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Ousadia e profissionalismo: Mestre Ciça será enredo da Viradouro em 2026


Com a apresentação de um vídeo emocionante em sua quadra, a Viradouro anunciou que mestre Ciça será seu enredo para o Carnaval 2026. Ainda em atividade à frente da 'Furacão Vermelho e Branco', o tradicional e carismático mestre de bateria não conteve as lágrimas.

Por Flipar
Reprodução do Instagram @mestrecicaoficial

A direção da tradicional escola de Niterói fez questão de esconder a sete chaves o enredo e surpreendeu o mundo do carnaval. Tanto que mestre Ciça não sabia e foi pego de surpresa, assim como a comunidade que compareceu em massa na quadra.

Mestre Ciça, será o enredo da Viradouro em 2026 - Reprodução do Instagram @mestrecicaoficial

'Me pegaram de surpresa. Estou até agora meio tonto, mas feliz. A ficha está caindo devagar. Foi uma emoção muito grande e a recepção na quadra foi uma coisa surreal', afirmou Ciça.

Reprodução do Instagram @mestrecicaoficial

'Lógico que os campeonatos são importantes, mas o maior troféu que ganhei na minha vida foi naquela quadra, com todo mundo emocionado, a aceitação do enredo. A Viradouro fez um golaço, minha homenagem em vida', completou.

Reprodução do Instagram @unidosdoviradouro

“Sempre brinquei com o Tarcísio (Zanon, carnavalesco) no barracão. Desde o ano ado, com aquelas piadinhas: ‘Você rende um enredo, hein?’. Era uma brincadeira, mas virou realidade. E eu atuando como mestre de bateria… isso não tem preço. É a minha família”, frisou.

Montagem com Reprodução do Instagram @unidosdoviradouro

Desse modo, a homenagem acontece em um momento simbólico. Em 2026, Ciça completa 70 anos de vida e 36 como mestre de bateria. A Viradouro, por sinal, completará 80 anos de fundação no próximo ano e pretende brindar sua comunidade com um desfile emocionante.

Flickr Rio Carnaval

Moacyr da Silva Pinto, o Ciça, começou no carnaval na década de 1970 no bairro do Estádio, no Rio de Janeiro. Seu pai organizava bailes para crianças, na parte da tarde, pelo bairro, sempre usando a Unidos de São Carlos (escola mãe) como referência.

Reprodução do Instagram @mestrecicaoficial

A principal referência de seu início de carreira foi seu irmão mais velho, Belôba, que também tem tino para a música, sendo compositor e companheiro de vida. Possui 28 músicas em 9 discos, colaborações com artistas como Zeca Pagodinho e Beth Carvalho.

Reprodução do Youtube

'Me considero uma pessoa de bem, me preocupo com as pessoas, com os ritmistas. Isso não pode faltar, porque é o ser humano que fica. Costumo dizer que não faço mal a ninguém', frisou Ciça.

Reprodução do Instagram @unidosdoviradouro

Na Unidos de São Carlos, ingressou como ista em 1971, no enredo 'Brasil Turístico', dos carnavalescos José Coelho e Jorge Macadame. Os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, na época, aconteciam na Avenida Presidente Vargas.

Reprodução do Instagram @unidosdoviradouro

Além disso, Ciça foi mestre-sala e de um bloco chamado 'Os Peninhas', também na Estácio, bem próximo do Bafo da Onça. Foi mestre de bateria do bloco Mocidade Unida do Estácio de Sá em 1976, e adorava o famoso banho de mar à fantasia.

Reprodução do Instagram @mestrecicaoficial

No mesmo ano, ingressou na bateria da Unidos de São Carlos como marcador de segunda. Anos depois, por pedido da esposa, se afastou por um tempo, mas retornou ao carnaval nos anos de 1980, como ritmista, quando a escola já tinha se tornado Estácio de Sá.

Reprodução do Youtube

No início, Ciça, que era mecânico de automóveis na época, não tinha pretensão de ser mestre de bateria. Contudo, conquistou o cargo logo após o carnaval de 1988, para o desfile do ano seguinte, no enredo 'Um, Dois, Feijão com Arroz', de Rosa Magalhães.

