trama golpista. Além disso, o núcleo era responsável por fazer o monitoramento do presidente Lula, e cogitava o uso de armas contra o ministro Alexandre de Moraes e a morte por envenenamento do presidente da República.
Divisão
De acorco com a acusação, o núcleo 3 tinha diferentes frentes de atuação. O general da reserva Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, como comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter), teria aceitado coordenar o emprego das forças terrestres conforme as diretrizes do grupo.
O plano também previa a participação dos kids pretos. Eles teriam trabalhado para pressionar o Comandante do Exército e o Alto Comando, formulando cartas e agitando colegas em prol de ações de força no cenário político.
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Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Wladimir Matos Soares lideraram ações de campo voltadas ao monitoramento e neutralização de autoridades. No caso deste último, o celular dele foi usado em uma "Rede de Comunicação Sigilosa", conforme a investigação.
Bernardo Romão Correa Netto, Cleverson Ney Magalhães, Fabrício Moreira de Bastos, Márcio Nunes de Resende Júnior, Nilton Diniz Rodrigues, Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Ronald Ferreira de Araujo Junior promoveram outras ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a aderir o plano de golpe de Estado.
As investigações da Polícia Federal apontam que a organização se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas. A força-tarefa foi embasada nos arquivos que foram deletados e recuperados do computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, e também do general Mário Fernandes.
Os 12 integrantes do núcleo 3 foram denunciados pelos crimes de envolvimento em organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Caso a Primeira Turma aceite a denúncia da PGR, os acusados se tornarão réus e arão a responder a uma ação penal. O colegiado é formado pelos ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino.
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