O processo tem rendido uma taxa de reciclagem de 97,5% dos restos de comida (cerca de 4,44 milhões de toneladas por ano são reaproveitadas).
Essa conquista foi possível graças a políticas públicas rigorosas, como a proibição do descarte de restos de comida em aterros sanitários em 2005.
Em 2013, foi implementado um sistema de pagamento baseado no peso dos resíduos alimentares descartados.
Quem não faz o descarte correto dos restos de alimentos, recebe uma multa.
O sistema representa um desafio cultural em um país onde o desperdício de comida é comum devido a práticas como o 'banchan' (acompanhamentos variados nas refeições).
O sistema de reciclagem inclui três métodos principais: o uso de bolsas amarelas de três litros, que custam cerca de 300 wons (aproximadamente R$1,20). Elas são deixadas na rua e recolhidas pelo serviço municipal;
Máquinas de identificação em blocos de apartamentos, que pesam os resíduos e deduzem o valor correspondente do cartão de residência do usuário;
Por último, adesivos pré-pagos para restaurantes, que indicam que o pagamento pela coleta já foi realizado.
Para garantir o cumprimento das normas de reciclagem de resíduos, são aplicadas multas que podem ultraar o valor de R$ 370.
Nos restaurantes, as autoridades utilizam câmeras, e as multas podem exceder 10 milhões de wons (cerca de R$14.300) se forem detectadas irregularidades, como o descarte de menos resíduos do que o esperado.
No entanto, especialistas como Rosa Rolle, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês), alertam que o modelo sul-coreano pode não ser adequado para todos os países.
Na América Latina, por exemplo, a prioridade é reduzir o desperdício de alimentos e promover a doação de excedentes, com soluções baseadas em dados e adaptadas ao contexto local.
'As soluções devem se basear em evidências científicas e ser apropriadas ao contexto. Não existe uma solução única que funcione para todos', disse ela, em entrevista para a BBC.
Em outros lugares, como no México, implementar um sistema semelhante exigiria mudanças culturais e financeiras, considerando o salário médio e os custos associados à reciclagem.
Inclusive, iniciativas locais, como 'No México, a comida não se joga fora', buscam conscientizar a população sobre o desperdÃcio de alimentos por meio de receitas e dicas.
Dados de 2019 mostram que a América Latina gerou cerca de 931 milhões de toneladas de resÃduos alimentares, sendo 61% provenientes de lares, 26% de serviços de alimentação e 13% do comércio varejista.
Na França, desde o inÃcio de 2024, pessoas e empresas resÃduos alimentares corretamente em pontos da cidade a fim de transformar esse material em biogás ou composto para substituir fertilizantes quÃmicos.
Na Alemanha, existem bancos de alimentos que recolhem restos de comida com o intuito de distribuir para pessoas carentes ou em situação de rua.
No Reino Unido, o FareShare é uma rede composta por 18 organizações que rea comida excedente para ONGs e grupos comunitários.
Além desses, outros países como os Estados Unidos, Itália e Dinamarca também possuem sistemas de reciclagem de resíduos alimentares.