VERGONHA NO CONGRESSO

Senador diz que Marina "quis lacrar" em audiência sobre BR-319

Bolsonarista ainda afirmou em discurso na tribuna que a ministra usou a cartada final do "sexismo após estar em comportamento desequilibrado"

Marcos Rogério (PL-RO) afirmou que  o objetivo da titular do ministério foi de fazer do parlamento um "palco de lacração" -  (crédito: Geraldo Magela/Agência Senado  )
Marcos Rogério (PL-RO) afirmou que o objetivo da titular do ministério foi de fazer do parlamento um "palco de lacração" - (crédito: Geraldo Magela/Agência Senado )

Após ter pedido para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, “se colocar em seu lugar”, ao presidir a Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, na última terça-feira (27/5), em discussões voltadas para a liberação das obras na BR-319, que liga os estados do Amazonas, Roraima e Rondônia com o restante do país, o senador Marcos Rogério (PL-RO) afirmou que o objetivo da titular do ministério foi de fazer do parlamento um “palco de lacração”.

A informação consta na capa de um vídeo do político, divulgado nas redes sociais. Nas imagens, ele afirma que a ministra disse que foi vítima de preconceito, de misoginia, mas que nada disso aconteceu.

“Quando eu usei o termo ‘se ponha no seu lugar’, eu não fiz no intuito de diminuir a ministra, de desqualificar a ministra, mas de chamá-la ao papel que é próprio dela como ministra de Estado. Porque estava numa conduta que era impossível tocar os trabalhos da comissão de infraestrutura. Alterada, aos gritos, desrespeitando a fala dos senadores, ela não estava na comissão hoje desde o primeiro momento com uma conduta, com um comportamento de um agente público federal, que, diante de uma comissão do Senado Federal deve explicações”, disse Marcos Rogério que ainda usou trechos da audiência onde a ministra aparece abaixando uma de suas mãos durante um momento de discussão na mesa.

Assista ao vídeo:

O pano de fundo do conflito

Construída na década de 1970, a BR-319 tem cerca de 885 quilômetros e se tornou um elo crucial entre os estados do Amazonas, Roraima e Rondônia. Porém, com o ar dos anos e a falta de manutenção, a estrada tornou-se quase intransitável em seu trecho central, especialmente durante o período chuvoso.

A proposta de reconstrução e asfaltamento divide opiniões: de um lado, parlamentares e moradores da região clamam por infraestrutura e integração nacional; de outro, ambientalistas e o Ministério do Meio Ambiente alertam para os impactos irreversíveis sobre a floresta amazônica. A principal dificuldade enfrentada pelo projeto de asfaltamento está ligada ao licenciamento ambiental. O trecho mais crítico da BR-319 atravessa uma das áreas mais preservadas e sensíveis da Amazônia.

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Segundo Marina Silva, os estudos de impacto ambiental ainda são insuficientes para garantir que a obra não agravará o desmatamento e a grilagem de terras. Para a ministra, a região cortada pela rodovia abriga diversas unidades de conservação e territórios indígenas, cuja integridade deve ser protegida por lei.

Por Wal Lima
postado em 28/05/2025 14:35 / atualizado em 28/05/2025 14:45
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