Rio Carnaval/Eduardo Hollanda

O atual mestre de bateria ou mal e pediu ajuda a Ciça, que pegou o apito e tomou conta dos ritmistas em uma semifinal de samba-enredo. Ele, então, encantou a direção da escola e a partir dessa época não parou mais e segue em atividade.

Flickr Manchete Online

Um dos maiores momentos de mestre Ciça na Sapucaí foi no Carnaval de 1992. Afinal, a Estácio de Sá se sagrou campeã com o enredo 'Paulicéia Desvairada - 70 Anos de Modernismo no Brasil' Um memorável desfile sobre o modernismo no Brasil e os setenta anos da Semana de Arte Moderna de 1922.

Wikimedia Commons/Armando Borges

Ciça, então, permaneceu à frente da bateria da Estácio de Sá até 1997 e, dois anos antes, a escola teve um enredo sobre o centenário do Flamengo. Em 1998, foi mestre na Unidos da Tijuca, que levou um enredo sobre o centenário do Vasco, seu time do coração.

Reprodução do Youtube

Em 1999, iniciou sua relação de amor com a Unidos do Viradouro e reencontrou o intérprete Dominguinhos do Estácio. Na ocasião, a agremiação vivia o melhor momento de sua história e havia conquistado o título inédito em 1997, com o carnavalesco Joãosinho Trinta.

Reprodução do Instagram @unidosdoviradouro

A estreia foi com um enredo sobre a revolucionária Anita Garibaldi. Na escola de Niterói, se destacou pela ousadia e profissionalismo, com paradinhas, bossas marcantes e coreografias (ritmistas de joelhos, abertura da bateria, etc.)

Divulgação

Nos dez anos de sua primeira agem pela Viradouro, teve excelente relação com rainhas de bateria como Luma de Oliveira e Juliana Paes. Nesses mais de 35 anos de carreira, teve rainhas como Monique Evans, Camila Pitanga, Luciana Sargentelli, Paolla Oliveira, Erika Januza, etc.

Reprodução do Instagram @mestrecicaoficial

No carnaval de 2007, o carnaval viveu um dos ápices da ousadia de mestre Ciça. Com o enredo sobre jogos, do carnavalesco Paulo Barros, os ritmistas da Viradouro subiram no carro alegórico, representando peças de xadrez.

Wigder Frota/Wikimédia Commons

O mestre esteve, em 2010, à frente da bateria da Grande Rio, onde inovou com a paradinha mais longa apresentada até o momento na Sapucaí. Ficou na escola de Caxias até 2014 e depois ingressou na União da Ilha, com seu apelido 'Caveira'.

Reprodução do Youtube Canal Vai Grande Rio

Em 2017, ganhou o Estandarte de Ouro à frente da bateria da União da Ilha. Mas a partir de 2019, retornou à Viradouro, que ou por uma reestruturação com Marcelo e Marcelinho Cali e retornou à elite do carnaval carioca depois de anos de dificuldades.

Reprodução do Facebook Mestre Ciça Oficial.

A escola foi vice-campeã em 2019 e no ano seguinte voltou a vencer o Carnaval Carioca depois de 23 anos, com o enredo 'Viradouro de alma lavada', sobre as Ganhadeiras de Itapuã. Ciça colocou atabaques no meio da bateria, sobretudo no refrão 'ensaboa, mãe'.

Divulgação

Depois da pandemia, a agremiação ficou em terceiro em 2022 e teve mais um vice no ano seguinte, com um carnaval sobre Rosa Egipcíaca. Em 2024, a conquista de mais um título, com o enredo 'Arroboboi, Dangbé', e um ótimo desempenho de Ciça. 

Reprodução do Instagram @unidosdoviradouro

Depois de um quarto lugar, com o enredo sobre Malunguinho, a Viradouro irá homenagear um dos mestres de bateria mais carismáticos do carnaval. Uma ideia ousada, pois Ciça ainda está em atividade e defenderá seu quesito durante a homenagem.

Rio Carnaval/Dhavid Normando

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