A perícia será feita após fiéis se revoltarem ao notar diferenças na imagem depois da realização de uma restauração.
A santa fica exposta na igreja matriz Nossa Senhora do Rosário, no centro histórico de Pirenópolis, cidade com pouco mais de 25 mil habitantes, segundo dados do IBGE.
A Diocese de Anápolis, que istra as igrejas de Pirenópolis, informou ao portal G1 que a imagem da santa estará à disposição do Iphan para as necessárias averiguações técnicas.
“Enviamos um ofício ao padre da paróquia e ao bispo para eles explicarem os fatos. A gente já viu pelas fotografias que realmente houve um dano”, declarou a chefe substituta do escritório do Iphan, em entrevista à TV Anhanguera, afiliada da Globo na região.
A igreja de Pirenópolis e seu acervo são tombados individualmente pelo Iphan, e o órgão informou que não autorizou a intervenção na imagem.
“Ressaltamos que foi solicitado esclarecimento, no prazo de 15 dias, aos seus gestores quanto à intervenção não autorizada na imagem, realizada sem acompanhamento de técnico restaurador habilitado”, explicou o órgão federal por meio de nota.
Em ofício à Diocese de Anápolis, o Iphan declarou que a restauradora do orgão, Virgínia Conrad Lopes da Silva, não foi informada da necessidade de restaurar a imagem quando esteve na igreja, em março.
O Iphan deu 15 dias para a Diocese esclarecer o porquê de ter feito a reforma sem autorização e sem a presença de um técnico habilitado.
O instituto também solicitou um cronograma de ações para que a imagem seja recuperada e volte a ter as características originais.
“A diocese reafirma seu fiel compromisso com a preservação do patrimônio histórico, artístico e religiosa, consciente de sua importância cultural e espiritual para as comunidades locais e para toda a sociedade”, declarou em comunicado a Diocese de Anápolis
“A Diocese de Anápolis coloca-se à disposição para colaborar com os órgãos responsáveis e reforça seu compromisso na promoção do cuidado e da valorização do patrimônio histórico-religioso, fundamental para a cultura e a fé”, encerra o texto.
A imagem de Nossa Senhora das Dores data do século 18 e tem como principal marca a expressão desolada, de imensa tristeza.
Entre as descaracterizações notadas pelos fiéis após a restauração está um tom avermelhado nas bochechas, que não estava presente anteriormente.
Além disso, as lágrimas no rosto da santa eram mais fortes, escuras, e as sobrancelhas tinham uma curvatura maior, representando o sofrimento de Nossa Senhora ao testemunhar o corpo de Jesus Cristo, seu filho, após a sua crucificação.
As mãos da santa também mudaram de tom após a intervenção, ficando mais claras após a intervenção.
Os fiéis ficaram incomodados ao notar tons de maquiagem na santa, com as lágrimas e expressões atenuadas, e denunciaram as alterações ao Iphan.
Nas redes sociais, pessoas também expressaram sua perplexidade com as diferenças entre a imagem antes e depois da reforma.
â??Ela foi trocada, não? Levaram a original e deixaram uma falsaâ?, declarou um internauta. â??De quem foi a responsabilidade de entregar a Nossa Senhora para restaurar? Quem foi o responsável por isso?â?, perguntou outra.