Governo

Lula se desculpa por não convidar Nísia para relançamento de programa do SUS

Ao relançar programa da ex-ministra, que saiu do cargo após longa fritura, presidente diz ter por ela "um apreço muito grande"

Programa dos tempos da ex-ministra foi renomeado e relançado, mas presidente lamentou não tê-la chamado para participar do evento -  (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
Programa dos tempos da ex-ministra foi renomeado e relançado, mas presidente lamentou não tê-la chamado para participar do evento - (crédito: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu, ontem, que errou ao não convidar a ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, para o relançamento do programa destinado a reduzir a lista de espera por atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) — rebatizado de Agora Tem Especialista, substituindo o Mais o a Especialistas, lançado no ano ado, quando ela ainda estava à frente da pasta. O processo que culminou na saída da então ministra foi motivo de constrangimento e desgaste para o governo.

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Isso porque Nísia ou por um por um longo processo de "fritura" — supostamente, ela não atendia à classe política enquanto esteve à frente do ministério. Foi substituída por Alexandre Padilha, então na Secretaria de Relações Institucionais, sobre o qual também pesavam reclamações de congressistas a respeito da articulação política do governo. Inclusive, ele e o então presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não se falavam.

Com a troca de posições, Lula fez uma pequena reforma ministerial no sentido de abrir mais espaço para a negociação. Para o lugar de Padilha, trouxe a ex-presidente do PT, Gleisi Hoffman.

No sentido de amenizar a maneira como Nísia foi dispensada do Ministério da Saúde, Lula disse ter "um apreço muito grande" pela ex-ministra. "Dizer para a Nísia que foi um erro meu não pedir para convocar ela para estar aqui, no dia de hoje, porque seria um dia marcante também para ela. Eu tenho um apreço muito grande pela companheira Nísia, muito grande mesmo. E peço a Deus para que a gente consiga fazer com que esse programa funcione", disse.

O programa relançado inclui medidas para expandir o atendimento, como o credenciamento de mais hospitais e clínicas privadas para atender pelo SUS, além da ampliação da rede pública e o lançamento de 150 carretas que vão prestar atendimento móvel especializado, em todas as regiões do país. O lançamento foi no Palácio do Planalto, com a presença de Padilha, mas também contou com entregas em seis outras cidades, simultaneamente.

Maus tratos

Lula aproveitou para lembrar do tratamento que recebeu quando perdeu o dedo mínimo da mão direita, em um acidente de trabalho, em 1964, quando era metalúrgico. Comparou o o que teve, à época, trauma que ite trazer até hoje.

"Cheguei ao hospital cheio de graxa, às 6h da manhã. O médico resolveu dar anestesia e arrancou o dedinho. Acabou. Faz muita falta, vocês não sabem. No começo, tinha vergonha de não ter o dedo", comentou, acrescentando que soube, depois, que não seria necessário remover todo o dedo.

O presidente comparou esse atendimento, mais de 60 anos atrás, com o que recebeu, ao sentir-se mal, segunda-feira, antes de ser diagnosticado com labirintite. "Quando vai um cara que é presidente da República, ele (o médico) nem atende mais. Já manda para a máquina [para um exame mais detalhado]. Meia hora depois, tenho os resultados do exame no celular. Então, para quem pode, é muito fácil", observou.

Ele destacou que o problema da saúde pública, atualmente, é a "segunda consulta" — o acompanhamento do paciente, que pode demorar meses para ser marcado. Para o presidente, ainda são grandes as dificuldades para implementar mudanças na saúde para a melhoria de atendimento. Prova disso, segundo Lula, é o Mais Médicos, lançado por Dilma Rousseff em 2013, que sofreu vários ataques por conta da contratação de médicos cubanos, que se propunham a trabalhar em locais distantes dos grandes centros. Ele afirmou que o Agora Tem Especialista é um "sonho" que sempre teve e, por causa disso, cobrou dedicação de Padilha na condução do programa.

"Só vou te pedir uma coisa [Padilha]: não vamos deixar este programa falhar", exigiu. 

Reduzir as filas do SUS é uma das apostas do governo para aumentar a popularidade do presidente, que vem em trajetória de queda. Uma recente pesquisa, elaborada pela Atlas/Intel e divulgada quinta-feira, mostrou que a desaprovação de Lula atingiu o recorde de 53,7% em março — 3,6 pontos percentuais acima do valor registrado em março, antes da crise dos benefícios do INSS descontados irregularmente de aposentados e pensionistas.

 

 

postado em 31/05/2025 03:55
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