
A obesidade é uma doença crônica mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que acaba afetando também os animais. Segundo dados da pesquisa realizada pela Mars Petcare, 59% dos cães e 52% dos gatos no mundo sofrem com a obesidade. Por ser uma condição patológica multifatorial, não é causada por apenas um problema específico. Na maioria dos casos, uma rotina sedentária e uma alimentação desequilibrada proporcionada pelo tutor são as principais causas do problema.
Fatores genéticos e pets adultos e idosos também têm um peso nessa equação. De acordo com Kamila Jhoplin, médica veterinária pós-graduada em nutrição e endocrinologia, algumas raças são mais propensas a desenvolver obesidade, como pug, dachshund, cavalier king Charles e scottish terrier, de pequeno porte. De médio porte, incluem-se beagle, cocker spaniel e basset hound, e de grande porte, labrador retriever, collie, golden retriever e rottweiler. Os gatos de raças mistas apresentam maior probabilidade de desenvolver obesidade comparados aos de raças puras.
Segundo a veterinária, após a castração de cães e gatos, ocorrem alterações hormonais, como a redução na concentração de testosterona e estrogênio, que podem afetar o ganho de peso. Esses hormônios, quando desequilibrados, podem elevar o apetite do animal e diminuir a massa magra.
É o caso da Maggie, uma cadela de 7 anos. Seu tutor, Geancarlo Barbosa, conta que após a castração e uma cirurgia de retirada de hérnia, ela acabou ganhando alguns quilos e perdendo hábitos de exercícios que tinha antes. "Mudamos a ração e a quantidade oferecida, por indicação da veterinária. Já que ela não faz exercícios físicos constantes como antes, tivemos que recompensar na comida", explica o tutor.
Comer bem e gastar energia!
Assim como os humanos, cachorros e gatos podem ficar obesos por consumirem mais calorias do que gastam. Alguns hábitos alimentares, muitas vezes herdados dos tutores, acabam proporcionando uma alimentação inadequada, gerando o ganho de peso. Para Ingrid da Silva, médica veterinária, fornecer petiscos em excesso, como forma de recompensa, e ofertar muitas frutas achando que, por serem naturais, não vão interferir no ganho de peso são alguns dos erros mais comuns que os tutores cometem ao alimentar o pet. "Fornecer alimentação com o mesmo preparo da família e até mesmo ofertar restos de comida pode aumentar o risco de obesidade", afirma.
O recomendado é estabelecer horários fixos para alimentação, evitar deixar comida disponível o tempo todo e consultar um veterinário para definir a quantidade e a possível troca do tipo de ração, para uma de qualidade superior ou, em certos casos, para a versão light. Se necessário, o profissional pode prescrever uma dieta para o bichinho. Todas as alterações devem estar de acordo com o estilo de vida do dono e do animal.
Movimentar-se é importante tanto para os cães quanto para os gatos, para um aumento do gasto calórico e, consequentemente, a perda de peso. Estimular o pet a praticar atividades, aumentando a intensidade de forma gradual conforme a adaptação dele aos exercícios, é fundamental. Para cães, uma opção seria aumentar a frequência e a duração dos eios diários e das brincadeiras que estimulem a corrida para a busca de objetos. Para gatos, incentivar o movimento com brinquedos interativos, arranhadores e brincadeiras que estimulem a caça com bolas, varinhas, penas ou luzes.
Riscos
A obesidade é um fator de risco que desencadeia diversas outras patologias, principalmente as cardiovasculares, alterações endócrinas, problemas dermatológicos, respiratórios e articulares, por conta da carga excessiva do corpo. As implicações da obesidade, segundo Kamila Jhoplin, são: intolerância à glicose, risco aumentado de agravamento da diabetes, hipertrigliceridemia, lipidose hepática em gatos, insuficiência cardíaca congestiva, aumento do risco de neoplasias e pancreatite.
Nem sempre é fácil perceber quando um animal de estimação está acima do peso, especialmente em raças que naturalmente têm um porte maior e uma pelagem característica. Uma boa forma é se atentar se o pet realiza certos movimentos de forma mais lenta, apresenta indisposição para correr, sente dificuldade para se locomover ou levantar e se apresenta dificuldade respiratória.
Apenas o peso corporal não deve ser considerado como um indicador de sobrepeso na composição animal, mas deve ser observado e manipulado de acordo com a grande variação entre raças, faixas etárias e sexo, já que ele, por si só, não avalia a massa de tecido adiposo ou massa muscular.
Um método muito utilizado pelos profissionais é o Escore de Condição Corporal (ECC), que avalia as características físicas com base na anamnese e na palpação da camada de gordura corporal. O teste utiliza uma escala de 1 a 9, em que de 1 a 3, o pet está abaixo do peso normal — as costelas, os ossos do quadril e as vértebras ficam bem aparentes. De 4 a 6 é o peso ideal e de 7 a 9, o animal encontra-se acima do peso, com costelas, ossos e vértebras pouco visíveis e dificuldade de senti-las na palpação.
Apesar de ser uma escala simples, o ideal é procurar um veterinário para que ele possa realizar um diagnóstico preciso por meio de exames e técnicas específicas para cada caso e raça.
Tem tratamento?
Felizmente, é possível combater a obesidade e garantir mais saúde e bem-estar ao animal com uma mudança no estilo de vida. A conscientização e a paciência dos tutores são fundamentais durante o tratamento, já que, de acordo com a veterinária Ingrid da Silva, a perda de peso provém da constância e se dá de maneira gradativa.
-Controle a alimentação.
-Aumente e estimule um maior gasto de energia.
-Faça check-ups regulares para monitorar a saúde do pet.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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